Sobre Rafa, Gutinho, uma festa e as portas.

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Insônia. Levanta. Deita. Bate à porta da geladeira. Banheiro. Deita. Rabisca. Arrisca. Amassa e joga fora. 6:30hrs. Hora do banho gelado. Sexta-feira. Chego na escola e já escuto os murmúrios, hoje é dia de farra, de festa na casa da Priscila. Fecho os olhos cruzo os dedos e: "Aaah como eu queria ser invisível". Passei a semana toda arrumando desculpas pra mim mesma, ora minha insatisfação era ocasionada pela partida da Sara, outra pelo meu problema com relacionamentos, poderia ser pela minha rara comunicação com meus pais. Não o problema era a minha cidade! Raios que o partam o problema era as musicas seculares que eu andava ouvindo. Maldita Curitiba! Passei a semana toda responsabilizando tantas coisas e eu ainda queria estar invisível na casa da Priscila essa noite. Deus que me perdoe, não me lembro o motivo, mas naquela noite tive uma briga feia com a minha avó das que tínhamos vez ou outra mas acabava com o ambiente agradável que era lá em casa. Ainda queria estar invisível mas não lá. Me arrumei de qualquer jeito, meti o batom vermelho na esperança que chamasse mais atenção pra minha boca do que paras as minhas olheiras sem fim. O Gutinho e a Rafa passaram em casa. Eram os dois amigos mais "pra cima" que eu tinha, com eles tudo era festa, com eles a vida era uma abençoada festa! Fomos pra casa da Priscila. Era gente pra tudo quanto é lado. Os pais dela haviam viajado pro Guarujá, precisavam acertar uma venda por lá ou coisa assim. Meninas chegando no salto 15. Garotos com os carros dos seus pais só pra impressionar, parece que eu previa que ao final da noite umas 5 mães apareceriam lá na porta loucas querendo saber do paradeiro dos filhos (e dos carros). Entramos. A Rafa ascendeu um baseado e começou a passar, eu não estava afim. "Bebe um pouco Lau, você tá muito careta!", o Gutinho não parava de repetir. Eu não estava afim. Eu observava as pessoas dançando, rindo, se beijando, quebrando um vaso super caro da Priscila. Mas era como se faltasse algo, faltava alguém. Eu sempre tive essa mania, olhar para as portas como se alguém fosse entrar. Não! Ninguém entrou. Fui embora dando bom dia para o sol e carregando a Rafa junto com o Gutinho. Feliz por amanhecer com eles. Incomodada com a briga. E esperando alguém chegar.

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