Capítulo VII - She wolf.

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O gif na capa eu tirei do filme – Sangue e Chocolate – de 2007. O filme é a adaptação de um livro de mesmo nome da Anette Curtis, quem tiver interesse, é super divertido, são lobisomens pré-crespusculescos. Assim, é um pouco brega, começo dos anos 2000 e tal, mas é legalzinho e tem completinho no youtube.

No mais, divirtam-se com o capítulo. ❤️

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Os Tomlinson sempre intimidaram os habitantes de Holmes Chapel, a aura de mistério que pairava sobre a família era suficiente para afastar os moradores, o que agradava William já que o alfa não costumava se relacionar com pessoas que tivessem menor poder aquisitivo do que ele, para piorar, ele desprezava ômegas e detestava betas. O ódio se espalhou como doença contagiosa, impregnando cada residente do lugar, ao ponto de marginalizar betas, excluindo-os da vida em comunidade e até mesmo banindo alguns deles para o meio da floresta.

Com o passar do tempo, a mata densa que circundava Holmes Chapel começou a abrigar pequenos grupos de betas que viviam à margem da sociedade. E era em um desses pequenos grupos, numa casinha de madeira, que viviam Lux, de 6 anos e Celine, que há muito tempo havia parado de contar os próprios aniversários. As duas passavam a maior parte do tempo cuidando da casa, de jovens andarilhos que passassem por ali ou mesmo daqueles que não tinham mais a quem recorrer. Era uma novidade que estivessem só as duas naquele dia, Celine costurando em sua cadeira de balanço e Lux sentada no chão, em frente a lareira, brincando com uma boneca velha.

— Você prometeu. – A menina disse de repente, chamando a atenção da senhora que bufou levemente irritada ao olhá-la por cima dos óculos de armação grosseira, enrolado com fita adesiva.

— Depois, Lux. – Celine respondeu ao voltar sua atenção ao gorro de crochê que costurava.

A garotinha ergueu o olhar na direção de Celine, encarou-a fixamente por algum tempo. O reflexo da chama da lareira dançava sobre as lentes dos óculos da velha senhora levemente curvada, o que provavelmente lhe causaria bastante dor na coluna e uma possível corcunda.

— Eu sei o que está fazendo. – Murmurou Celine sem tirar os olhos das agulhas.

— Você prometeu, vovó. – Insistiu a menina.

Celine interrompeu a costura pela segunda vez e voltou a olhar a menina, coçou a cabeça remexendo o coque que enrolava seus cabelos brancos e compridos e suspirou aborrecida. Juntou as agulhas e o que já tinha costurado e deixou tudo embolado num montinho bem ao lado da cadeira de balanço, entrelaçou os dedos no colo e Lux sorriu vitoriosa porque aquilo significava que havia conseguido o que queria.

— Eu gostaria de saber o que te atrai tanto nessa história. – Sussurrou Celine e a menina deu de ombros. – Enfim, nas entranhas de nossa cidade existe um mal muito antigo, mais antigo do que eu... – Disse a senhora e deu uma piscadela para a menina. – Mais antigo do que a pedra fundamental da primeira casa construída em Holmes Chapel, existiu aqui antes que qualquer outra coisa existisse, era como uma serpente esgueirando-se pelas ervas daninhas que cresciam em meio as plantações, vagando pela noite à procura de vítimas indefesas. – Celine fez uma pausa para checar se Lux havia caído no sono, mas a garotinha ainda estava sentada e a encarava fixamente. – Mas um dia, homens tolos tentaram destruir o mal com o mal, deram-lhe nomes e rostos, pessoas a quem pudessem culpar, todas mulheres, todas condenadas à morte na fogueira. Enquanto queimavam, ecoava pelas árvores seus gritos de dor, mas uma voz se destacou das demais, enquanto todas as outras gritavam e choravam, uma delas sequenciava palavras em um idioma que ninguém conhecia. Nem alto como um grito, nem baixo como um sussurro. Fez isso durante todo o tempo até que não se ouvisse mais nada além de sua voz. Até que tudo ficou silencioso novamente. Cortado por um ruído animalesco seguido de uma forte ventania que fez com que todos os que estavam ali assistindo àquilo corressem para se abrigar em suas casas. Com o tempo as pessoas começaram a dizer que a bruxa havia amaldiçoado a cidade e é certo que, depois daquelas mortes, tudo ficou diferente.

Six days of heat ~ l.s (ABO)Onde histórias criam vida. Descubra agora