Revelations

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ATT DUPLA!!!!

Camila POV.

Três meses depois.

Segurei a mão de Lauren, acariciando seus dedos com os meus. Estávamos ansiosas para hoje, na verdade nem era uma ultrassom, nós apenas iríamos ter os resultados do exame de amniocentese, Ally, minha nova médica, me indicou fazê-lo para sabermos se nosso bebê teria algum problema, eu estava nervosa, não queria que meu bebê tivesse algo que carregasse para a vida toda, ele sofreria muito. Senti a mão de Lauren em minha barriga e eu sorri, olhando-a de lado. Minha barriga estava parcialmente grande, não era como se estivesse gigante, estava bem pequena ainda, mas já notávamos ela redondinha.

Logo a recepcionista nos informou que Ally nos esperava na sala dela e então eu e Lauren quase pulamos da cadeira, eu não queria perder tempo, queria saber sobre o resultado e também rever Ally, nos tornamos boas amigas desde que comecei a fazer meu pré-natal com ela.

"Ally!" Sorri abertamente, correndo até a mulher baixinha e abraçando-a num abraço caloroso. Eu gostava muito dela.

"Olá, Camila." Ela sorriu, afastando-se logo em seguida do nosso abraço. Lauren também a cumprimentou e nós duas sentamos na sua frente. "Eu já tenho os resultados, antes que eu entregue eu vou mesma dizer, vocês não irão entender o que está escrito." Ela sorriu fraco, olhei preocupada para a Lauren.

"E então?" Perguntei aflita.

"Os resultados do exame de amniocentese foram claros. Eu vou explicar uma coisa para vocês. Os seres humanos têm normalmente 46 cromossomos em cada uma das células de seu organismo. Esses cromossomos são recebidos pelas células embrionárias dos pais, no momento da fecundação. Vinte e três vêm dos espermatozoides do pai e os outros vinte e três vêm no óvulo da mãe. Juntos, eles formam o ovo ou zigoto, a primera célula de qualquer organismo. Essa célula começa a se dividir, formando o novo organismo. Isso quer dizer que cada nova célula é, em teoria, uma cópia idêntica da primeira." Ela suspirou. Eu apertava a mão da Lauren com desespero, o que ela queria dizer com isso tudo? "Os cromossomos carregam milhares de genes, que determinam todas as nossas características. Desses cromossomos, quarenta e quatro são denominados regulares e formam pares. Os outros dois constituem o par de cromossomos sexuais. Por alguma razão que ainda não foi cientificamente explicada, ou o óvulo feminino ou o espermatozoide masculino, ou feminino? Bom, o espermatozoide da Lauren, apresentam vinte e quatro cromossomos no lugar de vinte e três, ou seja, um cromossomo a mais. Ao se reunirem aos vinte e três da outra célula embrionária, somam quarenta e sete, certo? Esse cromossomo extra aparece no par de vinte e um. O que eu quero dizer com isso tudo é que, o bebê de vocês têm Síndrome de Down." Ela finalizou.

Eu nunca senti meu coração bater tão rápido, eu estava sonhando? Não que eu tivesse preconceito mas, merda, isso era tão confuso. Meu bebê tinha síndrome de down, e isso deixou-me totalmente abalada, não por ter e sim por tudo que podemos passar mais para frente, é difícil a aceitação de uma pessoa assim, ainda mais na escola, sociedade. Como nosso filho, ou filha, sobreviveria a isso?

"Eu sei que é bem chocante mas eu preciso que vocês não rejeitem essa criança por ter essa doença, ela ainda sim é o bebê de vocês." Ally sussurrou.

"Camila..." Lauren me olhou, não segurei minhas lágrimas e pulei no colo da minha namorada, chorando como nunca antes havia chorado. Isso era tão difícil. São tantas responsabilidades à mais, deixa-me sufocada.

"Eu estou com medo, Laur." Agarrei mais em seu pescoço, eu precisava saber que ela estava ali comigo. "Eu não vou ser suficiente." Solucei.

"Ei, Camila." Ally chamou-me suavemente, virei meu rosto do pescoço de Lauren e olhei-a. Ela sorriu fracamente. "Síndrome de Down é um tabu muito grande, infelizmente. Mas não é porque seu filho terá a doença que ele será como dizem, agressivo, louco, doente mental. Não, ele será saudável é normal, como uma pessoa normal. Claro que existem muitos casos de a Síndrome de Down ser juntada com mais algumas doenças e assim afetar muito mais a criança mas não pensem negativo. Essa criança só vai precisar de carinho, amor, e aceitação. Ela será normal, não é como se fosse diferente por ter características diferentes dos demais ou então por ter um 'nome', vocês devem ser fortes e quando ela chegar ao mundo vocês irão ficar que ali é apenas o bebê de vocês, e não o bebê com Síndrome de Down. E eu vou fazer questão de cuidar de perto dessa criança, ter certeza de que ela será totalmente saudável e bem de saúde mental. Vocês não podem ter medo do filho de vocês. Tem que estar felizes sabia? Porque ter um bebê tão especial assim é tão raro, é um presente, ela será diferente, o diferente é muito melhor." Ela sorriu acolhedora, suspirei fortemente, ela estava certa, não tinha o que temer.

"Eu estou chocada, claro, mas ainda continua sendo o meu bebê, não vou mudar por descobrir que ele terá uma doença, ele ainda será meu filho e eu não posso simplesmente rejeitá-lo." Lauren acariciou minhas costas.

"Eu sugiro que vocês procurem pais que assim como vocês têm um filho com a doença, eles irão acalmar vocês e também vocês saberão mais sobre como conviver com um bebê assim. Claro, pesquisem também sobre a doença e caso ainda precisem, sobre aceitação, eu quero que vocês aceitem essa criança assim como aceitaram no começo."

"Obrigada, Ally." Sussurrei, pegando sua mão por cima da mesa. "Você está ajudando muito, de verdade." Sorri fraco.

"Eu nunca tive um caso assim, e confesso, estou entusiasmada, sempre tive admiração por crianças com a doença e sempre quis cuidar de um caso. Já soube de casos que as crianças são violentas mas não por ser o gene delas, sim por ser maltratada pelos pais, os Síndromes de Down têm sentimentos mais aguçados, eles querem ser amados assim como qualquer pessoa normal, e quando não têm amor eles se tornam agressivos, por não ter ninguém que os amem e dêm o exemplo de amor." Ela explicou, o jeito que Ally falava despertava curiosidades em mim, para saber mais sobre tudo isso, eu teria um filho assim, teria que aprender coisas sobre ele e saber conviver.

Eu e Lauren saímos do consultório caladas, eu queria assim, queria pensar sobre toda essa loucura, queria chegar em casa e correr para o meu notebook, queria aprender mais coisas sobre a doença, eu sei que será difícil no começo para eu aceitar tudo isso, digerir na verdade. Mas eu passaria por isso, eu não iria abandonar ele num orfanato a própria sorte, eu iria cuidar, assim como pretendia desde o começo, nada mudou muito, apenas que agora, meu filho será mais especial do que já era. Eu não estava mais chateada, era como a Ally disse, um presente, dar-me uma coisa tão preciosa e rara para cuidar. Seria meu tesouro.

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Gosto de tratar assuntos esquecidos pela sociedade em minhas fanfics, quero expandir conhecimento e melhor, ACEITAÇÃO. Se alguém tem preconceito com as pessoas que possuem Síndrome de Down, repense. Somos todos iguais, assim como queremos respeito e um espaço no mundo, eles também querem.

My Dentist (Intersexual)Onde histórias criam vida. Descubra agora