Voltara a sua universidade, as mesmas paredes brancas e os mesmos rostos aflitos de quem está atrasado para a aula.
A sua espera estava a diretora Sarah Parks, uma mulher de 60 e tal anos, que apresenta-se sempre de fato e que intimida toda a gente, e assim que entrou dentro do gabinete sentiu o olhar dela pesar em si. Sarah não estava lá muito contente e mal a viu, cuspiu algumas palavras num tom pouco convidativo.
- Menina Duncan, sente-se por favor.- Selena sentou-se, Sarah prosseguiu num tom monocórdico e irritante- Chamei-a aqui por que tem sido uma inconsequente que não vem a Universidade há quase três meses. Você acha o que? Que a bolsa dura para sempre? Com comportamentos destes, vou pedir no Conselho directivo para que lhe seja retirada a sua bolsa.-Selena pensou bem no que poderia dizer para contra argumentar contra Sarah mas sabia que ela tinha razão e limitou-se a acenar com a cabeça. Para seu espanto, a diretora voltou a tomar controlo da palavra, levantando-se e projetando a sua voz- Não sei o que pretende fazer da sua vida menina Duncan mas sabe que é impensável faltar tanto tempo a faculdade. Por ser a nossa melhor aluna, irei dar-lhe o beneficio da dúvida, caso eu seja informada que voltou a não comparecer numa aula considere-se excluída desta nossa instituição de renome internacional.
Enquanto caminhava em direção a sala onde o professor Ted Rubio dava mais uma interessante aula acerca da Anatomia Humana, Selena não conseguia parar de pensar nas palavras ditas pela diretora, no entanto, quando pos a mão no puxador da porta,lembrou-se de um mal maior... iria estar frente a frente com a pessoa que a tentou matar.
Já passavam quarenta minutos desde que o professor dera inicio a aula mas Selena tinha a desculpa de ter sido chamada ao gabinete de Sarah Parks. Quando ela entrou, suscitou curiosidade e espanto de vários membros da turma mas esta apenas estava concentrada na reação de uma só colega... Melissa, que a olhava surpreendida mas ao mesmo tempo intrigada.
A hora de almoço, Selena estava a escolher a mesa onde se iria sentar quando ouviu uma vozinha chamar por ela, era Melissa. Sabia que ambas tinham que conversar e que não se podia adiar o inadiável.
- Eu só te queria pedir desculpa. Naquele dia, senti uma força maior e nem me percebi do que fiz... até ter visto as fotos- perante isto, Selena olhou a amiga chocada
- Que fotos?
- Alguém enviou-me fotos da nossa luta e de eu te tentar atirar pelo abismo, guardo-as na carteira.- dito isto, Melissa pega na sua carteira cor de rosa berrante e retira pequenas fotografias de um cenário horroroso que ambas viveram mas que nenhuma delas se lembra- Quem mandou isto, anda a chantagear-me e isto não para. Sinto-me perseguida e na obrigação de te dar um pedido de desculpas.
- Eu também errei. Sei que a nossa última conversa, antes disto, não deu bom resultado. Estavas alterada e sentis te que eu tive algo a ver com a morte da Amanda. E há uma coisa que eu te quero perguntar desde aí.
- Desembucha de uma vez
- Quando gritas desesperadamente que eu matei a Amanda, estas te a referir a quê exactamente?
Ambas olham-se nos olhos por breves segundos, instala-se um clima de tensão. Selena percebera que não fora boa ideia voltar a abordar isto e temera o pior.
- Podes não admitir mas tu sabes bem lá no fundo que se não fosse a Irmandade da Razão e esta nossa procura incessante do que aconteceu ao teu pai, neste momento, estaríamos a ter uma conversa mais alegre e com a desmiolada da Amanda. Foi nesse aspecto que tu mataste a Amanda.
- Por que carga de água o assassinato do meu pai levou a morte da Amanda?
- Eu penso que esteja relacionado, na véspera de ela ser apunhalada, lembro me que ela disse que estava muito contente por ter feito progressos na investigação do teu pai, algo que nos iria levar ao culpado final.
- Porque raio nunca me contaste isto?
- Porque tu irias te armar em fedelha arrogante e que só olha para o seu umbigo e não irias querer saber da Amanda, ias apenas continuar o teu caminho na investigação patética de um crime que aconteceu há vinte e seis anos.
Ouvir aquelas palavras serem disparadas por Melissa estavam a sufocar-lhe, sentiu-se cada vez mais sob pressão e com necessidade grande de agredir a amiga. Lembrou-se que as seringas de Conan a iam acalmar mas recordou-se da verdadeira função e recuou. Alterada, Selena inclinou o seu braço na direção do frágil pescoço da amiga e começou a fazer força, o refeitório estava praticamente vazio e quem assistia aquilo estava no seu canto e com demasiado medo para intervir. Melissa só gritava e Selena sabia que tinha que parar mas não conseguia, a necessidade de fazer aquilo era maior que qualquer outra coisa naquele momento.
Após o pescoço, avançou para as frágeis mãos e os dedos cheios de nós que estalou um por um, não tinha bem noção do que estava a fazer. Por fim, agarrou na cabeça de Melissa e fê-la esbarrar na mesa várias vezes. Por fim, afastou-se com sensação de dever cumprido.
Mas então Selena foi sugada para a realidade através da voz de Melissa.
- Selena! Está tudo bem?
- Perguntava enquanto estalava os seus dedos aa frente do rosto de Selena. Selena olhou confusa a sua volta. Não havia gritos desesperados. As pessoas que antes estavam amedrontadas conversavam animadamente. Melissa não apresentava um único arranhão. Selena ponderou estar a dormir acordada e a raiva adormecida que sempre a acompanhou lhe estivesse a afetas as ideias.
- Talvez tenhas razão. Mas a Amanda aceitou entrar e todas sabiamos os riscos que corriamos. - Argumentou Selena.
Melissa encolheu os ombros desinteressada. - De qualquer das formas não ha forma de a trazer de volta. Selena olhou para a sua comida em silencio.
Melissa brincava com a massa do seu prato e mastigava um pedaço de bife.
O silencio tornou-se incomodativo e ambas se estavam a fartar dele.
- Nunca havia silencio com a Amanda aqui. - Recordou Melissa rindo. - Sinto a falta dela. Selena sentiu-se culpada por momentos. Sabia que Melissa tinha razão e que Selena tinha contribuido para a morte de Amanda e o seu orgulho não a deixava admitir isso.
Lembrou-se então que não chegara a tentar saber se a polícia tinha suspeitado de alguém. Selba tinha o seu próprio suspeito, mas qualquer prova que contrariasse a sua teoria seria bem sucecida.
- A polícia suspeita de alguém? Encontrou alguma pista? - Perguntou Selena. Melissa mostrou-se um pouco incomodada com a pergunta. - Ainda nada. - Respondeu desiludida. O rosto de Selena entristeceu. - Ja suspeitava. - Selena... A Amanda não comentou algo contigo que te levasse a suspeitar de ninguém? - Perguntou esperançosa.
Selena ponderou contar a Melissa quem achava ter morto Amanda. Mas para isso teria de explicar-lhe a história desde o início. E a história não era assim tao pequena
. - Não e a ti? Melissa manteve-se calada por uns segundos, como se tivesse cuidadosamente a pensar no que responder.
- Ela não me contava muita coisa em relação as pesquisas dela. Adorava fazer suspense. - Disse reticente. - Mas... - Mas no dia anterior a morte dela eu encontrei uma conversa com um anonimo. Lá esse anonimo dizia para ela ter cuidado e para não meter o nariz onde não era chamada. Selena olhou surpreendida para a amiga.
- Porque e que nunca me disseste isso? O que descobriste mais? - Perguntou curiosa.
- Mais nada. A Amanda chegou a casa muito animada e tive que me afastar do computador. Depois ela disseme aquilo que te contei a pouco.
- Mas suspeitas de alguém Melissa?
- Ela acabou por me contar que era algo que o que descobriu era algo que nunca pensamos. Ela ia contar-nos no dia em que foi morta. - Melissa começou a chorar ao lembrar-se. - A polícia disse-me que ela foi morta poucos minutos antes de eu chegar. Era só eu ter chegado um pouco mais cedo... Melissa não terminou a frase. Escondeu o rosto nas suas mãos e deixou as lágrimas escorrerem pelo seu rosto. Selena aproximou-se de Melissa abraçando-a e disse ao seu ouvido: - Eu prometo que vou descobrir quem a matou e essa pessoa vai pagar caro. Selena não estava cem porcento certa de que ia conseguir fazer essa pessoa sofrer. Nem que era o verdadeiro culpado.
Mas estava cem porcento determinada a desvendar tudo para chegar ao assassino de Amanda.
YOU ARE READING
Guardiões do Subsolo
RandomSelena tem vinte e sete anos,é estudante de medicina e trabalha no McDonalds, vive com Conan, o melhor amigo do seu pai que já faleceu, e ambos tem um caso amoroso que já dura há quase oito anos. Aparenta ser uma rapariga normal mas esconde um segre...