Capitulo V - Bloodline.

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【Flashback 】

A mansão de férias dos Tomlinson ficava próxima à saída de Holmes Chapel, afastada da civilização e protegida por quilômetros de mata densa. A propriedade pertencia à família por séculos, uma construção antiga que carregava a história de seus ocupantes em suas paredes de pedra encobertas por tapeçarias orientais e dezenas de quadros. William, Ava e seus dois filhos haviam se refugiado ali para que Caleb, o mais velho, pudesse passar por seu primeiro rut em segurança. O jovem havia levado sua namorada, Heather, e desde que a família chegara na casa, permaneceu trancado em seu quarto com a moça.

Ava cuidava para que ele e sua acompanhante tivessem tudo que precisavam, no momento em que precisassem. Para além disso, ocupava-se com a grande diversidade de plantas espalhadas pela casa, no jardim e na estufa; William passava a maior parte do tempo envolvido com os negócios no escritório, e os empregados mantinham tudo limpo e arrumado. Mas ninguém se divertia mais do que a caçula, Johannah. As gargalhadas da menina ecoavam pela mansão enquanto ela entrava e saía correndo dos cômodos.

O dia em que tudo aconteceu havia começado estranho. Diferente dos anteriores em que o jovem casal cochichava e ria, aquele dia começou com um silêncio inabalável. Ao final da tarde, Johannah e Ava estavam no andar de cima e brincavam juntas quando ouviram o primeiro ruído após algum tempo: suaves rosnados vinham do quarto de Caleb. Jay franziu o cenho e se preparou para fazer uma pergunta à mãe, mas Ava a interrompeu antes mesmo de a menina começar:

— Seu irmão está bem. – Afirmou convicta. – Você é muito jovem pra entender, amor. Quando crescer, nós vamos conversar sobre isso. – Tocou o nariz de Johannah com a ponta dos dedos fazendo a menina sorrir.

Distrair a pequena não foi fácil. Johannah e Caleb eram muito ligados, mesmo com a diferença de idade entre os dois – ele tinha dezoito e ela, dez – os irmãos costumavam fazer tudo juntos. Talvez por pertencerem a uma família que dificilmente se relacionava com pessoas de fora do próprio círculo social, só tinham um ao outro. Ava precisou de muito jogo de cintura naquele dia particularmente barulhento.

A noite chegou trazendo novamente o silêncio. E tudo ficou calmo novamente.

Após o jantar, Ava subiu com Johannah até o quarto da menina para colocá-la na cama e William escondeu-se no escritório outra vez. A porta entreaberta levava a única fonte de luz até o cômodo na penumbra e a janela aberta trazia a brisa quente de verão, chacoalhando levemente as cortinas de cetim. De pé, de frente à mesa, o alfa havia acabado de abrir sua caixa de charutos cubanos, aproximou-a do rosto e inspirou profundamente, deliciando-se com o aroma. Devolveu-a à mesa e retirou um charuto dela, removeu a ponta com cuidado, o acendeu e sentou-se em sua cadeira, de frente para a janela aberta.

Esses momentos eram os únicos em que o alfa conseguia se desligar do trabalho. A vista era um atrativo a mais, o jardim da mansão seguia até se perder de vista, para além do portão de ferro com as iniciais de seu nome que ficava na entrada, até misturar-se com a mata densa que os separava do resto da pequena cidade. Poucos minutos depois, William ouviu quando sua esposa, Ava, aproximou-se do escritório, seus batimentos cardíacos aceleraram de modo quase imperceptível, virou-se naquela direção e a encontrou parada na soleira.

Os fios lisos e loiros da ômega estavam presos no alto de sua cabeça. Ainda assim, alguns fios rebeldes insistiam em cair espalhados por sua nuca e ombros. A franja recentemente cortada cobria toda a testa e terminava logo abaixo das sobrancelhas. William fez um sinal para que ela entrasse. A ômega empurrou a porta e deu tímidos passos para dentro do cômodo. A brisa que vinha da janela aberta chacoalhava a barra do robe de seda rosa que cobria sua camisola da mesma cor enquanto ela caminhava na direção do marido.

Six days of heat ~ l.s (ABO)Onde histórias criam vida. Descubra agora