Os Pecados Ao Escrever Uma Fanfic

9 - Gramática II

O internetês, os memes e os emoticons

Sejamos breves quanto aos emoticons porque já falamos sobre eles no capítulo sobre narração: não use-os a menos que seja em caso de mensagens de texto trocadas entre os personagens! Não tem nem o que discutir.

A respeito do internetês, primeiramente vamos estabelecer aqui que quando falamos disto nos referimos a todas as abreviações e barbarismos cometidos durante a escrita na internet, onde a conversa é informal e livre da obrigação de usar a norma culta.

Mas por que não podemos migrar essa escrita para as fanfics, considerando que elas não tem qualquer finalidade além de entreter os fãs?

Vamos partir do princípio que 90% do internetês é carregado de erros gravíssimos de português que não são necessariamente barbarismos como os citados no capítulo anterior (cegredo, bouça, cerurgia e etc), mas causam danos irreparáveis ao coitado do português.

Quem nunca se deparou com um verbo no infinitivo escrito sem o "r" no final? Ou qualquer verbo que termine com a vogal "u", porém sem ela? Esse é o erro crônico da maioria dos usuários da internet. Tão crônico que até aqueles acostumados a escrever corretamente aprenderam a ler inserindo a letras faltosas. Beija ou invés de beijar, levanta ao invés de levantar, cai ao invés de cair, pego ao invés de pegou, mudo ao invés de mudou...

Perdoamos essas coisas nas conversas e comentários da internet por diversos fatores, um deles é para fugir do preconceito linguístico, do academicismo e do elitismo. Não são todos que tem o mesmo acesso a educação de qualidade e nem por isso eles devem ser menosprezados e ter negado o seu direito a expressão e comunicação com todo o respeito que ele merece, muito pelo contrário.

Mas fanfic ou livro é outra história, não é, pessoal?

Abreviações são ainda piores. Muita gente está tão viciada em conversar pela internet com todo o tipo de abreviação que quando vai escrever de verdade esquece como são determinadas palavras. Aí é um show de "pq", "q", "vc" (ou os medonhos "vs" e "vç"), "fla", "qnd", "tbm" e "sdds", no meio de um texto que supostamente deveria ser sério. Mesmo se tratando de uma fanfic de comédia, as abreviações não são ferramentas para nenhum gênero ou estilo narrativo além do texting ou no caso de uma troca de mensagens entre os personagens. Aceite!

Além de ser horroroso de ver e deixar o seu texto uma vergonha alheia, nem todo mundo entende essas gírias internéticas (?), tampouco é obrigado a conhecê-las. Considerando que tudo na internet é efêmero, se o "vc" de antes tornou-se "vç" e "vs", quem vai saber o que o futuro nos reserva?

Apenas pare. Tanto com as abreviações quanto com a conjugação incorreta dos verbos.

Mas falando em efêmero, precisamos falar sobre memes.

Dentre os muitos já conhecidos, atualmente destacam-se: "põe a cara no sol, mona", "o forninho caiu", "já acabou, Jéssica?", "juliana está desmaiada", "miga sua louca".

Todo mundo reconheceu esses memes, certo?

E o "atóron perigon", vocês lembram? "Rápido, Ricardo"? "Berenice, segura, nós vamos bater"? "Sanduiche-che tem um valor nu-nu-tri-tri adequado"? "Me dá meu chip, Pedro"?

Se lembrou, péssima notícia: você está velho, meu companheiro. A maioria desses memes são de, atenção, dez anos atrás. E não adianta ir no YouTube para conferir, pois naquela época ele não tinha a força de hoje, as pessoas ainda assistiam TV para conhecer memes de programas humorísticos e das novelas, então a data desses memes não condiz com a época de surgimento deles.