Capítulo 29 - Lanche estragado

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-Queres Bella? – A Jacinta ofereceu­-me um cigarro.

-Não obrigada! Os médicos disseram que era melhor parar com essas coisas, tu sabes…

-Sei! – Ela sorriu e colocou o cigarro na boca e acendeu-o.

-Olha eu ainda não contei nada concreto ao meu irmão! – Já se passaram várias semanas desde o meu acidente e ainda não contei nada ao meu irmão do caso do nosso pai com a Ana, e em relação a ela já a vi várias vezes na universidade e tirou há pouco tempo aquela coisa que metem no nariz quando está partido cujo eu não sei o nome.

-Pois, mas acho que devias, ele tem o direito de saber.

-Sim, claro! Eu tenho medo da reação da minha mãe!

-E quando tencionas contar-lhe?

-Essa é a pior parte! Ele nem vai acreditar em mim…

-Vais ver que corre tudo bem! – Eu sabia que aquela história ainda me ia atormentar por mais uns bons tempos daí não ter respondido à Jacinta e instalou-se um silêncio constrangedor. – Eles já não deviam ter chegado?

-Já! – Estávamos numa esplanada à espera do Louis e do Ian. O Josh e a Mariana vinham cá ter mais tarde.

-Estão muito ocupadas as meninas? – A voz do Ian fez-se ouvir e os seus olhos estavam na Jacinta.

-Olá! – Dissemos em conjunto.

-Andaram a treinar! – O Louis comenta e beija a minha bochecha.

-Já pediram?-  O Ian perguntou.

-Não! – Respondi. – Vocês atrasaram-se tanto, agora mais vale esperar também pelo Josh!- Sorri e todos concordaram.

Coloquei os meus óculos de sol e encostei a minha cadeira à do Louis para ficarmos mais juntos, ele também acabou por pôr os óculos de sol. A Jacinta e o Ian pareciam estar num mundo à parte, eu podia fazer o pino que nenhum dos dois iria reparar.

-Amor? – O Louis chamou.

-Sim?

-Já fui fazer as análises!

-E quais foram os resultados?

-Não à nada de mal! – Ele sorriu e beijou-me, fiquei tão feliz por ter a certeza que o meu anjo está bem que só me apeteceu abraça-lo e foi o que fiz.

Entretanto o Josh e a Mariana não chegaram e nós decidimos fazer o pedido, acabamos por lanchar juntos, a Jacinta e o Ian continuaram no seu mundo à parte e eu estava a gostar imenso de ver a Jacinta assim, porque já chega a desilusão que ela apanhou com o Harry, namorar com um rapaz e descobrir que ele é gay não deve ser nada fácil; com tudo isso lembrei-me da noite em que conheci o Louis, era só uma saída de raparigas e acabei por encontrar o homem da minha vida e percebi que o Afonso não é assim tão má pessoa, ele agora amadureceu bastante e ele e o Louis já são amigos, o que me deixa ainda mais feliz. A minha vida podia ser perfeita, se o meu pai não tivesse decido meter-se por caminhos apertados, literalmente.

-Bella? Terra chama Bella! – A Jacinta gozou comigo por estar distraída a pensar.

-O que foi?

-Não é o teu telemóvel que está a tocar? – Ela questionou.

-Ai é! Desculpem. – Era só uma mensagem. – O Josh não pode vir! – Estava a transmitir o recado à medida que lia a mensagem. – O quê? – Fiquei bastante aflita.

-O que foi? – O Louis tentou ler o que estava no meu telemóvel.

- O Josh está no hospital!

-A fazer? – Perguntou o Ian.

-Não sei, ele só me disse isto! Vê se consegues saber algo para eu ver se vou já para o hospital.

-Ok, é para já, vou só fazer umas chamadas. – O Ian levantou-se já com o telemóvel na mão.

-E se o meu irmão está mal?

-Bella, o teu irmão não está mal, se não nem te tinha mandado mensagem! – A Jacinta falou pouco mas falou algo de jeito.

-Ela tem razão, tem calma amor!

-Ok, eu tenho Louis, mas deixa o Ian vir, para eu ter a certeza! – Levei uma das minhas mãos à boca e comecei a roer as unhas.

-Para com isso! – O Louis empurrou o meu braço e deu-me a mão.

-Está babada! – Falei ao recuar a minha mão.

-Olha a minha cara de preocupado! – Ele falou sério e voltou a dar-me a mão.

-Bella! – O Ian chamou. – No hospital só está uma pessoa com o teu apelido, é um homem, mas não tem a idade do teu irmão.

-Sabes mais alguma coisa?

- O local do acidente foi perto de tua casa!

-Acidente? Ok, deve ser o meu pai, se o Josh está lá, só pode.

-Tem calma! – O Louis agarrou-me pela anca. – Eu estou aqui! Não comeces já a fazer filmes. – Abracei-me a  ele e deixei-me estar um pouco nos seus braços.

(…)

-Josh! – Chamei quando o vi na estrada das urgências.

-O que fazes aqui? – Ele perguntou.

-Olha que engraçado, eu ia perguntar o mesmo! Explica-me o que se passou.

-Foi o pai…

-Acidente?

-Sim, de carro! – Ele começou a ficar com os olhos vermelhos.

-Hey! Parou, não dês agora numa de bicha! – Ele sorriu.

-Tu és tão croma! Mas olha, aconteceu uma coisa estranha…

-Fala!

-Eu vi o acidente…E ia uma rapariga loira no carro com o pai.

-Era disso que eu precisava de falar contigo… Eu já te tinha dito.

-Eu sei e na altura ignorei mas agora faz sentido, ele perdeu o controlo quando me viu na rua e reparou que eu o avistei com a rapariga… Se acontecer alguma coisa ao pai, a culpa é toda minha. – Ele começou a chorar e sentou-se no degrau do passeio.

-Nem penses nisso! Se acontecer tu não tens nada a ver, o pai é que andou a fazer coisas que não devia e nós não temos culpa disso! E eras tua que estavas a guiar o carro dele? Não, então a culpa não é tua.

-Oh…

-Oh nada, e a mãe? Já sabe disto?

-Não, nem lhe digas! – Sentei-me ao seu lado e passado pouco tempo vi os tios do Louis e correrem para a porta principal do hospital e aí eu tive a certeza de tudo.

-Menino Josh!? – Uma enfermeira chamou pelo meu irmão.

-Sim! – Ele levantou-se logo.

-Não tenho boas notícias. – Ela acabou a frase e o meu irmão ficou branco como cal.

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