Ao expor minhas opiniões sobre conteúdos bíblicos comparando-os com a realidade histórica, lógica, científica, apresentando fatos, alguns religiosos se apressam a me perguntar: "E se você estiver errado?"
Veja que este questionamento tem um fundo irônico, intimidatório, pois, para a imensa maioria, com base em seus livros sagrados, quem duvidar do que ali está escrito seu deus não perdoará. A finalidade é assombrar quem pensa diferente do que eles querem ao tempo que impõe breque aos ouvintes para impedi-los de raciocinar sobre o que é inegável.
Então, replico: "E se eles estiverem errados?"
Ora, se eles estiverem errados não há problema algum! Porque ninguém jamais será punido [por um deus] por não acreditar nas coisas, ou melhor, nas lendas e dogmas estabelecidos por religião. Mas de uma coisa eu tenho plena certeza: tem muita gente por aí no meio religioso sendo enganada, isso sim, tem! Vamos entender o porquê.
Ao oeste da Mesopotâmia, na costa do Mediterrâneo, que, mais tarde, ficou conhecida como Levante: Síria-Palestina ou Canaã, por volta de 1600 AEC, várias tribos semitas ali floresciam. Entre estes podemos citar os Cananeus, os Fenícios e os Hebreus.
Uma parte deste último, mais conhecidos por israelitas, estabeleceu sua monarquia, segundo a tradição, por volta de 1030 daquela era. Em pouco mais de 100 anos de existência já estava dividida: Israel, ao norte, formada por 10 tribos, e Judá, ao sul, com duas. Esta última era o centro político religioso do reino unificado.
Como todos os povos antigos criaram seus mitos e lendas para explicar as coisas, com o hebreu não foi diferente. Porém este foi bem além: inventou histórias extremamente fantasiosas e ameaçadoras sobre o seu passado e com elas foi capaz de enganar muita gente, principalmente hoje. Ou seja, a história contada pelo povo hebreu que retrata o período anterior ao século VIII AEC é meramente ilusória, fictícia, equivocada, facilmente contestada pela arqueologia local, pela história, inclusive por inúmeras contradições encontradas na própria bíblia.
Isso só é naturalmente percebido ao estudarmos os acontecimentos da região a partir deste último período, quando a realidade daquele povo é outra. Quero dizer, quando as suas lendas são postas a prova e as consequências, por nelas acreditar, foram devastadoras para aquele povo e ainda são para quem continua pensando o mesmo. E foi através destas que imperadores sanguinários e religiosos inescrupulosos e gananciosos encontraram a fórmula perfeita para enganar a humanidade e continuar a dominação em voga.
Pela própria narrativa bíblica nota-se que os hebreus, sobretudo israelitas e judeus, nunca foram uma unidade política ou religiosa sólida. Sempre havia deserções em buscas de alternativas [deuses] que, daí, vem a preocupação constante claramente exposta em suas narrativas, do deus extremamente ciumento que punia os desobedientes, isto é, os que deixavam de crer ou duvidavam do que ele [sacerdotes e escribas] estabeleceu, com a morte. Isso preocupava tanto que o mesmo, em seus mandamentos, determinava expressamente que seus escolhidos deveriam amar [aceitar] irrestritamente somente a ele; que destruíssem altares de outros deuses em toda a terra e proibia-os de manter relações amistosas com outros povos, os quais deveriam ser eliminados da terra que habitassem, a qual seria dada exclusivamente para eles.
Todas essas ideias foram montadas com base em um deus terreno, presente, ciumento, inseguro, ao lado de um povo por ele escolhido; de uma gente que se apresenta como imbatível, capaz de ganhar qualquer guerra, sem muitos esforços, sempre auxiliado e amparado por ele; de uma "raça" que se acha especial e no direito de matar, roubar, tomar territórios e justificar suas atrocidades como sendo ordens divinas, permissão e querer do deus de seus antepassados.
Isto é, afirmava-se que o deus lhe prometia dar terras, porém para isso se cumprir aquele povo tinha que toma-la na marra, pela força, matando, destruindo, coisa que até hoje fazem.
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Muralhas da Consciência
SpiritualE se tudo aquilo em que você acredita fosse baseado em mentiras? E se o Jesus da bíblia não existisse de verdade? E se o "Deus" bíblico fosse uma invenção humana para atender às vontades de "profetas" interessados no poder e na riqueza material? ...