CAP.: 15 - PROPOSTAS

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"A vida é uma eterna busca por resultados e metas, alguns simples, outros nem tanto... Mas no fim, lá bem no final... os fins sempre acabam justificando os meios... "


(Kaius Cruz)



*Por Miguel (Rafael)



Qual o preço da dor...? Até onde estamos dispostos a ir por um ente querido? Eu fui longe, escolhi pagar um preço alto demais... mas essa é uma história para ser contada depois...

Eu estava em casa, meu pai tinha feito todas as cirurgias necessárias para não ficar paraplégico em virtude do acidente sofrido no trabalho. Sua queda do andaime foi como uma queda para minha família, pois as coisas já eram difíceis com meu pai trabalhando duro e agora sem ele, ficariam pior do que antes...

Estávamos eu, minha mãe, Luciano e Helena na cozinha, eu lavava a louça enquanto Helena enxugava e guardava. Dona Rosário parecia longe, com seu olhar abatido e preocupado, minha cunhada também parecia absorta... quando finalmente pergunto:

- E agora mãe?! Como vai ser sem o papai?

- Não sei meu filho... eu realmente não sei... – ela suspirava e a cada suspiro ficava mais visível seu desespero. Até que ela sai da cozinha de uma vez e segue até seu quarto, onde papai dormia, pois ainda estava sob efeito, tento segui-la, mas Helena me segura pelo braço e fazendo um gesto negativo com a cabeça, fala resiliente:

- Dê um tempo a ela...

- Mas... – ela novamente faz um gesto negativo com a cabeça e eu volto a lavar a minha louça em silêncio.

- Papai não vai voltar a andar mais nunca Miguel?! – Luciano que estava na mesa brincando com o saleiro irrompe o silêncio constrangedor que ali havia se instaurado.

- Não sabemos meu querido... não sabemos... ainda temos que esperar... – minha cunhada tentava explicar de um modo que meu irmão mais velho fosse capaz de entender.

Já faz mais de um mês que nosso pai pegou alta do hospital e veio para casa. K vem ajudando muito nesse meio tempo, ele até comprou uma cadeira de rodas para ele, pois não tínhamos condições de comprar uma, principalmente no modelo e com as especificações que o ortopedista nos pediu. Nunca imaginei que uma cadeira de rodas poderia ser tão cara...

E por falar em K, ela andava ultimamente meio distante e mais misterioso do que já é de costume. Ontem mesmo, quando estávamos juntos depois de fazermos amor, ele me olhava estranho.

- Miguel! Miguel! – Helena me tira de minha letargia.

- Oi?! O que foi?! – olho meio atarantado para ela, que estava sorrindo.

- Como vocês estão?! – ela pergunta sorridente.

- Com estão o que Helena? – estava confuso.

- Você e K, como vocês estão? – pergunta curiosa.

- Ah Helena... você sabe como é... ele tem aquele jeitão dele, meio misterioso, fala pouco...

- Tá Miguel... isso eu já sei que ele é! O que quero saber é... Ele já pediu você em namoro ou algo do tipo?! – ele me olha séria.

- Não! Ele nem toca nesse assunto! – sou sincero.

- Como assim? Ele nunca falou?! – pergunta.

- Ele não toca no assunto e nem eu pergunto... Sei lá, tenho vergonha, sabe? – explico meio sem jeito, com o rosto ruborizado.

- Miguel, vocês já estão nessa a meses e ainda nada!?

- Eu não sei... – Helena me puxa, chamando a minha atenção para ela – eu não sei Helena... Ele... a gente... a gente se encontra e quando vejo já estamos na mesma cama... – explico envergonhado.

AS CRÔNICAS DE RAFAEL®Onde histórias criam vida. Descubra agora