Capítulo XII

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Eleanor

Acordei com uma forte dor de cabeça. Não me recordo bem do que aconteceu mas quando dei por mim estava a cair num buraco sem fundo.

Olhei em volta à procura de alguém mas estava demasiado escuro para distinguir as formas.

- Está aqui alguém? - Perguntei para o vazio.

Tropecei em algo mole. Apercebi-me que era Adam, depois de esforçar bastante a vista. Ao lado dele estavam Dante e Abi.

O eco ouviu-se por todo o sítio. O silêncio neste lugar era de meter medo. Estou tão desejosa de voltar a casa... Este mundo assusta-me. Primeiro, o Barfrey mudou completamente, não sei o que se passou mas está tão distante de mim e de todos os outros. Infelizmente, acho que sou a única a notar em algo.

Quer dizer, o Adam claramente notou. Ele pensa que não, mas eu notei as ameaças que voaram para o outro. No entanto, o Barfrey ficava entregue aos seus pensamentos, com o fumo do cigarro sempre atrás.

Pergunto-me no que pensa tanto... Algo o incomoda ou revolta, não sei...

Por falar nele, já tinha conseguido ver todos estendidos no chão menos ele onde será que está? Tenho a certeza que não nos deixaria aqui... Dirigi-me então para escuro a chamar por ele, determinada que o encontraria, e os dois poderíamos encontrar ajuda o mais rápido possível.

Fui gritando por ele, muito rente ao chão sem saber o que esperar, não se via absolutamente nada tinha apenas de confiar no meu instinto.

Depois de algum tempo à deriva, cheguei à conclusão de que não valia a pena.

Decidi experimentar outro caminho e virei-me para a minha direita.

"Direita. Virei para a direita.", tentei decorar o máximo que conseguia. Era nestes momentos que desejava ter migalhas de pão.

Quando era mais pequena, depois de ler pela primeira vez a história de Hansel e Gretel, andei com a mania que cada vez que ia com a minha mãe ao supermercado tinha de levar pão ou bolo atrás em caso de me perder. Isso claro, deu muito trabalho aos meus pais e uma dor de cabeça às senhoras da limpeza dos corredores.

Ri-me disso por uns instantes. Mas quando dei por mim, quase que caí dentro de água. Senti um ardor tremendo até ao joelho, onde a minha pele tinha sido molhada.

Gritei de dor, cambaleando para trás, e a começar a sentir as lágrimas a virem-me aos olhos. Gritei o mais que conseguia, a dor era imensa.

Senti passos de corrida atrás de mim e uma luz iluminou-me o campo de visão.

A minha perna estava em sangue, queimada pelo contacto com a água. Olhei para quem se tinha aproximado. Barfrey estava atrás de mim com uma expressão de horror. Limpei as lágrimas.

- Desculpa ter-me afastado, vocês não acordavam e eu queria encontrar uma maneira de sair daqui... Meu deus , que aconteceu? - Pousou o bastão perto de nós, ficando a flutuar.

- Não sei... E-eu estava a-a andar, à tua procura e.. a água... ela é ácida... A minha perna...

Ele pegou na minha perna, tocou e nela de repente uma luz verde iluminou todos os centímetros das suas mãos e, num abrir e fechar de olhos, as

- Não...

- Que foi? - Perguntei, séria.

- Não encontrei barcos, nem pontes, nem grutas, nem passagens de qualquer tipo... - Hesitou por uns momentos, observando o céu inexistente - A não ser que aprendamos a voar, estamos presos aqui...




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