Já apontamos anteriormente que os assideus foram os primeiros hebreus a aderir e reinventar a crença em um salvador celeste para destruir o mal, garantindo que este seria o responsável por uma guerra de fim dos tempos. Alguém capaz de restaurar o reino dos ditos eleitos de Israel, depois de destruir todos que não cumprissem ou recusassem as leis mosaicas. São crendices readaptadas principalmente do Mazdaismo persa, religião reformada por Zaratustra ou Zoroastro [628 – 551 AEC] transformando-a no zoroastrismo, com sua dualidade bem e mal, luz e trevas em duelo constante, que vai modificar o pensamento judaico, mais tarde absorvido pelo cristianismo e islamismo.
Em seu livro, Zend Avesta, entre outros pontos, nega-se a prática mágica, refuta-se adoração a várias divindades. Ou seja, o zoroastrismo era monoteísta, porém não aceitava sacrifícios envolvendo o uso de sangue como nas crendices dos judeus. Naquela crença, também se pregava que cada indivíduo poderia seguir um dos dois caminhos oferecidos por Ahura Mazda [deus, o bem] e Arimã [o mal]. Era a sua regra de ouro: "Age como gostarias que agissem contigo."
Proferiam que o compromisso com a verdade e o amor ao próximo garantiria ao homem uma vida eterna no paraíso. A ressurreição dos mortos, o juízo final, um salvador de gente no fim dos tempos, neste caso o retorno de Zoroastro, já que não se cumpriu naquele tempo o que o mesmo previa e também posteriormente, eram os seus fundamentos principais.
Era bem diferente, é claro, do que pregam os grupos religiosos com origem hebreia. Para este [e quem cultua seu deus] o que garante uma vida melhor, a sua atenção, um céu ou paraíso é o indivíduo aceitar o deus por eles inventado como sendo o único e amá-lo irrestritamente. As oferendas, seja em sangue e animais queimados, seja em metais valiosos e dinheiro, também não pode faltar. Sem barganha, nada feito!
Do assideismo surgiu a corrente dos essênios, em meados do século II AEC, composto por um grupo de celibatários, ultraconservadores que continuou empunhando a bandeira escatológica, com o seu "mestre da justiça", um sacerdote dissidente do templo de Jerusalém que se colocava como sendo ele o último enviado do deus hebreu para guiar os "eleitos de Israel" na guerra do tempo final; e que consequentemente herdariam um paraíso definitivo. Com a morte de seu mestre, alguém bem parecido com Zoroastro do Mazdeismo, o essenismo sofreu modificações, reformas, já que o tão sonhado fim dos tempos não chegava, nem também aquele líder religioso seria o que realmente afirmava. Nada diferente, neste sentido, do que pregava o zoroastrismo persa.
No judaísmo, melhor dizendo, nas crendices de origens hebreias [porque o judaísmo é apenas uma de suas ramificações que surgiu entre os séculos I e II], alguns personagens foram aceitos como enviados do deus daquele povo para salvá-lo. Porém é interessante ressaltar que todos eles, sejam religiosos ou não, alguns formando seus rebanhos para guerras escatológicas ou simplesmente liderando-os em conflitos por razões econômicas, sociais, "bateram as botas". O que eles deixaram concretamente foram suas seitas religiosas, muito mais divisão e discórdia entre os homens.
Mas por que não tiveram êxito em sua dita missão, já que se diziam ser enviado de um deus, inclusive Jesus? Ora, por dois motivos bem simples e óbvios.
Primeiro, porque toda essa ideia de um salvador para o povo enviado por um deus não passa de invenção da própria imaginação e ignorância religiosa que tem por objetivo único dominar e manter sempre o homem em seu cabresto. E para isso, portanto, sempre inventa suas mentiras, construídas em cima de ídolos mortos, sustentadas em supostos milagres, em substituição às lendas das matanças de antes, para facilitar a dominação. Depois que morria o "salvador" era criado em torno do mesmo a imagem de santo ou deus que o povo rejeitou.
Segundo, porque não existe essa de vir à Terra um boníssimo e poderosíssimo homem, deus [um filho seu] ou seja lá quem for, matar gente ou até mesmo fazer "milagres" e viver eternamente no corpo físico como acham, pregam e esperam a maioria dos que se alimentam disso. Ou se alguém preferir assim, como afirma as chamadas escrituras, seu deus.
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Muralhas da Consciência
EspiritualE se tudo aquilo em que você acredita fosse baseado em mentiras? E se o Jesus da bíblia não existisse de verdade? E se o "Deus" bíblico fosse uma invenção humana para atender às vontades de "profetas" interessados no poder e na riqueza material? ...