Capitulo 1 - Depois do treino vem o melhor

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É segunda-feira, a directora da universidade chamou a equipa de Rugby à direcção, o discurso incentivou as outras, mas eu já estava com muita auto-estima nesta altura, eu treino todos os dias, e elas iriam começar a fazer o mesmo, quer faça chuva quer faça sol, nós tínhamos de vencer o torneio, por mim, pela escola e por todas nós.

Para termos um bom começo, convidei-as para hoje irmos a uma discoteca para libertarmos as más energias, todas concordaram, elas sempre concordavam comigo, por vezes eu pensava se era demasiado autoritária com elas, eu adoro-as e não gostava que elas me vissem sempre como a ‘bad girl’ à qual têm de obedecer sempre, ao total éramos 15, para mim era estranho sempre tantas pessoas estarem de acordo, mas afinal, elas é que sabem.

Acabamos por não ir para uma discoteca, mas sim para um bar onde estava a actuar um banda, as minhas amigas tinham ouvido maravilhas da banda, ao entrar no bar percebi logo o motivo de tantos elogios à banda que eu nem sequer conhecia, o vocalista era lindo de morrer apesar de ser baixo, eu esquecia-me que qualquer pessoa ao pé de mim era baixa, mas mesmo assim para ele eu poderia a abrir uma excepção, as coisas na horizontal iam todas dar ao mesmo, ele era mesmo giro, os outros três elementos também eram bonitos, mas aqueles olhos azuis deixaram-me doida, estava disposta a ir pedir-lhe um autografo no final da noite. Como tive que esperar por esse momento, fui bebendo e dançando para o tempo passar mais depressa.

No final da actuação, os rapazes da banda misturaram-se com as pessoas do bar, ser alta estava a ser uma vantagem, consegui ver logo onde é que ele estava, vasculhei a minha carteira e peguei numa caneta.

-Olá podes me dar um autógrafo? – Perguntei bastante sorridente.

-Olá! É claro onde queres? – Neste momento lembro-me que me esqueci da minha agenda, e decido voltar para trás sem lhe dizer nada.

-Onde pensas que vais? – Ele agarra-me no pulso, a sua força foi inútil, eu continuei a andar e ele segui-me.

-Na minha agenda, querias autografar onde? ­ – Pergunto enquanto retirava o meu pequeno livro da carteira.

-Eu preferia escrever aqui. – Ele aponta para o topo o meu seio direito, a minha boca abre automaticamente, se fosse numa situação normal, aquela besta teria levado um soco, mas eu não fui capaz, deveria ser efeito do álcool em mim a tornar-me mais calma, ainda por cima ele era mais baixo que eu, o que lhe dava uma visão privilegiada para os meus seios.

-Acalma as hormonas rapaz!

-Como é que te chamas?

-Bella!

-Ok Bella, fica sabendo que és muito linda! – Ele entrega-me a agenda fechada e vai-se embora, eu sinto uma chapada no meu rabo e fico escandalizada, eu não conhecia aquele idiota e já ele já se estava a esticar, o que vale é que eu só iria vê-lo outra vez se quisesse, era só pesquisar onde seriam os seus próximos concertos.

Já era de madrugada quando cheguei a casa, tentei não fazer barulho ao abrir a porta principal, mas a minha mãe deu logo conta quando eu cheguei ao meu quarto, ela veio ter comigo a perguntar se estava a bêbeda e se a noite tinha corrido bem, eu disse-lhe para se sentar no cadeirão do meu quarto enquanto eu me despia e lhe contava o meu dia, deitei-me já passavam das três da manhã, eu não deveria fazer este tipo de noitadas durante a semana, não agora com o torneio à porta, mas foi uma vez sem exemplo, assim como aquilo que aconteceu com o vocalista da banda, ao lembrar-me dele, levantei-me da cama e fui ver o que ele tinha escrito na minha agenda:

‘Oi Bella, és a rapariga mais linda e mais alta que já conheci, beijos do Louis!’

O meu coração acelerou ao ler a sua mensagem e eu pensei “mas que merda é esta? Coração, meu lindo, acalma-te”, não sei qual foi a razão mas adormeci com a agenda ao lado da minha almofada, durante a noite sonhei com aqueles olhos azuis, agora sim, já sabia o nome do dono deles, mas eu não deveria estar muito preocupada com isso.

A terça-feira pareceu-me uma interinidade, as poucas horas de sono juntamente com a ressaca com que estava ajudaram a que o tempo parasse cada vez que entrava numa sala de aulas, para acabar com este tédio na última aula do dia utilizei o telemóvel para ir pesquisar sobre a banda do Louis, chamava-se “The Rogue”, eles tinham um concerto no dia do treino obrigatório, logo eu iria estar cansada para ir, por isso esqueci logo a ideia, as sextas-feiras eram sagradas para a equipa, todas tinham de ir, caso não acontecesse, um sermão do treinador vinha a caminho, e os sermões dele não eram nada agradáveis de se ouvir, nem de se ver.

Eu pensei que este fascínio pelo Louis passasse durante a semana, afinal eu não o conhecia, mas na sexta-feira eu não resisti e mesmo cansada eu tinha de ir ao concerto dele, tomei um banho rápido, estiquei o cabelo, vesti um vestido preto justo e meti batom vermelho, estava pronta para a noite. Convidei a Jacinta, uma das minhas companheiras de equipa para ir comigo, eu sempre me dei bem com ela e eu gostava dela por ser das poucas com uma personalidade bem definida.

Quando chegamos ao bar onde o concerto já tinha dado início, eu fiquei nervosa quando nos aproximamos da entrada, consegui ouvir a sua voz a acompanhar os acordes da guitarra, ao ouvi-lo relaxei instantaneamente, entrei com um ar confiante no bar, eu e a Jacinta sentamo-nos nos bancos do balcão que nos davam uma melhor visão para o palco, os meus olhos focaram-se no Louis, só nele, momentos depois o meu olhar encontra o dele, ele solta um sorriso maravilhoso para mim e de seguida faz uma careta com a língua, eu retribuo com outra careta idêntica. O Louis passou o resto da actuação a sorrir e de vez em quando o seu olhar cruzava-se com o meu, o que me fazia sentir calores, na tentativa de acalmar esses calores voltei a abusar na bebida, eu não podia embebedar-me cada vez que o fosse ver, iria desgraçar a minha vida.

No fim do concerto o Louis dirige-se automaticamente para mim com um olhar confiante, o que levou a Jacinta a despedir-se de mim e a deixar-me sozinha com ele, tecnicamente eu não estava sozinha, mas para mim era como se estivesse.

- É bom, muito bom ver-te de novo! – Exclamou ele quando me viu, se seguida espetou-me um beijo na bochecha e soprou para o meu pescoço afastando alguns fios de cabelo, vi-me obrigada a suspirar.

-Sim, é bom voltar a ver-te também! – Sorri, os meus dentes brancos faziam um contraste espantoso com o vermelho dos meus lábios carnudos.   

-Estás perfeita! – Eu corei com o seu comentário, parecia uma criança; eu já tinha 19 anos, estava na universidade, já devia saber controlar as minhas hormonas...

-Obrigada!

O Louis puxou-me pelo pulso através das pessoas presentes no bar e levou-me para um corredor que provavelmente iria dar a uns armazéns, ele encostou-me contra a parede, eu sentia a sua respiração quente e rápida no meu queixo e no meu pescoço, os meus pulsos estavam a ser esmagados contra a parede, porque eu deixei, estava a gostar da sensação de alguém pela primeira vez se impor a mim.

-O que estás a tentar fazer? – Perguntei quando o silêncio me começou a enervar.

-Não sei! Tu deixas-me descontrolado, não parei de pensar em ti a semana toda! – Ele passa a mão pelo meu cabelo liso.

-Tu também não me sais da cabeça, que merda é esta? – Abanei a cabeça na tentativa de afastar os meus pensamentos sobre ele, mas eles estava a poucos centímetros de mim.

-Não sei, mas eu gostava de desfrutar do que está a acontecer. – Nesse momento tive que me fazer de difícil, empurrei-o para o outro lado do corredor, e sussurrei-lhe ao ouvido onde seria o primeiro jogo do torneio e as horas, de seguida dei-lhe um beijo na bochecha que ficou marcada com os meus lábios; tomei a decisão de o abandonar no corredor.

Fui para minha casa a pensar que da próxima vez que o visse íamos estar com as posições trocadas, era ele que me ia ver a jogar; se ele for.

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