O Arqueiro

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-Sarah-

"A sério que vais passar por aqui para o ver?". A frase dita por Oliver, à poucos minutos atrás, continuava a ribombar nos confins do meu pensamento, assim como uma mosca chata que não nos larga fazendo com o seu zunido se torne irritante ou como um sinal de néon que teima em chamar a nossa atenção. Ele está ao meu lado e de vez em quando consigo senti-lo a olhar para mim e a analisar-me atentamente, não sei o que se passa na sua cabeça, e temo que tenha alguma coisa a ver com o Volkov que conheci no mercado russo.

Ataques de ciúmes, como este, não são comuns num homem que se recusa a acreditar nos sentimentos, que tal como eu tem a consciência de que são apenas o que nos torna humanos, o que nos torna fracos. Um homem que sabe que não sou de cair em falinhas mansas. Um que conheço à tanto tempo.....

-POV ON-

Três meses. Apenas e nada mais. Mas foi o suficiente, para que sem ele o meu mundo mudasse completamente. Homens e armas instalaram-se na Ilha e não há nada mais que eu possa fazer do que permanecer sob a forma da minha loba e fingir. Lian Yu, como Ryan costumava chamá-la, sempre foi habitada por prisioneiros, banidos do estado chinês, mas mercenários de outros continentes encontraram na Ilha um ponto estratégico para coordenar os seus ataques. Ás vezes, tento aproximar-me para ver o que fazem e quem são ao certo, mas até agora só encontrei homens e por isso ainda não me apresentei formalmente. São muitos para uma pessoa só e se nos envolvêssemos numa luta contra corpo estaria morta, mesmo sob a forma da loba negra que agora vagueia sozinha pela Ilha que outrora era a sua Casa. Muitos dos soldados acham engraçado, que uma loba se aproxime tanto de um acampamento humano, atiram restos da sua comida e tentam chamar-me... Outros desatam aos tiros aqui e ali, para me afugentar, apenas para que um dos seus superiores venha e lhe diga que está a desperdiçar recursos.. A sua inteligência intriga-me e atrai-me como uma luz no meio da escuridão alicia um insecto, porque dada as circunstâncias não passo disso. Um insecto.

Adam, um dos mercenário que acha interessante uma loba ter audácia suficiente para enfrentar um exército de homens armados, é mais ou menos da minha idade e tem, ao longo deste meses, tentado criar um laço de amizade comigo, eu prezo pela sua simpatia, pelos restos de comida que me dá e acima de tudo da companhia que me faz nas noites em que é da sua responsabilidade patrulhar o perímetro. Normalmente, ele senta-se e encostado a uma árvore, ficando a observar-me de longe, no seu acampamento desenhando ou narrando histórias suas ou algumas que tenha ouvido da boca dos seus comparsas, enquanto eu, do outro lado da clareira e em segurança, fico sob a luz das estrelas e da lua a ouvi-lo, porém, em outras chega-se mais perto e tenta afagar-me ou chamar-me. Esquivo-me sempre e abandono o local para não me sentir tentada, é quase um ritual que me já é instintivo e, como tal, em todas essas noites, acabo por me dirigir para onde o meu único melhor amigo se encontra.

Contudo, nestas últimas três semanas é tudo o que conheço, o meu porto seguro, e com as suas histórias e a sua companhia, penso seriamente sobre uma frase que Ryan uma vez me dissera, "Predadores como nós, nada mais..". Sim, talvez... Esse aviso impele-me, cada vez mais a percorrer os trilhos por onde outrora trotava com ele, mais raramente e a fazer os possíveis para não me afastar muito do acampamento dos soldados, eles são a única companhia humana que tenho e a vontade de me integrar num grupo é cada vez mais forte.

Por não caçar à quase duas semanas e a comida que sobra aos mercenários não ser o suficiente para um lobo como eu, estou magra demais e o instinto impele-me a subir o trilho que levaria até à enseada... até onde o túmulo de Ryan se situa, até ao sítio onde ele costumava ficar a olhar o céu, por horas, com a nostalgia a cintilar nos seus olhos e onde agora descansa em paz.

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