Capitulo IX - Fever.

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Caleb e Anne faziam o caminho de volta para casa, o alfa havia encontrado um par de calças esquecido no banco de trás da caminhonete e se vestiu quando voltou a sua forma humana. Não encontrou uma camisa, no entanto, algo que deixava à mostra seu torso manchado de sangue e cheio de arranhões. A ômega não conseguia olhá-lo por muito tempo, sempre que se virava, encontrava a imagem de seu alfa e imediatamente se lembrava do animal selvagem que viu ele se transformar então desviava o olhar e encarava o para-brisa ou a janela.

— Por isso você nunca me marcou? – Perguntou a ômega depois de algum tempo, mas não se virou para olhá-lo.

Caleb assentiu. – Há algo sobre as marcas, não sei bem o que é, mas decidi que o melhor era evitar. Não consigo me lembrar exatamente o que fiz quando marquei minha primeira ômega, mas posso imaginar.

Mais uma vez os olhos de Anne marejaram, seu suspiro pesado encheu a cabine da caminhonete calando o alfa. Enquanto isso, ela encarava o vidro da janela ainda úmido da chuva recente, onde gotas escorregavam na superfície lisa quase como se acompanhassem as lágrimas que agora cobriam suas bochechas.

— Todos esses anos. – A voz embargada de Anne partiu a frase no meio. A ômega se recompôs e então recomeçou. – Durante todos esses anos você me fez passar pela tortura da dúvida. Cada viagem que você fazia, uma parte de mim temia que você nunca voltasse. Passei noites e noites em claro, imaginando que me abandonaria com as crianças.

— Anne, eu não espero que me perdoe, sei que não mereço, mas espero que entenda que tudo o que fiz foi para proteger você e nossos filhotes. Se algo acontecesse à vocês eu jamais me perdoaria.

— E olha onde isso levou a gente. – Disse a ômega convicta. – Ao esconder sua condição, você nos expôs. Sabia que não poderíamos controlar Harry e Gemma, sabia dos riscos. Não diga que escondeu isso de nós porque nos ama. Você mentiu por medo, quem ama de verdade não faz o que você fez.

— Tudo que eu queria era mantê-los afastados disso tudo, dos meus pais. Esse fardo era meu, não de vocês.

— Não! É claro que não era só seu. Eu era sua ômega, pari seus filhotes, dois alfas! – Anne finalmente o olhou. Seu rosto completamente vermelho e inundando pelas lágrimas foi como um soco no estômago de Caleb. – Você me devia isso.

Caleb não soube o que responder e Anne tornou a se virar para a janela de vidro. O silêncio entre eles pesava, mas a cabeça da ômega girava cheia de dúvidas e medos, perguntas que ela jamais se atreveria a fazer à ele, fosse por receio ou incredulidade. O alfa tentou conversar com ela mais algumas vezes, no entanto ela se manteve quieta então ele desistiu, deixando sua mente viajar de volta à casa dos pais onde havia deixado seu pai e seus sobrinhos.

Quando chegaram em casa, Caleb subiu na calçada e estacionou em frente a garagem. Anne desceu do veículo rapidamente, evitando manter contato visual enquanto dava a volta no carro e seguia para a porta da frente. Bateu algumas vezes antes de Harry vir abrir. Quando o alfa surgiu diante dela, a ômega imediatamente o envolveu num abraço apertado, que foi retribuído na mesma intensidade.

— Onde a senhora estava? – Harry perguntou ao soltá-la e deixando espaço para que ela entrasse. Caleb vinha em seu encalço e bateu algumas vezes no rosto de Harry. – O senhor também. Liguei o dia inteiro pra vocês. E o que aconteceu com as suas roupas? – Bateu a porta assim que o pai passou.

— É uma longa história. – Respondeu Caleb coçando a nuca nervosamente. Anne já estava sentada ao lado de Gemma, abraçando-a apertado e distribuindo beijos pelo rosto da filha.

— Tudo bem mãe. – Disse Gemma. – Eu estou bem. – Insistiu a alfa retirando as mãos da ômega de seu rosto, beijando-as com carinho. – A gente também tem uma história.

Six days of heat ~ l.s (ABO)Onde histórias criam vida. Descubra agora