O que não te contaram sobre as histórias de amor.

Eu, invisível.

Eu havia passado a madrugada inteira tentando escrever algo. Política. Ciência. Arte. Chico Buarque. Vinicius de Moraes. Nada fazia mais sentido, os livros na estante eram só os livros da minha estante. As teses mais renomadas da filosofia eram só teses. Eu havia passado a madrugada inteira buscando inspiração nas minhas quatro paredes. Por volta das 4:30hrs eu apaguei. A dias isso não acontecia, a insônia passou a ser minha melhor amiga já que a Sara havia se mudado tão recentemente. Um dia os pais dela acordaram e pensaram: "Ótima hora pros Garozzi's se separarem!". Atribui a minha enorme insatisfação a partida tão repentina dela. Não conseguia responder nenhuma de suas mensagens, porque os fãs da tecnologia que me desculpem mas eu nunca tive muita paciência pra falar com alguém sem ter o olho no olho, pele na pele. A realidade é que eu andava sem paciência pra nada. Eu havia passado a madrugada inteira tentando rabiscar algo e de repente meu despertador toca! Sim! Primeiro dia de aula! Como minhas férias acabaram sem eu ter feito nada? Não sabia o que era mais frustrante, ficar em casa com minhas próprias frustrações ou encarar meu último ano do ensino médio sem a Sara Garozzi do meu lado quando eu resolvesse chamar nosso professor substituto de machista. Entrei no chuveiro desejando sair de lá invisível.