Capítulo 3

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Eu já havia tomado um banho, trocado o fino vestido cliché por um moletom e refletido bastante sobre tudo o que está acontecendo a minha volta

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Eu já havia tomado um banho, trocado o fino vestido cliché por um moletom e refletido bastante sobre tudo o que está acontecendo a minha volta. Eu estava, agora, sentada sobre um colchão - alto demais para mim -, meus pés mal tocavam no chão e eu encarava fixamente Sam, que estava a minha frente. Eu já sabia o básico da minha vida, que era:  eu me chamo Sarah, tenho 30 anos, não tenho família e algumas outras coisas que me fizeram não querer saber de mais nada.

- Tudo certo? - ele pergunta.

- Yeah - digo - Tudo certo.

- Eu vou estar logo ali - ele diz e anda até a porta, apontando para fora.

Concordo com a cabeça, arqueando as sobrancelhas, eles estavam estranhos, me olhavam como se a qualquer momento eu fosse atacá-los ou algo do tipo. Deitei para trás, sentindo minhas costas entrarem em contato com o macio colchão, fechei meus olhos e tentei, de todos os modos, lembrar de alguma coisa. Fecho minhas mãos com força, cravando as unhas sobre a áspera pele, eu sentia o enorme vazio em minha mente. Me levanto em questão de segundos, incapaz de apenas ficar ali deitada quando minha própria vida está de ponta cabeça. Levando em conta que estou na casa de desconhecidos portadores de armas e que, com certeza, são loucos.

A porta já está entreaberta quando chego até lá, me encosto nela, vendo os dois conversarem.

- Sarah não pode ir, mal lembra o próprio nome - Dean fala, se sentando em uma cadeira e colocando os pés sobre a mesa.

Sam concorda com a cabeça vagarosamente, pegando o celular e jogando para seu irmão, que disca alguma coisa e murmura algo que soa como "está no viva-voz".

- Ei, Jody.

- Olá, rapazes - uma voz feminina soa, meio entrecortada - Acharam o ninho?

- Mais ou menos - Dean deu de ombros, enquanto encarava o celular - Mas não é por isso que ligamos.

- Certo - ela diz - Do que precisam?

- Precisamos que você tome conta de alguém.

- Aqui não é uma maldita creche - ela diz, sua voz irritada e cômica ao mesmo tempo.

- Ela tem 30 anos, na verdade - ele resmunga e revira os olhos.

- Ok - ela concorda - Por que vocês precisam que eu tome conta dela?

- Longa história - ele tira os pés da mesa e se senta normalmente - Só preciso que ela fique ai enquanto achamos o ninho e matamos todos de lá.

Franzo o cenho e recuo, indo até a cama novamente. Agora eu preciso de uma babá? E quem eles irão matar? Ok, eles são, definitivamente, loucos e eu preciso sair daqui. Olho cada canto do quarto, parando na larga janela quebrada ao lado da cama, vou até lá e subo na cama, usando toda a minha força para abrir a janela, que parecia estar emperrada. Coloco meus braços para fora e apoio meus joelhos no colchão, eu estava pronta para pular dali e sair correndo, mas a porta se abre. Ficamos em silêncio, eu apoiada na janela, com os joelhos dobrados e com a bunda virada pra porta, aquilo seria completamente constrangedor se eu não estivesse mais preocupada em pular daquela janela e fugir.

- Seria bem legal te ver assim - a voz resmunga - Se você não estivesse tentando fugir, é claro.

Saio vagarosamente da janela, me virando em direção da porta, com as sobrancelhas arqueadas.

- Você é um idiota - cruzo meus braços sobre meu peito - E vocês são loucos, os dois.

- Você não é a primeira pessoa a dizer isso e não vai ser a última - Dean dá de ombros, como se aquilo fosse normal - Posso saber por que você estava tentando fugir, se nossa hospedagem é ótima?

- Claro, ótima - resmungo - Tirando o fato de vocês serem loucos e estarem querendo matar alguém... Além de que vocês querem me deixar com uma babá.

- É muito feio escutar a conversa dos outros - ele também cruza os braços - Não vamos te deixar com uma babá, ela é uma amiga e é por pouco tempo, só até... Bom, é complicado.

- Complicado? - exclamo - Acordar no meio do nada, sangrando, sem saber quem você é ou onde está e ficar trancada na casa de desconhecidos, isso é complicado.

- Você precisa confiar em nós - ele diz.

- Eu nem sei quem você é.

Ficamos em um completo silencio, ele desvia o olhar até a parede atrás de mim e suspira.

- Você vai ficar com nossa amiga Jody. Ela cuida de duas meninas, uma era filha de um cara que foi possuído por um anjo, ela se chama Claire, e a outra vivia em um ninho de vampiros, Alex. Um cara que foi transformado em vampiro queria vingança e por isso está atrás delas, principalmente de Alex, nós o matamos, mas só agora descobrimos que ele havia feito um ninho inteiro. Que também querem vingança. Temos que protege-las e matarmos todos os vampiros, para isso você não pode estar aqui.

Olho para ele e começo a rir, esperando ele dizer que aquilo era um tipo de brincadeira de mal gosto, mas ele continua me encarando.

- Você está brincando, certo? - pergunto e ele nega com a cabeça -  Não quero saber, vou embora daqui, não sou obrigada a ficar. Vocês são doentes.

- Eu disse, é complicado - ele resmunga e vai até a porta - E você não vai embora.

- E quem vai me impedir? Você?

- Exatamente - ele dá de ombros e sai, fechando a porta.

Eu deveria ficar preocupada com o jeito que ele disse aquilo? Preocupada com o fato de estar trancada aqui ou em como nada faz sentido? Deveria ficar preocupada em como todo o quarto está girando? Literalmente, o quarto está girando, fecho meus olhos fortemente, mas quando os abro tudo continua girando. Minha respiração cessa e tudo fica escuro, a única coisa que sinto é minhas costas batendo contra o chão frio e tudo ficar mergulhado em uma escuridão silenciosa, como um pesadelo sem fim.


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