Guardiões do Subsolo

Pânico

  A reunião de Matt, Josh e Blood Angel não tinha corrido tão bem como do costume. Blood Angel teve que decorrer a violência, algo que normalmente reprovava. Normalmente, ficava-se pelas ameaças e os gritos. O que interessava é que Matt não estava a cumprir o seu trabalho tão bem como desde o primeiro dia. Era seu dever informar Blood de qualquer coisa se passasse. Quando Blood, pediu a Josh que saísse, Matt já sabia o que ia acontecer.

Por muitas vezes presenteara Blood a aplicar tortura noutras pessoas, chegara a sua vez. Quando chegou a sala de tortura, entendeu que não ia ser torturado com nenhuma das assustadoras geringonças quando a voz autoritária de Blood Angel o ordenou sentar-se numa simples cadeira de baloiço.

Foi então que viu o dedo robótica de Blood Angel a se transformar numa broca. Matt estava aterrorizado e mal ouviu o barulho eléctrico da broca pensou que ia morrer mas o barulho cessou.

Thomas fitava-o intrigado e soltou uma risada sarcástica- Querido Matt, Querido Matt. Então achaste que eu te ia perfurar? Estamos nisto juntos, para o bem e para o mal. Foi só um susto mas se voltares a cometeres o mesmo erro, podes crer que sais daqui com um buraco na testa, no ouvido e até no peito. Agora vai-te lá embora- cuspe Thomas, entre risadas e olhares ameaçadores.

A saída Matt cruzou-se com Selena, para ele, o encontro não tivera significado já para Selena foi intrigante e ao mesmo tempo esclarecedor.

Era o homem da foto. O mesmo que, de alguma forma, estava relacionado ao caso do seu pai. Ja com o homem fora de vista, Selena voltou a focar-se no que viera fazer. Olhou em volta a procura de Blood Angel. - A minha procura? - Disse Thomas atras de Selena.

Num impulso, Selena voltou-se para trás e encarou Thomas. - Sim. Na verdade ia perguntar-te se ja sabias a quem pertenciam os cabelos.

- Conan não mentiu. Não encontrei qualquer correspondencia entre amostras de outros cabelos. Provavelmente trata-se de um assaltante. - Revelou Thomas.

Selena não disse nada. Limitiou-se a baixar a cabeça e a fazer uma cara decepcionada. Na verdade, Selena não sabia bem como se sentir. Se feliz por Conan não lhe ter mentido mais uma vez. Se desiludida por não encontrar mais formas de odiar Conan. Mas pensar nele causava-lhe nauseas naquele momento. Pensar que Melissa havia estado envolvida com o homem que amava deixava Selena de rastos. Sentia-se traída. Sem reparar, Selena deixou cair uma lágrima. Atrapalhada, limpou-a e pos as sua melhor cara para Thomas. Porem, Thomas não se deixou enganar pelo sorriso falso de Selena.

- Aconteceu alguma coisa? - Perguntou preocupado.

Selena abanou freneticamente a cabeça a afirmar que não. - Não aconteceu nada. É so que... Sinto falta da minha amiga só isso. - Disse rapidamente a primeira desculpa que lhe veio a cabeça. - Conheces aquele homem que se cruzou comigo a saída? - Selena tentou desviar o assunto para o que realmente lhe interessava saber.

- Não sei a quem é que te referes. Passam por aqui dezenas de homens por dia. - Disse Thomas rindo.

- Pois...

Selena sentia-se mal. Fora até Thomas na esperança de alguma resposta e não obtivera nada. Despediu-se de Blood Angel e saiu desanimada da sala. Encarava o chão enquanto andava devagar. Selena sentia-se inútil por estar tão perto de descobrir uma pista e não conseguir agarra-la.

Sentia-se mais inútil ainda por ter sido traída por Conan e Melissa, que a enganaram de forma extraordinária. Mas no meio de tanto desprezo, Selena sabia que ainda era importante para algumas pessoas. E que ainda tinha uma missão a cumprir antes de desejar poder partir. Vagueando nos seus pensamentos, Selena não apercebeu por onde andava e esbarrou-se contra um corpo. Selena apressou-se a desculpar-se, assim como a pessoa com quem embatera. Era Josh quem estava a sua frente. O loiro de olhos abaixou-se para pegar num livro que tinha caído. Quando se levantou, Selena teve que elevar um pouco o seu olhar para observar o rosto de Josh. Não era muito alto. Porem, também não era baixo. Devia medir meia duzia de centimetros amais que Selena. Mas isso não era um incomodo para ela. Nem para ele. Ambos ficaram em silencios a olhar um para outro, como se estivessem hipnotizados.

- Acho que não começamos da melhor forma. - Disse Josh tomando a iniciativa de quebrar o silencio.

Selena riu envergonhada. - Concordo.

Josh abriu a boca para falar. Mas não pronunciou nenhuma palavra. Como se tivesse esquecido como o fazer. Foi então que, a segunda vez, disse: - O que achas de irmos dar uma volta? Para... Sei la... Para nos conhecermos melhor.

Desde o inicio que Selena reparara em Josh, de facto, não começaram na melhor maneira mas depois daquele dia magnifico que ambos partilharam, Selena não podia ter ficado com melhor impressão dele. Josh fora carisonho, ouvira-a como nunca ninguém tinha ouvido e não exigira nada em troca. Sem dar conta, Selena se entregou completamente a ele, mas não lhe entregou o corpo, entregou-lhe a sua alma.

A filha de Thomas só chegou ao apartamento perto da uma da manhã estivera a passear com Josh até essa hora. Selena temia o pior, temia encontrar uma lingerie espalhada no chão do quarto deles, Melissa ou outra desavergonhada deitada ao lado de Conan e cada vez mais se aproximava do puxador da porta, o medo aumentava.

Quando abriu a porta, encontrou Conan e Melissa deitados na mesma cama, partilhando um longo beijo. Teve um ataque de raiva, desatou aos berros e inclinou-se para o sitio onde estava Melissa e tentou esgana-la... mas percebeu que estava a esganar o ar e o vento. Não passara de uma ilusão de mais outra ilusão.

- Que se passa contigo, Selena?- questionou intrigado e aterrorizado Conan.

- Nada. Estou apenas transtornada- justificou-se.

- Onde estiveste?- perguntou Conan com um tom autoritário que não agradara Selena.

- Num sitio que não te diz respeito.

Conan assume uma atitude violenta, agarra no seu braço com uma força extrema e grita-lhe aos ouvidos que exige saber onde ela esteve. Impávida e serena, Selena responde "Não" e tenta largar-se do braço de Conan, inclina-se tanto que acaba empurrando o seu amado contra uma mesinha de vidro transparente onde está pousada uma jarra que, segundo este, foi uma prenda de Lucy.

Lá estava Conan imóvel no chão há mais de cinco minutos, Selena entrara em pânico entre gritos e atos violentos, tentara soltar-se das amarras que este lhe impusera mas acabava por cometer um ato macabro. Estava assustada, bastante, assustada até. Quando viu que Conan se preparava para levantar avaliou duas opções, fugir ou continuar lá. Seja qual fosse a que escolhesse, o importante seria manter a sua segurança. Ainda não tomara a decisão e já se faziam ouviu os grunhidos de protesto de Conan, sentiu uma mão afagar-lhe o cabelo e por momentos, estava a gostar até que conseguiu, finalmente, sentir... o cheiro. O cheiro de quem tinha bebido demais e o medo de Selena ganhou outros tons.

- Tu vais morrer hoje, cabra- ouvia-se Conan dizer, entre gunhidos.

Impaciente e aterrorizada, Selena ainda não tinha tomado a decisão e tornava-se tarde demais