Naquela tarde eu cheguei em casa desejando que o meu plano de ser invisível fosse real. Convites pra festas de "boas vindas" saltando pra fora da minha mochila, convites pro novo grupo de escritores, convites pro grupo de teatro, o grupo de debate marcando reunião. E eu elaborando uma forma de dizer a eles que definitivamente dessa vez eu não tenho sobre o que escrever, não tenho sobre o que debater, não tenho o que comemorar. E não era sobre drama adolescente, era só sobre não ter o que dizer, não ter sobre o que gritar. Mil pensamentos vieram à tona, tentei responsabilizar minha enorme insatisfação ao fato de não estar apaixonada. Minhas jogadas anteriores foram fracassos, todas as apostadas eu perdi e sai da roda do jogo com uma mão na frente e outra atrás. Naquela tarde eu me questionei sobre o que era amar. Naquela tarde, eu talvez tenha percebido que apesar de escrever, dissertar e cantar sobre o amor eu nunca tinha o experimentado em sua plenitude. Afinal o que era o amor? É o que os poetas escrevem? É o que os músicos cantam? É a decepção? É o "felizes pra sempre"? E como finalmente amar quando seu coração já se partiu tantas vezes? Em mim não havia a menor esperança muito menos o desejo de me apaixonar por alguém. Ainda assim responsabilizei minha enorme insatisfação ao fato de não estar apaixonada. Naquela tarde respondi as mensagens incansáveis da Sara, já que ela não era mais a culpada por meu estado insatisfatório. Tudo em Curitiba era lindo, a casa, os parques, os pontos turísticos, as pessoas, e ela parecia ter finalmente se encontrado, eu fingi problemas com a minha conexão com a internet e ela estava tão animada que nem quis desmentir. Eu fiquei feliz, a Sara merecia um lugar lindo, mas levaria quanto tempo pra ela se esquecer das noites que passamos em claro ouvindo Ana Carolina e tomando sorvete?
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O que não te contaram sobre as histórias de amor.
Romance"A princípio era só mais um jogo do eu comigo mesma.Eu mal a conhecia, só sabia fazer papel de plateia enquanto eu desejava ser palco pra ela dançar. Eu me tornei espectadora do seu show. De jogadora a refém. De apostadora a poeta pra fazê-la sonhar...