Voz doce

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De noite, após uma bela manhã na piscina e uma tarde de filmes, Anahi tentava a todo custo carregar Alfonso para um pequeno bar com música ao vivo.
- Poncho por favor! - Bateu mais uma vez na porta do banheiro, depois que ele se trancou ao recusar-se ir ao bar.
- Any, já falei que não quero ir. Vamos ao cinema, ou ao shopping. Juro que te compro um livro - Tentou a chantagem.
- Nada disso! Poncho por favor! Christian vai cantar e não posso perder a apresentação dele.
- E sua mãe deixa você ir nesses bares? - Perguntou ainda atrás da porta.
- Claro, é um ambiente familiar, não é nada do que pensa. Toronto é muito pior, aqui não há problemas.
- Any, independente. Você tem 15 anos e não deveria ir a esses lugares. Vamos ao shopping, comemos algo e vamos ao cinema, decidido.
Ele a ouviu bater o pé - Vá você. Vou nem que seja sozinha ao bar.
Quando ela estava se virando, ele escancarou a porta mandando-a ficar no lugar em que estava. Também, mesmo se quisesse ela não conseguiria sair dali. Poncho havia acabado de sair do banho e ainda tinha a pele úmida. A toalha enrolada em sua cintura com o peito exposto e a cara brava dele a deixaram sem fôlego.
Que diabos estava acontecendo?
- E você acha que vai com essa roupa? - Indicou, principalmente a barriga exposta pela blusa branca curta que usava.
- É o que uso normalmente.
Analisou a calça jeans apertada nos lugares certos, a pequena linha em que aparecia sua barriga, nada mais largo do que dois dedos, e a blusa branca com um belo decote nas costas. Não via nada errado... Por que ele ficara tão incomodado?
- Any, vá colocar ao menos um casaco - Esfregou as têmporas e levou a mão ao no da toalha.
"Deus, por favor, não faça essa toalha cair" ela orou baixinho, mas quase se arrependeu e pediu que caísse.
"Diabos Anahi! Pare com isso! Droga!"
Ela respirou fundo - Poncho, venha comigo por favor. Se não for, vou sozinha.
Ele suspirou um "droga" e seguiu para seu quarto ainda agarrado a toalha.
- Vou esperar aqui fora - Anunciou, e ele pareceu ignorar.
Quando trancou a porta, ela pegou o celular do bolso e mandou uma mensagem a Christian. O mesmo não demorou a responder com um "Ok" e uma frase que a fez rir.
No mesmo instante, Alfonso saiu do quarto, já de calça e tênis, a toalha pendurada num ombro e a camisa no outro.
Outra vez, ela perdeu o ar. Poncho estava definitivamente sexy assim.
O seguiu até o banheiro, onde ele escovou os dentes, pendurou a toalha e vestiu a camisa.
- Vamos, mas já deixo claro que quando eu disser que vamos embora, nos vamos na mesma hora entendeu? - Ele disse, com a voz grossa de quem não aceitaria "não" como resposta. Mas ela nem ousava negar.
Assentiu obediente e ele trocou algumas palavras com o pai, pegou a chave do carro e logo estavam na rua.
- Me guie - Outra ordem.
Sentiu sua pele arrepiar e torceu para que ele não percebesse quando ela apontou para seguir reto e virar à direita.
Continuou guiando-o por cerca de 15 minutos, até um bar-restaurante próximo ao centro da cidade.
O moreno olhou pela janela e já dava para ver algumas famílias reunidas no local. Realmente, o bar não era lotado de bárbaros bêbados e vadias procurando macho.
Quando entraram, Christian estava no palco cantando Reginaldo Rossi e quando os viu acenou discretamente.
- Venha, Kuno e Christopher estão aqui também - Ela o puxou pela jaqueta e apontou para uma mesa redonda no canto.
Nela, Christopher, Kuno e Victoria estavam junto com mais três homens e uma garota que conversava animadamente com Victoria.
Quando os viram, Christopher foi o primeiro a cumprimentar o amigo.
- Achei que Any não iria conseguir - Riu.
- Estavam todos de complô contra mim? - Ele riu e olhou para Anahi que fazia cara de cúmplice.
- Todos estavam com saudade - Ela disse simplesmente com o rosto corado e um belo sorriso.
A puxou para perto e lhe deu um beijo na testa segurando seu rosto - Então obrigado por me obrigar a vir.
Ela riu e lhe abraçou, enquanto ele manteve um braço em sua fina cintura.
Kuno veio falar com ele, logo veio Victoria e a menina, apresentada como Belinda.
Tomás, Theo e Nico vieram logo depois.
Sentaram-se no canto, numa mesa grande que comportava todos. Alfonso manteve a conversa com Tomás e Theo, enquanto Nico e Christopher falavam com Anahi, e as duas outras conversavam entre si.
Vez ou outra, Alfonso mirava Anahi a sua frente, agradecendo a Deus pela loira ainda usar o casaco que ele a mandara colocar, mesmo que estivesse um tanto calor naquela noite e suas mangas já estivessem dobradas até seu cotovelo.
Ela estava entre seus dois amigos, ambos pouco mais altos que ele, o que a deixava especialmente mais baixa, com mais cara ainda de criança.
Como aquela garota se dava tão bem com as pessoas mais velhas? Ainda mais seus amigos, que ele tinha certeza de que haviam parado de falar com ela quando ele teria ido para fora.
Seus questionamentos cessaram quando Christopher passou o braço por seus ombros e apontou o celular para tirarem uma foto, um tanto juntos de mais.
Tiraram mais algumas e riram juntos, até que Christian veio chamar a amiga para o palco.
Agradeceu mentalmente e ouviu todos da mesa aplaudirem quando a loira subiu ao palco.
Nessa hora lembrou-se da adolescência com a menina, quando ele estava bravo ou chateado e ela o fazia sentar para ouvi-la cantar. Deus, como sentia falta da voz da garota.
Sutilmente, as primeiras notas começaram a soar. De todos os loucos do mundo, Clarice Falcão. Claro, Anahi tinha uma pequena queda por seu jeito de cantar e o "olhar um tanto psicopatico", como ela dizia.
Anahi tinha muitas qualidades, mas uma das mais marcantes era a voz. Tinha a voz meiga, melodiosa e com um poder calmante, mesmo quando estava apenas falando.
E, claramente, todos ali já tinham percebido.
A voz doce continuou até que as últimas notas tocaram e todos do bar aplaudiram, alguns pedindo mais e outros pedindo que cantasse novamente a música.
Corada, ela apenas agradeceu e desceu do palco andando rápido até a mesa onde estavam.
Ele pegou sua mão quando ela sentou a sua frente e beijou.
- Estava perfeita, como sempre.
Em troca, ele recebeu o sorriso mais bonito que ela já dera.
- Obrigada Poncho, significa muito vindo de você.
- Calma Barbie, ainda vai chover elogios em você - Christopher riu e beijou sua bochecha - Agora posso postar nossa foto e dizer que te conheço desde antes da fama.
As pessoas na mesa riram, brincando que ela não poderia esquecer de ninguém ali.
Alfonso permaneceu segurando a mão da amiga por cima da mesa e conversando agora com Victoria e Belinda. A última tinha mostrado interesse nele, e ele definitivamente não queria perder a oportunidade...

Eu Juro - AyA (Pausada)Onde histórias criam vida. Descubra agora