CAP.: 04 - JANTAR EM FAMÍLIA

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"Nossas vidas nossos sonhos têm o mesmo valor... assim diz uma letra de música famosa, mas como valorar aquilo que não se pode ver ou tocar. Como reconhecer o bem ou mal no meio da multidão? Ai surge um grande problema, pois o mal ou bem, não são como placas que andam estampadas na cara daqueles que conhecemos, na verdade se tratam de dois mistérios, quase sagrados, que têm que serem solucionados, através de um instrumento diário chamado convivência..."





(Kaius Cruz)








*Por Miguel





    A brincadeira de K no estacionamento do hospital onde meu irmão fazia o tratamento dele, não saia da minha cabeça e eu não estava entendendo o porquê daquilo tudo, mas uma coisa era fato, eu tinha feito uma aposta e tinha perdido, então nada mais justo que cumprir com o combinado, não é verdade? Ele tinha trazido nós em casa e durante o caminho todo reinou o mais completo silencio entre nós dois, mas graças a meu irmão, que passou a viagem inteira falando dos beijos com Dra. Helena e de seu sonho de casar com ela...

Eu não sabia o que dizer a ele, pois de fato meu irmaozão com coração de criança estava de fato muito apaixonado, e como dizem por ai, com os quatro pneus arriados pela doutora de cabelos ruivos.

De vez em quando sentia uns olhares de K para cima de mim, e mesmo sem entender, resolvi ignorar, pois não tava afim de falar sobre o beijo que ele deu no médico do meu irmão ou mesmo no beijo que ele me deu, e que fez eu até melar as calças, pois eu sabia que meu irmão iria acabar falando, sem ao menos perceber, na nossa casa.

Chegamos, descemos do carro e K me falou uma coisa que marcou na minha cabeça, ele disse que: "Não se esqueça... que até os puros sucumbiram no paraíso..."

Eu não tinha entendido o que ele queria dizer com aquilo, mas uma coisa é certa eu já estava sucumbindo a desejos estranhos, a vontades obscuras... e não entendia de onde estava vindo isso...

Saio de meus pensamentos confusos e conturbados, quando a maluca da minha irmã Malu, invade o nosso quarto e grita:

- NÃO VAI ME AJUDAR COM A COMIDA NÃO, VAGABUNDO?!

Olho para ela e a ignoro, então ela me grita novamente:

- VOU DEIXAR TUDO QUEIMAR... VOCÊ SABE QUE DETESTO COZINHA E QUE NÃO SEI COZINHAR, NÃO SABE?!

Olho para ela, solto a respiração, dou de ombros e falo:

- Tudo bem Malu... eu vou ajuda-la com a casa e a comida...

Saímos e no final das contas, eu acabei fazendo tudo sozinho, pois a tapada da minha irmãzinha do coração não sabia nem cortar uma cebola direito. Torço todos os dias para ela fazer um bom casamento, pois o jeito de dondoca ela já tem, só falta o marido rico... termino tudo, limpo a cozinha e Luciano arruma os quartos... Malu sai e para a casa de umas amigas que ela já tinha feito e meu irmaozão vai atrás de seus novos amigos, contar a novidade da namorada.

Eu ainda teria que falar essa novidade para meus pais, pois meu irmão com quase vinte e um, anos de idade, nunca namorara na vida, então querendo ou não seria um baque forte para a família, principalmente para minha mãe, que ainda o vê como um bebezinho inocente... Mal sabe ela que o bebezinho dela já é capaz de fazer bebezinhos, e que se dependesse dele, não demoraria muito para meus pais serem avós.

Assisto um pouco de televisão, depois vou ler... me deito no meu quarto e espero minha mãe, que seria a primeira a chegar de seu dia de trabalho como diarista ou arrumadeira na casa dos ricaços da parte nova da ilha do amor.

Estava deitado lendo, quando de repente escuto um bip indicando que havia chegado uma mensagem no meu celular... Vou olhar o visor e quando percebo era uma mensagem da operadora, que dizia: "Você recarregou R$100,00 de crédito no seu celular!", fico automaticamente alegre, pois fazia uns dias que meu celular estava que nem pai de santo, só recebendo ou servindo para eu tirar fotos e ouvir músicas. Mas eu achei estranho aquele valor da recarga, pois já havia pedido dez reais para meu pai, para recarregar meu celular e ele havia me dito que não tinha um centavo, aquele mão de vaca pão duro... até minha mãe havia me negado, além de que nem nos celulares deles, eram feitas uma recarga de um valor tão alto.

AS CRÔNICAS DE RAFAEL®Onde histórias criam vida. Descubra agora