- Minha ficha ainda não caiu... - Ela disse com a voz chorosa olhando para ele. Sua cabeça estava inclinada para cima, denunciando ser ao menos quinze centímetros mais baixa que o amigo, enquanto os olhos azuis brilhavam com as lágrimas.
"Sentirei falta desses olhos" ele pensou, vendo o azul se tornar opaco. Amava os olhos dela, transmitiam seu temperamento, que hora ou outra oscilava entre o azul e o verde.Alfonso a olhou carinhosamente, sabendo que nem a dele havia caído. Estava de mudança. Seus pais haviam ganhado uma grande oportunidade de emprego na nova empresa de publicidade que estava se expandindo para outro país.
Não que não ficasse feliz pelos pais, afinal, ambos eram apaixonados no que faziam. Mas morava no Brasil desde sempre! Todos os seus 16 anos estavam ali.
E era hora de se despedir, e a pior parte, se despedir da sua melhor amiga.Anahi era seis anos mais nova. Uma amizade estranha, afinal, um adolescente sendo amigo de uma quase-pré-adolescente não era comum de se ver. Mas depois que viu um garoto magricela brigando com a menina gordinha no parque da cidade, não pode se segurar e acertou um tapa na nuca do garoto. Desde então, ela lhe era completamente grata e sua "fiel escudeira" como se auto denominava.
E agora, 5 anos mais tarde, ele estava indo.
- Pequena - A chamou carinhosamente enquanto segurava seu rosto com as duas mãos, apertando suas bochechas gordinhas - Eu vou voltar pra você.
- Promete? - Disse em um fio de voz que restava.
- Eu juro - A abraçou e sentiu seus soluços - Você sabe que eu sempre cumpro as minhas promessas.
Ela apenas assentiu a cabeça, sabendo que era verdade.
Em seu aniversário de 8 anos, ele estava num encontro com uma garota, mesmo tendo apenas 14 anos, e lhe prometeu que chegaria antes de acabar o parabéns. E assim que terminavam a frase "muitos anos de vida", ele estava na porta com os cabelos alvoroçados, uma marca de chupão no pescoço e um presente em baixo do braço.Ela pegou a barra da camisa dos Beatles que ele usava e torceu no dedo. Uma mania que já havia desgastado a barra de ao menos metade das camisas dele.
- Só não demore por favor - Choramingou.
- Tente ir me ver também. Juro que vou sempre usar uma cama que dê para os dois, ok?
Ela riu e fungou - Ok. Mas só tenho 10 anos. Não vou viajar para o Canadá sozinha - Disse fazendo um bico engraçado.
- Não se preocupe. E lembre-se de que eu disse que te levaria à balada no seu aniversário de 18 - Brincou
- Mas ainda faltam oito anos! - Quase berrou e seus pais riram, ainda sentados no banco do aeroporto.
Ele riu e seu vôo foi chamado - Eu te escrevo. Prometo, toda semana vou te mandar uma carta.
- Tudo bem! - Ela pareceu mais animada com a ideia e se despediu mais uma vez do amigo.
Ruth e Marcelo guiaram o filho até o embarque e acenaram para Marina e Franco, que seguravam os ombros da filha, a qual chorava compulsivamente.
- Acalme-se meu amor, o Poncho disse que voltaria não disse? Ele não quebra as promessas. - Marina tentou consolar a menina, em vão.
- Sim, mas vai demorar muito... - Soluçou.

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Eu Juro - AyA (Pausada)
Random"Quebrar o juramento é como negociar a própria honra" E Alfonso Herrera nunca quebrava um juramento. Muito menos quando se tratava de um feito a sua melhor amiga, Anahi Giovanna. Mas agora ele se vai, e terá que manter sua palavra não importa o que...