capítulo dois: Anjos guerreiros

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James Potter podia dizer que poucas coisas o faziam realmente feliz hoje em dia. Sua Lily e seus filhos eram uma delas, então quando ele acordou, a primeira coisa que fez foi verificar Damien e Jasmine.
Sorriu ao passar pelo corredor cheio de retratos que lhe acenaram um bom dia e ignorou propositalmente a porta ao lado do quarto de Damien. Aquele quarto não havia sido aberto por ele em pelo menos dez anos.
Ele não era idiota. Sabia que Lily passava grande parte do tempo naquele lugar, mas a dor era muita para que ele até mesmo olhar para a porta de madeira escura que lhe trazia tantas lembranças.
Quando o incidente aconteceu, ele ficou simplesmente arrasado por alguns segundos antes que uma raiva fria tomasse conta de si. Ele prometeu para qualquer um que quisesse ouvir que encontraria seu caçula, mas suas esperanças foram jogadas pela janela nem dois dias depois quando o corpo do pequeno bebê foi deixado em sua porta. Depois do enterro, ele e Lily se mudaram para a mansão Potter, mas eles pediram aos elfos domésticos que levassem tudo para a casa nova.
James só não acreditou que eles levariam o quarto do Harry também. Depois de montado, eles não tiveram coragem de desmontá-lo e simplesmente trancaram o quarto. Entre esse lugar e os presentes de natal e aniversário que eles compraram ao longo dos anos, não havia muito dele para se lembrar. As fotos, as roupas e brinquedos dele foram guardadas no quarto em caixas e qualquer coisa que lembrasse o incidente foi queimada por Sírius e ele.
Suspirando cansado, James passou a mão pelo cabelo ébano - uma mania que havia ganhado bem antes de ir para Hogwarts - e continuou em sua missão principal: Verificar as crianças. O quarto de Damien estava uma bagunça total, tal como James quase caiu ao dar o primeiro passo dentro do lugar ao pisar um cartão de sapo de chocolate.
O menino em questão se encontrava em um enrolado de cobertores no meio da cama encostada na parede com apenas a cabeça cheia de fios ébano de fora. Damien dormia de bruços desde que era pequeno e era assim que se encontrava agora.
Sorrindo, James caminhou até o filho e se abaixou ao lado da cama. A expressão serena no rosto de Damy fez um pequeno riso despontar em James. Abaixando o rosto ele assoprou na orelha do adolescente rindo baixinho quando Damy se remexeu na cama.
Deixando o adolescente dorminhoco em paz, James se levantou e saiu da sala, de volta para o corredor onde entrou na porta com a placa rosa claro ao lado de seu próprio quarto. Jasmine tinha o quarto completamente organizado - da forma em que uma criança de doze anos arruma o quarto - e já não estava mais em sua cama. Sorrindo por saber que ela havia puxado a mania de madrugar da mãe, James parou momentaneamente em seu caminho de volta ao corredor ao ver uma fotografia em cima do criado de Jass. Na foto ele e Lily abraçavam dois garotinhos com roupas idênticas. Uma brincadeira que James nunca achou graça, principalmente na primeira semana dos dois em casa por que ele não conseguia distinguir quem era Damien e quem era Harry, ao ponto em que Lily se matava de rir ao apontar quem era quem perfeitamente.
James tentou ignorar o aperto no peito ao ver o bebê de olhos esmeralda rindo ao lado do irmão na foto. O primeiro ano sem Harry havia sido um inferno, principalmente para Damien. O fato de que eles era gêmeos idênticos - ou quase - fazia com que os dois compartilhassem um elo mágico que foi quebrado quando Harry foi levado deles. É um fato comprovado pelos curadores que não se deve separar gêmeos em até três anos depois do nascimento. Não há nenhuma complicação notável de saúde, mas a magia sofre pois ainda está em desenvolvimento. Damien continua a ter problemas com os feitiços mais simples se feitos sem nenhum treinamento.
James pegou Damien várias vezes olhando para o nada por um longo tempo, como se conversando com alguém pela mente. Quebrava ele ter que ver seu filho com o olhar vago no rosto, mas Poppy havia garantido que era normal para um menino que tinha seu gêmeo morto.
Suspirando James voltou pelo corredor em direção a cozinha. Lily e Jass conversavam sobre algo baixinho, rindo de vez em quando. As duas levantaram olharam para si quando entrou na cozinha e se sentou na mesa, pegando o profeta diário que estava na mesa enquanto Lily lhe servia um copo de café.
- Bom dia pai - sorriu Jass olhando por entre a franja de cabelos ruivos. Sorriso que James retribuiu sem nenhum esforço.
- Bom dia Jass - Lily colocou o café na sua frente e sorriu antes de cumprimentá-lo com um beijo doce que fez com que Jass enrugasse o nariz.
- Você acordou cedo hoje. Normalmente demoraria mais uma hora pelo menos para que você levantasse - riu Lily enquanto caminhava até o radio trouxa que ficava em cima da bancada e o ligava. Esse radio havia sido um presente de Alice e Frank a Jass no ano passado depois que eles souberam da paixão da ruiva por aparelhos trouxas.
- Dormi mal essa noite - resmungou enquanto bebia o café com uma careta ao queimar a língua. No radio uma melodia calma começou a tocar e pela expressão no rosto de Jass ela conhecia a música.
- É Tempesta de Hadrian - ela informou ao seu olhar questionador e ao sorriso de Lily - Ele é simplesmente o melhor cantor de todos os tempos - Lily pareceu querer falar algo mais parou com a boca aberta quando a música começou de vez. A melodia em conjunto com a voz perfeita que saia do radio deixou-a colada na cadeira.
- Que voz linda - comentou enquanto olhava para Jass e depois para James - É perfeitamente harmônica - James concordou com a cabeça enquanto bebia o café.
- Ele é perfeito. Você precisa vê-lo mamãe, ele é lindo - James engasgou com o café, sua expressão parecida com a de um peixe - Hadrian foi coroado o menino mais popular entre as meninas por aquela revista trouxa que Hermione assina. Que, aliás, eu preciso assinar.
- Jasmine! - exasperou-se James ao ver o olhar de cumplicidade da filha e da mulher - Você tem doze anos!
- O que é quase treze - devolveu a ruiva rindo - Não vou sair beijando todo mundo papai, calma - riu ao ver a expressão no rosto do moreno. Lily a acompanhou não muito depois de tratar de sua própria expressão exasperada.
- O quê aconteceu aqui? - perguntou um muito sonolento Damien, apoiado no batente da porta, ainda de pijamas e com o cabelo tão confuso quanto um ninho de ratos - Quem matou o papai?
Não há necessidade de dizer que a ultima frase apenas causou mais risos.

Hadrian fechou os olhos enquanto sentia a água do chuveiro escorrer pelo seu corpo cansado.
Fizera dois shows, apenas em um dia e uma sessão de fotos o esperava em uma hora. Sua vida estava ficando cada vez mais corrida.
Desligou o chuveiro e se enxugou com a toalha enquanto se olhava no espelho do banheiro. Era nesse momento que ele se permitia ser ele mesmo e deixar mostrar a aflição que estava em seu coração.
Estava preocupado. Mesmo que ele não tivesse visto os Potter's desde que tinha quatro anos, não queria dizer que havia se esquecido deles.
A guerra estava voltando e Hadrian - ou Harry, tanto faz - sabia que Voldemort também estava voltando e isso o preocupava mais do que deixava aparecer.
- Hadrian, apresse esse banho - ouviu Mike gritar do outro lado da porta e bufou enquanto se vestia.
Ele protegeria sua família, mesmo que isso significasse que eles não soubessem que estava vivo.

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