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Acordei com a luz a bater-me nos olhos. O quanto eu odiava acordar assim. Enterrei a minha cabeça na almofada e gritei em frustração. Estiquei o meu braço à procura do Luke na cama para a encontrar vazia. Olhei para o seu lado só para ter a confirmação visual de que ele não estava ao meu lado. Ele nunca acorda primeiro que eu.

Levantei-me e esfreguei os meus olhos. Desci as escadas até à cozinha suspeitando que ele se encontrava lá. Quando lá cheguei estava vazia. Ele não estava em casa.

Tomei o pequeno almoço enquanto pensava nas possibilidades de onde ele poderia estar. Lavei a loiça e vesti-me. Decidi ir ter com a Carly talvez ela soubesse ou estaria o Luke.

Bati à sua porta três vezes e imediatamente comecei a ouvir gritos do outro lado. Acho que as hormonas estão a piorar. Ri-me ao ouvir a Carly a ralhar com o Calum porque ela tinha fome. Esperei uns minutos até a Carly me vir abrir a porta. Ela abriu os braços para me abraçar mas a sua barriga impossibilitava essa ação.

"RASTA PARTA A ESTA BARRIGA!" Gritou. Ri-me dela e entrei dentro da sua casa. Ela continuou a queixar-se de quão gorda estava enquanto ralhava com o Calum. Sentou-se no sofá e eu sentei-me ao lado dela.

"O que te trás aqui?" Perguntou acariciando a sua barriga que continuava a crescer.

"Bem, quis te vir ver. Especialmente, ao bebé. De quantos meses estás?" Perguntei e pousei a minha mão na sua barriga. Ela sorriu-me e os seus olhos encheram-se de lágrimas.

"6 meses. Vamos hoje descobrir se é menino ou menina" Disse. Nesse momento, um Calum com um ar muito cansado desceu as escadas e dirigiu-se a nós.

"Bom dia Rachel" Ele disse. Sorri-lhe e observei-o a interagir com a Carly e a sua barriga. Comecei a imaginar como seria o Luke se fosse pai. As lágrimas vieram-me aos olhos ao imaginar os possíveis cenários. Eu queria mesmo um futuro com o Luke. Não me importava quando, o que me importava era ter a certeza que iria tê-lo. A situação do Luke com o seu pai só me preocupava ainda mais. E eu sentia-me inútil porque eu não podia fazer nada e sei que interviesse só iria ser pior para o Luke. Eu só quero que isto acabe para eu e o Luke termos uma vida normal. Era a única coisa que eu pedia.

"Rachel estás bem? Pareces distante" Disse a Carly afastando-me dos meus pensamentos. Sorri-lhe e acenei com a cabeça que sim.

"Eu vou andando mas depois liga-me a contar como correu a consulta" Disse e dirigi-me até à porta. O Calum seguiu-me e abriu a porta para eu sair. O seu olhar era de preocupação por mim eu pelo o que eu pensava. Ele fechou as portas atrás de nós e olhou para mim severamente.

"O que se passa Rachel?" Perguntou.

"Nada" Respondi. Eu não lhe podia contar o que o Luke pensava em fazer porque se eu lhe dissesse, ele iria de certeza querer ajudá-lo e isso só iria meter a Carly e o bebé em perigo. E isso eu não poderia aceitar.

"Rachel..."

"Não é nada, a sério Calum. Agora, é melhor ires ter com a grávida antes que as hormonas comecem a atacar." Disse e virei-lhe as costas indo de volta a casa. Observei o céu enquanto andava de volta a casa. Mas onde ele poderia estar?

Afastei os meus pensamentos sobre o Luke tentando focar-me noutra coisa. Foi aí que o meu irmão veio-me à cabeça. Eu já não o visitava há muito tempo e sentia-me mal por não lhe visitar regularmente. Entrei em casa e agarrei nas chaves do Range Rover preto do Luke. Ele não se importa que eu o leve pois não? Claro que não.

Entrei no carro e conduzi-o até aos portões. Sorri ao porteiro e ele deu-me os bons dias usando o nome como eu era conhecida entre os homens do Luke. Deixei o terreno para trás e fui direita ao hospital. Liguei o rádio para tentar abstrair-me dos meus pensamentos pois eles estavam cheios só de preocupações.

A viagem até ao hospital foi longa mas pareceu-me curta pois quando me apercebi estava a estacionar no parque de estacionamento do hospital. Tranquei o carro e entrei no hospital. A senhora da receção reconheceu-me logo e eu lancei-lhe um sorriso.

"Veio cá ver o seu irmão, suponho?" Disse. Acenei que sim com a cabeça e ela levou-me até ao seu quarto. Agradeci-lhe e ela despediu-se de mim.

Não sei quanto tempo fiquei perplexa a olhar para a porta do seu quarto. Ou quanto tempo demorei a rodar a maçaneta do seu quarto. Os meus passos eram lentos e pesados. Era a primeira ver que o vinha visitar sozinha e isso perturbava-me profundamente. Dava-me um sentimento de solidão. E eu odiava-lo.

Notei as flores na sua mesa de cabeceira que a minha mãe todos os dias trocava. Sentei-me na cadeira ao lado da sua cama que de certeza teria sido ocupada pela minha mãe há algumas horas atrás. Agarrei na sua mão que comparada com a minha estava quente e que me trazia uma sensação indescritível de conforto.

Respirei fundo e fechei os olhos. O meu coração batia fortemente contra o meu peito e eu tentava acalmá-lo . Abri os meus olhos e uma lágrima escapou. A lágrima embateu contra a mão do meu irmão e eu limitei-me a vê-la.

"Desculpa, se não te tenho visitado muito." Foram as primeiras palavras que saíram da minha boca. "Desculpa. Tu desculpas-me certo? Tu sempre me desculpaste." Sorri ao lembrar as múltiplas vezes que eu tinha partido ou perdido alguma coisa ao meu irmão. E ele sempre me desculpava. Sempre.

"Eu tenho saudades tuas. Eu preciso tanto de ti neste preciso momento. Sei que a última vez que estive aqui as coisas estavam bem e elas ainda estão. O problema é que eu consigo ver elas a piorem mesmo ao pé dos meus olhos e o que mais me irrita é que eu não posso fazer nada para as parar. Eu estou tão perto de perder outra pessoa que significa o mundo para mim. E estou tão assustada. Acho que nunca estive tão assustada na minha vida, Harry. Se tu tivesses aqui tu de certeza que me consolarias e de certeza me dirias que tudo ia ficar bem. Mas tu não estás aqui."

Levantei-me e limpei as lágrimas que escorriam da minha cara. Beijei a sua testa e sorri-lhe.

Olhei para ele uma última vez antes de sair do seu quarto. As lágrimas ameaçavam cair dos meus olhos enquanto andava até à saída. O meu olhar nunca saiu dos meus pés. Ouvi a senhora da recepção a dizer adeus mas não me atrevi a responder-lhe. Simplesmente, acenei com a cabeça

Entrei dentro do carro e esfreguei os meus olhos. Arranquei e só queria chegar a casa. Era a única coisa que queria neste preciso momento.

Os meus pensamentos voltaram a focar-se no Luke e aí a preocupação atacou como balas. A única coisa que corria na minha cabeça era que o Luke tinha ido enfrentar o pai. Era por isso que ele não estava hoje de manhã em casa quando acordei.

O pânico instalou-se e eu comecei á procura do meu telemóvel. Agarrei-o com uma mão enquanto a outra virava o volante. Marquei o seu número
Bip
Bip
Bip

Foi para o Voice Mail. Só mais uma vez.

Bip
Bip
Bip

Outra vez para o voice mail. As lágrimas escorriam me pela cara abaixo. Os meus dedos tremiam e eu marquei o seu número mais uma vez

Bip
Va lá Luke atende!
Bip
Eu juro por deus Luke se não atendes!
...

"Tou mor está tudo bem?" ouvi a sua voz do outro lado. As lágrimas já não eram de desespero agora eram de felicidade.

"Oh meu deus Luke! Graças a deus que atendes- te! Sabes o quão preocupada eu estava contigo tu p-"

Escuridão.


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⏰ Última atualização: Feb 06, 2016 ⏰

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