Selena abriu os olhos, tentou perceber onde estava. A última recordação que tinha era a queda de um penhasco. A seu lado estava um homem bonito,que devia ter uns 40 anos. Lá no fundo, Selena via o rosto do homem como familiar mas era incapaz de se recordar do nome dele. Ele sussurava o nome dela ao ouvido, implorava por um pouco de atenção. Após várias tentativas, o homem deixou a sala. Selena continuava a tentar identificar onde estava. Não tinha a certeza da cor que a rodeava e estava prestes a desistir quando vislumbrou um velho relógio de cuco. Foi como se as memórias, que estavam ocultadas, disparassem. Selena percebeu onde estava... na casa dela. Era impossível ela esquecer-se desta casa. É verdade que tem vagas recordações da sua família mas as que guarda, nunca mais esqueceu. Quando Thomas entra na sala, Selena desperta do mergulho nas recordações da sua infância.
-Filha... -A voz grave e ponderada do pai, volta a aquecer-lhe a alma como aquecia antes deste partir. Ainda com a voz fraca, Selena tentou saber onde estava. Ao ver a preocupação da jovem, Thomas achou que estava na hora de contar a verdade. - Sentes te capaz de me seguir?
- Vou tentarThomas pediu a filha para lhe estender a mão e logo de repente chegaram a uma prisão. Do outro lado, estava uma mulher loira e que devia ter uns 50 anos. Selena recordava-se vagamente dela, e tinha uma leve sensação de estar perante a sua mãe.Thomas, que tinha o dom de ler as mentes, percebeu o que a filha estava a pensar e tomou a palavra: -É mesmo a tua mãe. Ela não te pode ver nem ouvir. Foi o Conan que a pos aqui. Selena interrogava-se o que levara Conan a inserir a mãe na prisão. E mais importante porque é que sempre o ocultou.
Selena tentou encarar o pai e aguardar as explicações dele mas, em vez disso, reparou que ele já não estava a beira dela, evaporou-se assim como a ferrugenta prisão e o rosto abalado da mãe. Em vez disso, estava deitada numa cama de hospital rodeada de amigos e colegas de trabalho. Nem havia sinal de Conan e Selena suspirou meio de alivio, meio de decepção.
- O que aconteceu? - Perguntou Selena levando a sua mão a cabeça.
No mesmo instante, um medico entrou no seu quarto. - Gostaria que abandonassem o quarto, a menina Selena necessita descansar. - Declarou. Todos, sem exceção, obedeceram ao pedido e saíram do quarto. O homem de bata branca aproximou-se da cama de Selena e olhou para a maquina que media os seus batimentos cardíacos. - Teve muita sorte por não ter entrado em coma.
Selena olhou para o médico confusa. - Afinal o que aconteceu?
- Isso terá de perguntar a quem a trouxe aqui. Quando chegou estava com os batimentos cardiacos bastante fracos e os seus niveis de açúcar estavam quase a zeros. Tudo indica que teve uma descarga de energia.
- Quem me trouxe aqui? Porque é que eu não me lembro de nada?
- Esta com uma amnesia temporária, não se preocupe que em poucas horas, o mais tardar dias, já se lembrara de tudo. - Disse encarando Selena. - Quanto a quem a trouxe, saiu assim que foi levada para os cuidados intensivos. - Falou e saiu.
Selena suspirou frustrada. Raciocinara que talvez tenha sido por isso que Conan não estava ali. Logo Selena relembrou as palavras do pai e fechou os olhos, deixando uma lagrima escorrer pelo seu rosto. O seu coraçao doía. Sentia-se traída, enganada pela pessoa que mais amara no mundo. Quando voltou a abrir os olhos assustou-se com Conan encostado a porta.
Sorriu e aproximou-se. - Pregaste-me ca um susto! Não sei o que faria se tivesses morrido. Selena não respondeu. Limitou-se a encarar a janela. - Passasse alguma coisa? - Perguntou Conan curioso.
- Quem me trouxe aqui? - Repetiu a pergunta que a pouco tinha feito.
- Fui eu. Encontrei-te desmaiada no teu carro na garagem.
Dito isto, Selena encarou Conan desconfiada. - A serio? Porque eu lembro-me perfeitamente de ir para um hotel.
- Tu estas muito abalada e normal estares confusa.
- Não estou confusa, sei muito bem o que fiz Conan! - Resmungou Selena.
Conan olhou confuso para Selena. - Porque e que me estas a falar assim? Ate parece que cometi algum crime! - Respondeu já perdendo a cabeça. As palavras do pai de Selena faziam eco na sua cabeça. Olhou furiosamente para Conan e cuspiu as palavras que a sufocavam: - Tu és um criminoso! Eu sei que foste tu que matas-te o meu pai! Tu prendeste a minha mãe Conan! MENTISTE-ME A VIDA TODA E EU ACREDITEI!
O discurso de Selena apanhara Conan desprevenido. - Estas doida! – exclamou, simulando uma preocupação.- Estou tudo menos doida! Já não me enganas mais. És um monstro e eu tenho vergonha de te ter amado e admirado por todo este tempo!
Conan avançou sobre o corpo de Selena e tentou beija-la, beijo esse que ela recusou com toda a bruscridão.
- Sel, olha para mim. Olhos nos olhos - Contra todas as duvidas e ainda com o que o pai dissera, fresco na sua memória, Selena fez o que Conan lhe pediu- A verdade é que tu te tentaste suicidar. Foste encontrada por um faroleiro, perto do penhasco e foste trazida para cá. O choque pode te ter afetado a moleira e começares a alucinar. - Suicidar? Que razões teria eu para isso?- Disse Selena com dificuldades.
- Discutimos na noite passada. Foste para uma pensão barata, foi encontrado alcool dentro do teu carro... e injetas-te com um molho de seringas.- Respondeu Conan mantendo a calma, para não ser denunciado
-Se assim é, talvez, eu tenha imaginado o meu pai. - Disse Selena numa tentativa desesperada de acreditar que imaginara tudo.
- Isso mesmo, foi fruto da tua imaginação fértil. Sel, eu amo-te. És tudo o que eu tenho e nunca faria nada que te pudesse magoar.
Selena prometeu ao amado que iria pensar em tudo isto. Conan saiu da sala, mas antes inclinou-se para lhe beijar a testa. Selena não demorou muito a voltar a dormir. Quando os médicos, a foram acordar para tomar os medicamentos, reparou que alguém lhe tinha colocado um bilhete amorrotado, junto da almofada. Morta de curiosidade, esperou que a enfermeira Lúcia acabasse as dosagens diárias e abandona-se o quarto para ela poder ler a vontade o bilhete. Assim que isso aconteceu, Selena, ainda debilitada, pegou desajeitadamente na curta mensagem, escrita com sangue, que dizia " CONAN MENTE Assinado J". Ao ler isto, Selena deixou cair o papel, percebera que fizera asneira, porque se alguém o lesse iria ter muito que explicar e tentou levantar-se da sua cama para o apanhar. O resultado foi o que ela esperava e assim que saiu da cama, caiu bruscamente.
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Guardiões do Subsolo
AléatoireSelena tem vinte e sete anos,é estudante de medicina e trabalha no McDonalds, vive com Conan, o melhor amigo do seu pai que já faleceu, e ambos tem um caso amoroso que já dura há quase oito anos. Aparenta ser uma rapariga normal mas esconde um segre...