Prólogo
Rei Thilim havia morrido de fraqueza naquele longo inverno. Todos diziam que havia sido o frio. Os seus dois filhos estavam lá. Amanda ainda era minha menininha de nove anos e Tomás, talvez estivesse uns quinze ou dezesseis. Não dava para saber.
Lá ao longe, o sino do templo da Deusa das Chamas, tocava: dim don, dim don, dim don. E por toda parte que se olhasse se via o branco imaculada da neve no chão. Dois cavalos puxavam o carro funerário do rei Thilim. Ele seria posto em uma pilha para o ritual fúnebre dos Collins.
♣
Amanda vinha em uma carruagem de um negro esmaltado brilhante. Pela janela viu algumas poucas pessoas deitada no chão enquanto a neve caia. Não estavam se mexendo, apenas ficava ali, deitadas como se estivessem mortas. Mortas... Talvez estivessem.
Passou por uma dúzia de damas com vestidos bem volumosos e luxuosos de cores extravagantes. Havia uma senhora mais velha com elas, uma responsável, provavelmente.
― Céus, mamãe, aquela é a princesa Amanda ― disse uma das damas com a mão na boca. ― É verdade os boatos, ela é um demônio. Irmãs, vocês viram como a pele dela era pálida como a neve e os cabelos vermelhos como fogo ?
A mulher mais velha esbofeteou a moça, enquanto tampada sua boca com uma expressão de terror. Essas palavras podem custar suas vidas, pensou Amanda. Uma criança mais evoluída do que qualquer outra na sua idade. Mesmo aos nove anos, já era capaz de perceber aqueles olhares... Mas por que elas..., todos as pessoas me olham assim. Por que ? Eu sou...
... sua rainha, disse uma voz em sua mente. Ha ha ha, gargalhava a voz de forma horripilante. Não se preocupe Amanda, agora eu vou sempre estar aqui ao seu lado, sussurrando em seu ouvi ― ha ha ha.
Amanda se arrepiou toda e abraçou a mãe, Clarice Collins, que estava sentada ao seu lado.
― Mamãe estará aqui o tempo todo, meu amor. Não se preocupe ― disse e olhou para o céu. ― E essa maldita neve que nunca para de cair. Tomás estar lá fora, nesse tempo, andando a pé como se fosse uma andarilho peregrino. Qual o problema dessas rapaz de hoje, querendo mostrar que são fortes como os homens adultos ?
Passou a mão pelo rosto gelado da filha e lhe beijou no topo do da cabeça vestida com o chapéu.
― Agora somos apenas eu e você, meu bebê ― acrescentou Clarice para a filha. ― Deve me escutar em todos os conselhos que eu lhe dê. A primeira coisa que deve fazer como rainha e mandar trazer de volta para a capital, Carlos Avelar, irmão de Lorde Erick Avelar e dar-lhe o cargo de comandante do exército vermelho. Ele vai ficar perto de nós, dentro do castelo e cuidará de todos nós.
― Não foi esse senhor aí que papai expulsou da cidade ? ― perguntou Amanda se lembrando daquele nome. ― Papai não gostaria disso.
― Seu pai tinha apenas ciúmes, nada além disso ― respondeu endurecendo a voz e olhando para longe. ― Nesse inverno muitos camponeses iram morrer de frio. ― o tom de voz dela era pálido e livre de qualquer tipo de culpa ou remorso. ― O lado bom disso é que as ruas da cidade vão desafogar um pouco. Assim que voltamos para o castelo, eu escreverei um carta e enviar por um corvo para o castelo dos Avelar.
― Papai me disse alguns dias atrás, antes de morrer... ― quis chorar, mas não havia lagrimas. ― Ele quer Tomás no comando dos mantos vermelhos. Tom também me pediu isso.
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O Legado dos Collins - Escudo de Papel
RomanceAmor. Traição. Vingança. O livro O Legado dos Collins conta a estória de famílias que lutam em ascensão para roubar o trono dos Collins da família real. Em meio a todas as confusão e tramas mirabolantes, Amanda Collins, a rainha regente tenta r...