O Último Dia

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Capítulo 10

O Último Dia

Fatou... Me ajude a salvar vidas.

          Salvar vidas... Talvez foi isso que me confundiu todo esse tempo. Quais vidas Hauser desejava salvar?

          Sabe... É correto julgar uma pessoa que comete um crime sem más intenções?

          Como podemos compreender as intenções de uma pessoa? Estaria ele dizendo que poderíamos cometer crimes ao sermos manipulados pelo destino? Poderíamos ser simples peões neste jogo macabro?

          Não. Estava tudo debaixo do meu nariz desde o início.

          Por isso entenda, eu sou um aliado da justiça.

          Fui enganado desde o início. Quem iria se intitular de "aliado da justiça"? Por que ele tentou me convencer tão ferozmente?

          Nós devíamos tomar cuidado daqui pra frente. O detetive já tinha avisado naquele dia e a gente não acreditou.

          Aleksandr havia me avisado e acabei ignorando o que ele realmente queria dizer. "Naquele dia"? Hauser já estava na escola antes disso tudo acontecer.

          Nos dias que você faltou, Hauser veio nos avisar sobre a situação pedindo cuidado de ambos os alunos e professores.

          Fui avisado até mesmo por Amós. Hauser já estava rondando próximo da escola há algum tempo. Coincidentemente, foi ao mesmo tempo que Julia. As provas que Amós recolheu não incriminavam Julia, elas incriminavam Hauser, mas nem mesmo Amós percebeu isso.

          O fato é: Ele só pode ter se infiltrado na escola há pouco tempo. No mínimo desde que as aulas voltaram, duas semanas atrás.

          Cada vez que eu imaginava como tudo passou por mim sem que eu ao menos tivesse desconfiado... Eu gostaria de desaparecer. Quando deletei as mensagens no sétimo dia demonstrei minha ignorância, minha ingenuidade. Não saber o que ocorreu na semana em que eu faltei fez com que, nesse momento, eu estivesse prestes a ser morto. Desde o início, não havia chances de fugir de minha morte.

          Você pode desejar que todos saiam de mão dadas daqui, mas nosso mundo não vai deixar que isso aconteça...

          Tudo que Hauser me falou naquele momento começou a se encaixar. Ele falava sobre fractais, sobre atractores, sobre assassinatos e sobre os Agentes. Falava sobre tudo sem nem mesmo levantar a mínima suspeita.

          Como eu sou ingênuo.

Décimo Segundo Dia

          O sorriso na face de Hauser misturado ao brilho metálico da faca em sua mão criaram um aterrorizante clima em todo o ambiente. Eu queria correr o mais longe que podia, mas... Mas eu não podia, não depois de tudo. De repente, pensei no que fiz para Julia à tarde... Quão idiota eu sou? Talvez eu merecesse morrer, afinal.

          Exatamente. Esse será o preço das respostas que eu tanto desejo.

          — Por quê?

          Hauser sorriu com a pergunta. A faca ainda chamava minha atenção mais do que a expressão dele.

          — Quanto tempo ainda temos? — ele perguntou. Como eu imaginava, ele não me matará até que a semana acabe de fato. Minha vida está por um fio, um fio que arrebentará em poucas horas.

A Borboleta na TormentaOnde histórias criam vida. Descubra agora