Capítulo Um - A Volta Para... Casa?

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A festa se estendeu por mais alguns dias, com várias coletivas de imprensa e muitas entrevistas.

Passada uma semana, Christian voltava para a Inglaterra.

Agora, com o título de campeão, poderia viver apenas disso, com uma carreira profissional... Se seus tios o permitirem, é claro. Afinal, tinha apenas dezesseis anos.

Christian morava com seus tios, um casal de Bispos - que dirigiam uma Igreja Anglicana Reformada muito renomada ao sul de Londres.

Apesar disso, Christian não se considerava um Cristão. Ele não frequentava a Igreja de seus tios.

O principal motivo era fato de seus tios sempre lhe dizerem que ele não podia jogar videogames ou assistir televisão, pois era proibido pelo credo eclesiástico. Isso causava nele uma revolta incomensurável. Na Igreja, eles eram sempre calmos, cautelosos...

Mas ao chegarem em casa, tudo mudava. A casa virava um verdadeiro inferno na Terra.

Tudo não passava de uma imagem.

Christian ouvia sempre de seu tio - conhecido como Bispo Martin - que Jesus viera para nos dar a Graça da salvação. E nos deixou apenas alguns princípios que devemos seguir em nossas vidas. Mas, se isso fosse verdade, para que tantas regras e leis na Igreja? Chris não entendia isso.

O garoto respira fundo em frente a porta de sua casa que ficava na região nobre de Chelsea. Ele sabia que ao entrar, talvez sua fama juntamente com seu título passassem completamente despercebidos, pois seus tios não o deixavam jogar videogames em casa. Ele tinha que jogar na casa de seu melhor amigo, onde passava a maior parte de seu tempo.

Ele entrou em casa, e, como esperado, sua viagem de duas semanas tinha passado em branco.

Seu tio apenas perguntou, sentado em sua poltrona, onde ele esteve. Christian responde que estava na casa de um amigo. O homem apenas assente e o ignora.

Se seus tios descobrissem que ele viajou para disputar um torneio de videogames, ele seria morto.

Mal sabia como havia os convencido à assinarem o contrato da viagem.

Subindo para seu quarto, Christian encontra um presente. Não tinha nenhum cartão. Mas encontrou um pequeno e simples bilhete de papel comum:

"Chris! Parabéns pelo troféu, mano! Passa aqui mais tarde pro o chá! Te mostro o jogo que ganhei de minha mãe. Espero que goste do presente, é simples mas é de coração. Do seu amigo
Joseph."

Abrindo o presente, Christian encontra um colar fino cinza com dois lindos pingentes de cristal. Um em forma de uma Cruz, e o outro em forma de um Console antigo, mais precisamente um NES. A Cruz e o console estavam separados, mas juntos no fio.

Embora não significasse nada para ele, Chris sabia que a Cruz era algo muito importante para os Cristãos. E o Console era algo que ele gostava, então resolveu então colocar.

Joseph era seu único amigo de verdade, e um dos poucos que seus tios permitiam vê-lo, por conta do garoto frequentar a Igreja regularmente.

Joseph com certeza era alguém em quem Christian se espelhava. Tinha uma família agradável e gentil, pais amorosos que o amavam, e que se lembravam dele caso ele viajasse.

Chris resolve visitar seu amigo. Seu tio havia saído, o que significava que sua tia provavelmente estaria em casa.

Não trancou a porta, mas a fechou. Antes de sair, ele pega seu 3DS e seu Game Boy Advance, e vai rumo à casa de seu amigo, que ficava poucas quadras dali. O bairro era bastante calmo, seus vizinhos eram, em geral, pessoas de classe financeira alta. Alguns frequentavam a Igreja aos domingos, outros, eram celebridades que frequentavam o santuário para ganharem mídia. Mas, no geral, todos íam para a Igreja.

No caminho, Chris foi pensando sobre a final, e sempre com as mesmas perguntas: Quem era aquela menina que gritara da arquibancada? Por quê tentou ajudá-lo?

Mesmo após a viagem, Chris não se sentia cansado. Fora uma longa jornada de Los Angeles até Londres, mas ele havia dormido quase todo o caminho da volta.

E como foi na primeira classe, conseguiu descansar.

Havia sonhado com a menina. Não sabia explicar bem... Apenas sonhou com o rosto dela. Uma garota ruiva, de olhos azuis.

E, se a garota que o ajudou, fosse a mesma que ele sonhou, ela era muito bonita - e extremamente atraente, por sinal. Mas, como havia sido apenas um sonho, Chris logo descartou a possibilidade das duas meninas serem iguais. Seria uma coincidência estranhamente... Mágica.

Era melhor Christian correr, já estava atrasado para o chá.

The Knox Tree II - A Cruz E O ConsoleOnde histórias criam vida. Descubra agora