O Legado dos Collins - Escudo de Papel

24 - Carlos Avelar

Estava usando o gibão cinza, com uma capa curta. Se sentia uma pouco irritado e meio curioso. Aquela era a primeira vez que recebia uma carta de Amanda Collins em uma hora como aquela.

Ao seu redor guardas domésticos guardavam seu costa. E ele seguia em direção o castelo, andando, já que o prédio da Guilda dos Militares ficava tão perto do castelo. 

Comparecer no gabinete da rainha.

Era o que dizia a mensagem. Pequena e simples. Foram aquelas cinco palavrinhas que tinham roubado a serenidade dos pensamentos de Carlos Avelar. Ela próprio escreveu, pensou ele. Deveria ser importante. 

♣

Os portões estavam fechados, mas assim que os sentinelas reconheceram o brasão dos Avelar no peito de Carlos, os portões foram abertos com urgências.

O interior do castelo parecia estranhamente calmo e organizado como nunca antes. Era algo estranho de se ver.

A rainha só recebia pessoas no seu gabinete para atribuí-las missões importantes. Ultra secreta.  Normalmente, qualquer coisa que não seja nesse sentido é resolvida na sala do trono, diante de toda a corte.

O que ela quer comigo agora ?

A porta do gabinete real estava fortemente guardada com homens quatro homens com armaduras completas. Carlos Avelar passou por eles sem se importar e nem por um momento olhou para ele. Era criaturas pequenas, sem dignidade.

Avelar adentrou no gabinete.

– Vossa Graça mandou chamar ? – disse ele com frieza na voz.

– Sim – respondeu Amanda mais calma do que o habitual.

Tem algo estranho acontecendo, pensou ele. Bryon estava atrás da rainha com um sorriso sarcástico no rosto. O tio da rainha olhou para os guardas de Avelar...

– Está assustado, Avelar ? – perguntou Bryon.

– Por qual motivo estaria ?

Amanda o estudou com o olhar. Ele conseguiu sentir a aura daqueles dois pulsando. Avelar também os encerrou. Os azuis olhos dos dois Collins estavam vermelhos como sangue. Perigo. Mas que rápido, mas de forma casual ele passou as mãos para trás do corpo e fez um sinal com os dedos. Os guardas eram treinados para situação como aquela.

– Não sei o que se passa nessa sala – disse Avelar, deixando transparecer que entendia o que estava preste a acontecer. – Mas...

– Estamos com seu filho – Amanda anunciou com certa satisfação, interrompendo o homem. – Ele andou a cantar uma canção nada agradável em nossos ouvidos.

– É de conhecimento público que meu filho é um débil mental. – disse. – O que quer que ele tenha dito não se deve levar em consideração.

– Não, não se deve – reafirmou Bryon, sendo sarcástico. –  E é por isso que seus homens estão só esperando um sinal para atacar, não é mesmo ? Guardas ! – Bryon gritou e aproximadamente dez homens com manto vermelho e armadura negra entraram na sala, secando Avelar e seus homens.

Nesse momento os guardas doméstico de Avelar sacaram as espadas e passaram a proteger seu senhor. Avelar não se móvel. Ficou ali, olhando duro para Amanda e o seu tio, Bryon.

– Mande seus cães abaixar as armas, Velho – ordenou a rainha.

Não entrarei no jogo dela, pensou Carlos Avelar. Ela quer que eu a desobedeça para ter um motivo de me matar aqui. És uma tola, garota se pensa que cairia nesse seu jogo traiçoeiro.

– Abaixem as armas homens – Carlos ordenou. Os homens ficaram meio relutantes, mas abaixaram as espadas a contragosto.

– A sua também, Velho maldito – vociferou a rainha. Avelar tirou a espada da bainha. Podia muito bem jogar a lâmina e perfurar a garganta dela, mas não o faria. – Agora nem minha mãe pode salvá-lo, traidor. Levem o Velho para as masmorras. Matem os outros.

Amanda saiu da sala cercado por seus próprios guardas, enquanto os homens de Avelar gritavam por misericórdia.