07 - Amanda Collins

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A Sala do Conselho era grande e arredondada com um mesa igualmente redonda. Amanda se sentava de costas para a janela ao seu lado direito se encontrava Bryon Collins, seu tio; ao lado esquerdo Celim, seu tio-avô ; ao lado de Celim estava Pai Sion.

Carlos Avelar se encontrava ereto diante das pessoas sentadas ali. Usava um gibão azul com uma capa cinza, na cintura carregava uma espada longa e fina. Amanda fitava o velho com certa ódio no olhar, mas não deixava transparecer, pelo menos era o que ela pensava.

— Sabe o motivo de estar aqui, Avelar ? — perguntou Amanda.

— Jamais saberei responder, Vossa Graça. Estou aqui sobre sua convocação, esperava que você me dissesse.

Eu me pegunto o motivo também, seu velho tonto, pensou ela. Deveria lhe mandar embora daqui.  Exila-lo das minhas terras.

Certamente, já deve ter ouvido falar da Guilda dos Militares, não ?

— Sim, Vossa Graça. Sou um membro da Guilda.

— No reinado de Vagner, meu avô — começou Amanda —, a Guilda dos Militares ficou abandonada, sem alguém para governá-la. Quero que você seja esse alguém.

— Senhor da Guilda dos Militares ? Ser o F-fuhrer...

— Sim, um Fuhrer. De hoje em diante será o comandante dos três exércitos. Não o atribuirei o Exército Vermelho. Esse não é um exército do reino e sim a guarda pessoal do castelo e da família real.

— Honra-me, Vossa Graça. Servirei com coragem e determinação. Juro proteger o reino que qualquer e possível ameaça.

— Que seja.

Houve um breve momento constrangedor de puro silêncio. Então, o velho Sion disse;

— Guilda dos Militares — disse com sua vizinha fraca e rouca. — Me parece agora que sou o seu servo, Avelar, quero dizer, Senhor Fuhrer. Ou seria Grande Fuhrer? Enfim, será uma honra e um prazer trabalhar junto a você.

— Quero-lhe nas reuniões do Conselho — disse meio ressentida.— Irá assumir o cargo de Senhor das Leis.

Por alguns segundos o rosto de Carlos Avelar se desmanchou. Amanda sabia que era o que ele queria, mas não era o que ela queria. Nunca quis aquele velho maldito perto dela, nunca, mas sua mãe insistiu em por ele no conselho e lhe atribuir mais poderes.

Se fosse por Amanda, ele seria expulso do exército e açoitado até a morte em praça pública, mas enquanto sua mãe estivesse por perto e sussurrando em seu ouvido, ela nunca conseguiria fazer o que queria.

— Tio Bryon, também quero que o senhor ocupe o título Senhor da Guilda dos Engenheiros.

— Mas eu ? — o homem gordo a olhou com surpresa. — Nada entendo de construções.

— Porém sabe administrar o dinheiro do reino como ninguém. Saberá onde deve ou não deve ser investido nosso dinheiro. Pai Sion, quero que ajude meu tio nisso.

— Será um prazer, Rainha Amanda.

Então, de repente um sonora pancada na porta se alastrou pela sala. E sem cessar as pancadas continuaram.

— Por tudo que é mais sagrado — disse Amanda —, alguém abra essa porta.

Carlos Avelar foi em direção a grande porta de carvalho e a destrancou. Clarice Collins emergiu as gritos e urros meio exagerada.

— Mãe, o que é isso ? — logo atrás de Clarice estava os guardas com suas capas vermelhas, todos de cabeça baixa. — Aconteceu algo?

— Agatha... fugiu — foi a única coisa que consiguiu dizer em meio as lutas por ar.

— Outra vez ?

— Ela fugiu para as masmorras, Vossa Graça — disse o guarda de cabeça baixa.

— Como assim ? O que ela iria querer indo nas masmorras ? Onde estavam quando ela fugiu ?

O homem disse tudo que sabia. Contou que ela exigiu ver a irmã e que deu um jeito de fugir entanto descia as escadas. Amanda ficou furiosa. Seus cabelos chegaram até se levantar como se fosse chamas em um fósforo.

— Um dos guardas da masmorra tentou impedir a sua passagem, Vossa Graça —voltou a explicar o guarda —, mas a menina domina as chamas. Queimou a mão do pobre homem, quiser chegando aos ossos.

Não, ela não tem chamas, pensou Amanda. Não domina o fogo. Só tem onze anos, não tem como fazer isso.

Ela ainda não pode fazer isso — Amanda rebateu. — É apenas uma menina.

— Ela fez, Amanda — disse Clarice. — Eu vi o homem. Queimadura feia. Pela deusa... se ela perder o controle fora dos muros... nem sei o que pode acontecer.

— Temos que encontrá-la! — gritou Amanda. — Ela pode perder o controle...matar alguém. Pai Sion, quero que vá e convoque todo os seus homens. TODOS!. Ela ainda é muito jovem, se perder o controle no meio de gente... Não quero nem pensar. Alguém me leve as masmorras.

O Legado dos Collins - Escudo de PapelOnde histórias criam vida. Descubra agora