CAP.: 03 - A INOCÊNCIA E O DIABO

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"A inocência é uma marca daqueles que não tocaram o mal ou não beijaram as mãos daqueles roubam as nossas paixões e sonhos... vivemos em tempos difíceis, onde nossas escolhas acabam se tornando reflexo de nossos medos e pretensões ambiciosas, então, como disse um sábio indiano, que morreu sob o esplendor de arvores de cerejeira, cuidado com quem abraça... você pode estar abraçando um demônio..."





(Kaius Cruz)





*Por Miguel





Os dias se passaram rapidamente e o tratamento de Luciano com as psicólogas e os fonoaudiólogos progredia a ritmo vertiginoso, pois é, descobrimos que o autismo dele era do tipo mais leve, e que parte do atraso em seu desenvolvimento psico-educacional e social estava no fato dele nunca ter tido acesso a uma educação especial e muito menos a um tratamento com seções com um fonoaudiólogo e uma psicopedagoga... Mas graças a K, ele estava progredindo e ele tava em boas mãos...

Nunca vi meu irmão tão empolgado para ir as suas seções, mas durante esses dias em que eu o acompanhei ao hospital, eu finalmente percebi o real motivo de sua empolgação, principalmente, nas aulas de leituras, escrita e jogos, da qual uma jovem médica, ou melhor psicóloga fazia parte.

Por incrível que pareça o progresso repentino de meu irmão tinha um nome e um excelente sobrenome, e este possua belos cabelos ruivos, acompanhados de um par de olhos azuis... Dra. Helena Aires Braga de Oliveira, era seu nome, uma linda moça recém formada em psicologia pela universidade federal do Maranhão. Ela parecia gostar muito de meu irmão e tinha uma dedicação muito particular para com ele. Helena, como descobri gostar de ser chamada, vinha de uma importante família e era única herdeira do hospital, do qual seus pais eram donos e onde meu irmão fazia suas seções, ou seja, muito rica e bonita... E meu irmaozão parecia muito interessado na moça de olhos azuis e quatro anos mais velha do que ele. Foi numa quarta-feira, que eu finalmente percebi algo diferente, nós estávamos deitados em nossas camas, quando Luciano fala:

- Irmãozinho você já beijou uma garota?!

- Já!

- Você gostou?!

- Olha... não sei direito... mas sim, acho que gostei! Mas por que você tá me perguntando isso?!

Luciano se levanta de sua cama, deita na minha, me cutuca e fala:

- Estou te perguntando... por que eu beijei a Dra. Helena hoje...

- O QUE?! – De repente eu me levanto e sentado encaro meu irmão, que sorrindo fala:

- Foi bom...

- Como isso aconteceu Luciano?! Você é maluco por acaso?!

Ele abaixa a cabeça fala:

- Ah! Irmãozinho... a gente tava lendo um livro e o príncipe beijou a princesa, acordando ela de um sono profundo... Ai, eu perguntei para a doutora bonita, como é que se dava um beijo e por que aquele beijo acordou a princesa...

- E o que ela te disse?! – Pergunto curioso e dou graças a Deus por Malu está dormindo na casa de nossa tia. Luciano me olha e sorrindo fala:

- Ela me perguntou se eu já tinha beijado!

- E o que você falou a ela?!

- Oras! Falei a verdade! Falei que nunca tinha beijado uma garota antes!

- E ela?! – Minha curiosidade já estava nas alturas a essa hora.

- Ela sorriu para mim e me perguntou se eu tinha curiosidade de beijar alguma garota... também perguntou se eu já conhecia alguma garota!

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