Adeus Mãe

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  Tara e Thomas estavam fechados na arena à horas. Tara agonizava de dores. Nao dores físicas. Dores psicológicas. Não escondia o medo que sentia. Mas também doía o que Thomas estava a fazer-lhe. E sentia ódio por ele. Um ódio que crescia a cada segundo que Tara passava naquela Arena.

- Posso ficar aqui o dia todo Tara. - Disse Thomas rindo. - Não vale a pena irritares-te. Devias aproveitar para ser feliz no tempo que te resta.

- Eu odeio-te! - Cuspiu Tara. - Eu vou matar-te Thomas!

Thomas nao resistiu e riu do que Tara havia dito. - Resposta errada outra vez. Achas que tas em posição disso? Quer dizer, tu estas aí. - Disse apontando para a Arena rodeada de grades. - E eu estou aqui. - Apontou para a poltrona onde estava sentado.

Tara resmungou. - Se me queres matar, mata-me logo.

- E perder toda a diversão? Pensas-te mesmo que depois de te andares a armar em espiã e andares a por o nariz onde não eras chamada ias ter uma morte rápida? - Perguntou Thomas de forma divertida. - Nao gosto que se metam nas minhas coisas sem que eu peça. Tu, Tara, ja devias saber isso mais do que ninguém. - Concluiu.

- És um monstro!

- Nao te cansas de errar? Eu não sou um monstro. Sabes quem é que é um monstro? - Perguntou Thomas a Tara sem esperar resposta dela. - A minha convidada especial para a tortura de hoje. A tua primeira e última. Espero que gostes.

Mal Thomas disse aquilo uma porta abriu-se na Arena e deu entrada a uma pessoa. Tara paralisou quando viu quem era. Não queria acreditar e esfregou os olhos várias vezes para saber se estava a sonhar ou se a sua mente tinha sido invadida por Thomas.

- Nair? - Perguntou Tara espantada. - Eu nao acredito.

- Acredita mãe, sou eu.

Tara correu na direção da filha, que já nao via a anos. Abraçou-a ainda não acreditando que era verdade e que Nair estava viva, ao seu lado. - É esta a tortura que tens para mim? - Perguntou Tara virando-se para Thomas.

- Falar cedo demais nunca corre bem Tara. - Disse Thomas levantando-se e aproximando-se das grade da Arena. - Sabes, ressuscitei a Nair porque sempre vi potencial nela. Inteligente, bela. - Disse passando a mão pelos cabelos de Nair. - Inocente e ingenua. Mas com a pessoa certa ela seria a arma perfeita. Claro que, tal como a mãe, nunca soube estar quieta no seu lugar e desobedeceu-me varias vezes. - Puxou os cabelos de Nair e fe-la bater com a cabeça nas grades da Arena.

Tara paralisou no tempo e tentou assimilar o que Thomas lhe havia dito. Queria avançar para ajudar a filha. Nao queria que Nair sofresse por sua causa. No entanto, Nair apenas se ria. Nao demonstrou qualquer tipo de dor. Tara ficou assustada com a reação da filha e recuou alguns passos.

- O que é que fizeste a minha filha? - Perguntou Tara horrorizada.


- Transformei-a num monstro. Ela é o monstro! - Declarou Thomas rindo e soltando os cabelos de Nair.

Tara começou a chorar desesperada. - O que aconteceu a minha pobre Nair? O que fizeste com ela? - Gritou Tara ajoelhada no chão.

- Essa Nair morreu. - Respondeu Thomas. - Esta Nair, que esta a tua frente, é constrolada sob as minhas vontades. Mas algo que não posso mudar é os defeitos que lhe transmitiste. Apesar de tudo, Nair continua viva. Eu simplesmente restaurei a sua personalidade.

Tara olhou para Thomas com raiva. E a seguir encarou Nair. Nesse momento a sua expressão suavizou. Tara tinha pena do que tinha acontecido a filha. Sentia-se culpada. Sentia que falhou completamente como mãe. Nair aproximou-se de Tara e estendeu-lhe a mão. Nesse momento, Tara pensou que Thomas estava a fazer bluff. Que a verdadeira Nair estava a sua frente. Mas assim que agarrou a sua mão, os olhos de Nair escureceram. Cairam num vazio escuro e aí Tara percebeu que estava enganada. Mas era tarde para fugir. Nair atirou a mãe para o outro lado da Arena com uma força brutal. O choque entre Tara e as grades fora tao grande que Thomas, do outro lado, deliciou-se com o som.

- Tem calma Nair, não quero que ela morra já. - Disse Thomas e virou-se, voltando para a sua poltrona. - Ela tem que sofrer e só quando tiver sofrido o bastante é que morrerá. Nair aproximou-se de Tara e levantou-a agarrando na sua camisola.

- Nair filha, por favor ouve-me. - Disse Tara desesperada. - Sou a tua mãe Nair.

- Deve ser tão mau estar na tua pele mãe. - Disse acariciando o rosto de Tara com a sua mão livre. - A dor de ter sido enganada. Eu também senti isso sabes? Quando ninguem me foi ajudar quando mais precisei. Porto

- Tu não estas a pensar por ti. É o Thomas que te esta a controlar Nair. Acorda! - Dizia Tara procurando um pouco de compaixão na filha. - Por favor Nair.

- Senti-me traída e magoada. - Disse Nair ignorando o pedido da mãe. - Não fisicamente. Mas sim aqui. - Apontou para o seu coração. - Felizmente ja nao tenho que me preocupar com isso. O Blood Angel tratou de não me fazer sofrer mais. E eu vou fazer o mesmo contigo. Nunca mais vais sofrer mãe. - Disse rindo como uma psicopata. - Porque vais estar morta! - Atirou Tara de novo para o lado contrário da Arena. - Mais sofrer como eu sofri. Morrer como eu morri. - Aproximou-se de Tara e baixou-se ao nivel dela. - Mas desta vez nao vai haver ninguém para te salvar da escuridão.

Tara ainda tentou implorar a filha piedade. Mas estava fraca demais para falar. Ja pouco sentir o seu corpo e a sua mente já so pedia a morte para que o sofrimento acabasse. Nair agarrou numa faca que trazia a cintura e apontou ao abdomen de Tara. Olhou para Thomas como se estivesse a pedir uma confirmação para avançar e este assintiu. Sem dó nem piedade, Nair espetou a faca no abdomen da mãe, que não proferiu um único som apenas arregalou os olhos. Nair aproximou-se do rosto de Tara e depositou um beijo. Um beijo frio. Sem qualquer tipo de sentimento. Um beijo que fez Tara estremecer pela última vez.

- Adeus mãe. - Disse Nair virando costas ao corpo de Tara.  

Guardiões do SubsoloWhere stories live. Discover now