Sem Retorno

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Na Ilha:

Neste preciso momento só penso em correr, mais à frente consigo distinguir a silhueta do naufrago que tal como eu aprendeu a viver por instinto

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Neste preciso momento só penso em correr, mais à frente consigo distinguir a silhueta do naufrago que tal como eu aprendeu a viver por instinto. O céu está enublado e dá indícios da aproximação de uma tempestade, fazendo-me arrepiar. Por fim consigo-o alcançar, ainda a tempo de o ver saltar da elevação onde estamos, ele olha-me na expectativa e estende-me a mão, rejeito-a e salto e ele fixa os seus olhos azuis, como o mar que nos rodeia, nos meus mas acaba por desviá-los só para retornar à sua corrida antes de eu conseguir dizer alguma coisa. Eu aceno com a cabeça e imito-o não poderia-mos desperdiçar esta oportunidade, não agora. Consigo vê-lo a ir de encontro à sua aljava, a pegar numa das suas flechas, a atear fogo a uma delas e a lançá-la com vista a uma pilha de troncos na praia abaixo de nós. Sigo de encontro à enseada e no instante em que a flecha atinge o alvo, ouve-se a explosão, reprimo o sentimento de autoproteção e chego à praia.

A fogueira expele um fogo ardente e o fumo que se desprende dos toros de madeira chama a atenção do barco que se encontra a uns quilómetros de distância da ilha, fazendo-o virar na nossa direcção. Estava-mos salvos. Consigo ouvir o resfolegar das folhas de alguns arbustos não muito longe de mim e antes mesmo de me virar, ouço-o:

- Vamos para casa!

Na cidade, algures num dos quartos do Hospital:

A pequena televisão está ligada, mas Oliver não parece prestar atenção, consigo perceber alguns dos trechos do que dizem, apesar de o som estar baixo: "Oliver Queen está vivo... foi encontrado juntamente com uma mulher ainda por identificar... Queen é filho do bilionário de Starling City, Robert Queen. Que, agora, foi confirmado como morto." Consigo sentir a tensão dos seus músculos mesmo estando sentada na minha cama mas nunca perguntaria o motivo para tal, talvez por que eu já o saiba ou por o respeitar, ele está finalmente em casa.

Fora do quarto escuto vozes abafadas pelas paredes e pelos outros ruídos característicos de um hospital, o médico que nos assistiu fala com alguém:

- "... 20% do seu corpo está coberto de cicatrizes.Queimaduras de 2º grau nas costas e nos braços. Os raios-X mostram que no mínimo 20 ferimentos nunca recuperaram correctamente. E o mesmo com a rapariga... queimaduras, feridas mal cicatrizadas e mais cicatrizes só que nela são em menor número do que no seu filho..." - arrisco um olhar de esguelha a Oliver mas este está impassível a olhar para a imensidão da cidade pela janela.

- " Ele disse alguma coisa sobre o que aconteceu aos médicos?"- disse uma voz feminina, num tom que transmitia angustia.

- "Não. Ele quase não disse nada, para além de ter pedido que ficassem no mesmo quarto, não se pronunciou. Nós achamos melhor ceder-lhe este pedido, uma vez que não sabíamos como iriam reagir se fossem separados, assim temos algum controlo. Moira, o Oliver que perdeu pode não ser o que eles encontraram." - nisso, pensei para comigo, eles tinham razão.

Levanto-me e caminho para junto de Oliver que saindo do transe dá-me um meio sorriso e desvia-se apenas o suficiente para que eu fosse capaz de me sentar na pequena cadeira ali colocada, recolho as pernas e ali fico, a contemplar o céu escuro e os arranha-céus imensos, com os braços cruzados sobre os joelhos.

O trinco da porta faz o seu típico "clique" e eu olho para Oliver, nem um movimento mas vejo pelo reflexo no vidro da janela ampla que ele tem tanta noção de quem se trata como eu.

- Oliver?- pronuncia a voz - Oliver... - noto que ao ouvir pela segunda vez a sua voz, Oliver vira-se, era como quisesse se certificar que era mesmo verdade, e resolvo deixa-los ter um momento só deles.

- Mãe... - responde por fim

Oh! Meu rapaz...meu lindo rapaz. - pelo canto do olho vejo-os abraçarem-se e Moira a dar-lhe um beijo na face, agora, apenas com uma rala barba. Percebo que ele me olha e eu viro a cara na sua direcção, o seu sorriso amplia-se e noto que a sua mãe chora.

- Mãe, - ela enxuga as lágrimas e olha-me pela primeira vez - esta é a Sarah. - noto ternura no seu olhar e ignoro-o virando a cabeça para olhar para Oliver.

- Querida... pelo que vejo o meu Oliver sente-se bem contigo, por isso pergunto: Tens algum sítio onde ficar depois de saíres daqui?

Essa simples pergunta fez-me retrair-me, eu sabia a resposta mas será que a queria dizer em voz alta? Viro-me para a cidade e quando abro a boca para responder, sinto uma mão no ombro, o calor que emana transmite ondas de calma através do tecido branco da camisa do hospital.

- Não te preocupes, querida, ficarás connosco. - declarou num tom maternal










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