Capítulo VI

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- Então a tua imaginação vai tirar-nos daqui? Meu Deus, como não pensei nisso, vá imagina para irmos embora. - Adam lançou-se um olhar reprovador. Aquele tom irónico irritou-me tanto. Aliás, irrita sempre. Não suporto que me façam isso. Ainda mais quando ainda nem expliquei totalmente a situação.

- Cala-te. A sério. Deixa-me falar, eu gosto muito de ti, mas estou sem paciência. - Suspirei.

-Ok. Boa. Conta a história aí aos iludidos que eu vou tentar arranjar uma solução que realmente funcione. - Levantou-se rapidamente, com cara de poucos amigos, e fulminou-me com o olhar.

Pus a cabeça entre as mãos e respirei fundo umas quantas vezes. Já não bastava estarmos sem saber o nosso rumo, agora estávamos a virar-nos uns contra os outros.

Que idiota.

- Eu? Obrigada. Diz-me algo novo - repliquei.

- Estás a falar com quem? - Abi olhava-me com as sobrancelhas carregadas.

-Nenhum de vocês falou? - perguntei.

Não, o Adam é o idiota... E desculpa, esqueci-me de dizer agora ouço tudo... Mas não te preocupes eu saio daqui ainda hoje, ok?

-Barfrey!? - Falei, demasiado alto.

A Abi e o Dante abanaram a cabeça, e o observaram-me preocupados.

- Querida... Já não dizes coisa com coisa... Acho que é melhor voltarmos para casa e teres um bom momento de sono... - Aconselhou Dante.

Concordei com um aceno e levantei-me devagar... Não sei como acabara assim, lembro-me dos vultos, de olhar em volta e depois, mais nada... Só entrar naquele cenário que Barfrey criara. Tenho quase a certeza que não fui contra nada, não escorreguei...
A minha força nas pernas desapareceu. Acabei a apoiar-me na árvore mais próxima.

- Não... Espera... - Dante aproximou-se, e pegou-me ao colo cuidadosamente - Quando chegarmos a casa vamos tratar de te dar algo de comer, vais tomar um bom banho e descansar, pode ser assim?

Olhamos um para o outro. Os seus olhos verdes fitaram os meus ternamente, sorriu, e começou a levar-me por entre as árvores.

- Bem... Eu vou buscar o Adam. El, sabes que ele só está nervoso... E temos de ficar juntos... - Informou a Abi, da sua forma desajeitada, claramente estava a morrer por puder ir ter com o meu irmão, chama-lo á razão como faz sempre.

- Vem lá ter sim? - Pedi.

Ela assentiu.

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Estava no sofá da sala, sentia uma fome tremenda e a minha cabeça doía imenso. Já acordei á algum tempo, mas a vontade a abrir os olhos era nula. Já com a pouca claridade que caía sobre as minhas pálpebras os meus olhos doíam.

- Bom dia alegria, dormiste bem?

Esta voz... Bem já sei o porquê de me doer a cabeça, não era para menos.

- Conseguiste finalmente sair da minha cabeça, foi? - Sorri.

Abri os olhos devagarinho, Barfrey estava encostado á porta da cozinha a olhar para o tecto, a fumar, descontraidamente.
Os seus olhos sobressaíam no meio das suas vestes negras.

- Tu és mesmo um fruto da minha consciência? - Observei-o desde o cabelo desalinhado e negro ás botas de militar também elas negras.

- De certa forma... Sou apenas encarregue de te guiar nesta realidade, mas pode-se dizer isso, acho - Mandou uma baforada de fumo para o ar e colocou o cigarro no cinzeiro, apagando-o.

- Quem diria que o meu subconsciente era tão... Gótico - Ri-me.

- É um estilo de vida, baby - Disse, aproximando-se de mim.

Ri, dentro dos possíveis.

- Onde está toda a gente? - Podia ser que agora acreditassem em mim...

- Lá fora acho... Ainda não os conheci, pelo menos oficialmente - Sorriu e dirigiu o olhar para a cozinha. - Há alguma coisa que se beba por aqui? Tipo café ou assim?

- Acho que á uma máquina na cozinha, vai ver...

Andou agilmente até á cozinha, dando tempo para que os outros chegassem de lá de fora, todos com um pequeno monte de lenha para alimentar o fogo da lareira.

- ... deve de dar para pelo menos até depois de amanhã - Dizia o Dante entrando com dificuldade pela porta de vidro - Olha quem acordou! Estás melhor?

- Sim, e agora, vão ver o quanto eu não estava errada.- Sorri sarcasticamente - BARFREYYY. BARFREY.

-HAN!? HAAAN!? - Ele desatou a correr até á sala, quase caindo perto do sofá. Vendo que estava tudo bem, começou a reclamar - És parva? Eu pensava que alguém te estava a tentar matar ou algo parecido.

- Desculpa, era só para eles te conhecerem.

O meu grupinho estava pretificado. Não sei se pela aparência estranha da nossa nova iquisição, se por eu ter razão.

- Pessoal, o que estava a falar antes. Ele é a nossa saída. Ele sabe como sairmos daqui.

- Sabe... Ok? E como? - perguntou o Adam, cruzando os braços, numa maneira provocadora.

- Bem... Primeiro, sou o Barfrey, prazer em conhecer-vos, não precisam de se apresentar, eu sei os vossos nomes... E podem--

-Olá!

Desviamos o nosso olhar para a porta principal. Os pais de Dante entravam, com imensos sacos de compras, tinham ido buscar comida á cidade mais próxima.

Olhei para Barfrey na esperança de ouvir a sua solução. A expressão dele estava rígida, com vestígios de medo, ou pânico, não consegui perceber. Olhava fixamente para os pais de Dante, com os olhos arregalados e a boca a tentar proferir sons, mas em vão.

-Ah... Eleanor? P-podemos falar a sós? - Dirigiu o olhar para mim e eu acompanhei-o até á cozinha, onde estavamos mais á vontade.

- O que se passa? Parece que viste um fantasma o que se pa--

- Cala-te. Ouve-me tens de sair daqui já. Vamos juntar-nos, eu , tu, o Adam, a Abi e até Dante. Rápido, nós não podemos estar aqui mais tempo, ouve o que digo por favor... Vocês não podem estar aqui. - Falava rápido, nervosamente.

Quando ia responder, a porta abriu de rompante e foi fechada da mesma maneira.

- Vão a algum lado? - Dizia a mãe de Dante.

Os seus olhos estavam completamente negros.

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