|27| Padlock

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Muitas coisas aconteceram ao mesmo tempo. Num piscar de olhos, tudo parecia tão diferente.

E porque, bem, foi.

O Zayn foi-se sem uma verdadeira despedida. Ele deixou um bilhete na minha almofada no meu quarto, mas nada mais. Era pequeno e simplesmente agradecia a mim e à minha família por deixá-lo ficar.

Foi um dia diferente mas mais uma vez tão difícil como todos os outros.

E nessa altura estávamos todos focados no julgamento no tribunal, mesmo quando não precisávamos de estar. De alguma forma, o Niall e o Liam tiveram bons advogados. Muito bons advogados. E houve fortes casos de ambos os lados.

Isso manteve a Layla à noite com pesadelos.

Ela não queria dormir no seu próprio quarto, apesar das novas fechaduras colocadas nas janelas. Mesmo depois de cada vestígio da sua noite mais obscura estarem completamente apagados. Então ela ficou no meu quarto.

Todos nós achamos estranho nos adaptarmos à nova Layla. Ela começou a falar com outras pessoas em vez de só comigo, mas mesmo assim mantém-se sempre tão quieta.

Lentamente, as coisas começaram a voltar de novo ao normal quando o tribunal ficou a nosso favor. Mas nada estava em nenhum lugar perto da perfeição.

Todos tentaram seguir em frente como se nada tivesse acontecido. Mas é como se uma cicatriz tivesse sido cortada profundamente na cidade. Muitas vidas se perderam aqui, uma realidade assustadora que te faz sentir como se a terra irá se abrir debaixo dos teus pés um dia. E simplesmente engolir-te inteira.

Mas tu tens de seguir em frente e agir como se não existisse nada de errado.

"Aqui está o seu troco, minha senhora. E tenha um bom dia." Eu entrego à senhora o seu troco e o café, antes de limpar debaixo da bancada, como nos é dito para fazer pelo menos a cada duas horas.

"Ainda a acostumar-te a estar de volta?" A Hannah pergunta quando ela regressa de limpar algumas mesas.

"Sim. Eu sinto-me como se tivesse envelhecido cinco anos, mas só passaram algumas semanas." Eu suspiro. "É claro que provavelmente não é nada comparado com a minha meia-irmã."

"Como é que ela está, afinal?" A Hannah pergunta.

"Eu gostava de poder dizer 'melhor', mas não está realmente muito melhor. Ela fala, pelo menos, mas ela não está nada igual a si mesma actualmente." Eu atiro o pano húmido para o balde antes de me virar para a minha melhor amiga. "Eu não tenho a certeza se a mãe dela percebeu completamente o que realmente aconteceu com ela."

"Eu não consigo imaginar passar por algo parecido." Ela suspira.

"Eu só espero que ela possa ser ela própria de novo algum dia, como um grande pirralho que ela era antes." Eu olho para fora da janela para as pessoas a andar na rua em frente ao café. "É horrível da minha parte dizer isto?"

"Sim, mais ou menos." Ela ri.

"Bem, talvez devesses fazer algo para animá-la. Leva-a a algum lugar divertido." a Hannah sugere.

"Eu acho que agora do que ela precisa é de tempo e consultas normais com o se terapeuta." Dou de ombros. "Eu não sei se há alguma coisa que alguém possa fazer."

"Bem, pelo menos ela está num terapeuta."

Mais clientes entram e a Hannah sai do caminho, levando a bandeja de pratos nas suas mãos para a bancada atrás.

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"Harry?" Eu chamo, confusa e um pouco assustada quando eu subo as escadas de madeira da sua varanda da frente. A sua porta está aberta. "Harry?"

OBSESSION |H.S| TraduçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora