Estava tudo igual. O aeroporto onde, há exatamente cinco anos, ele se despedira dela. Os mesmos bancos marrons, as mesmas paredes amareladas, o mesmo portão de desembarque...
Agora olhava a figura de seu pai parado na frente do carro, 23:30 da noite, usando uma calça de moletom e uma camiseta branca com tênis de correr.
Marcelo riu - Tal pai, tal filho - Brincou com a vestimenta de ambos.
Alfonso riu e abraçou o pai, já sentindo a diferença de dois anos. Marcelo estava mais robusto, enquanto o filho estava poucos centímetros mais alto e mais corpulento. Quase sem comparação com o garoto magricela que era.
- Está grande menino, quando foi que cresceu assim? - O pai comentou colocando a mala no banco de trás.
- Depois que o senhor voltou pra ca, tenho malhado mais, e cresci mais alguns centímetros - Deu de ombros.
- Está cansado?
Alfonso apenas negou com a cabeça. Havia dormido três horas no avião e no resto do tempo estava vendo filme ou conversando com uma senhora sentada ao seu lado, que se descobrira uma avó que acabava de visitar seu neto recém nascido e agora voltava para casa.
- Estou cansado de ficar sentado na verdade.
Marcelo riu e seguiram para a antiga casa em que moravam. Quando partiram, Ruth quis vender, mas o marido insistiu que deviam manter alugada para dar um dinheiro a mais. Depois do divórcio, ele ficou com a casa e agora residia nela.
O trajeto foi feito com poucas palavras, mas nada que fosse desagradável. No rádio, Zakk Wylde cantava Sold my Soul, ambos cantarolavam baixo a música e logo estavam em casa.
Marcelo pegou a mala do filho e o outro carregou a mochila. Nos vinte passos da calçada até o portão da casa, Alfonso havia contado como passou o aniversário de 19 anos dormindo por dois dias, graças a um remédio e acabara perdendo a própria festa.
- E todos comeram mesmo sem você? - O pai riu colocando a mala no chão para abrir o cadeado.
- Sim, mas deixaram um pedaço de bolo na geladeira - Sorriu.
Quando a porta abriu, cerca de dez pessoas gritaram "Surpresa" enquanto jogavam confetes nele.
Ainda assustado, perto de meia noite, observou seus avós paternos no pequeno sofá, entre eles deduziu ser seu primo de cinco anos, João Guilherme, ou apenas Guilhe. Sabia que o garoto havia nascido logo depois que ele se fora, havia recebido fotos por email, dos tios que agora se encontravam no canto ao lado do sofá.
Havia ainda um casal de aparentemente quarenta e poucos anos cada, que se lembrava de serem amigos de seus pais antes da mudança.
Num outro lado, Christopher e Kuno, seus amigos de infância, ambos bem diferentes do que se lembrava. Kuno era tão magricela quanto ele, porém agora estava mais corpulento, enquanto Christopher sempre tivera porte de um rapaz aparentemente musculoso, mas agora parecia malhar de verdade.
Entre eles, adolescente com os cabelos loirissimos o olhava sorrindo. Era Anahi? A garotinha de cabelos castanhos lisos e gordinha, agora era essa loira muito magra com um short jeans curto e cropped exibindo a barriga chapada?
Por Deus, quanto tempo havia se passado? Eram apenas cinco anos. A merda de cinco anos se passaram e a tornaram desejável.
"Desejável até de mais" praguejou mentalmente ao ver Kuno segurando em sua cintura.
- Alfonso! - Marcelo o chamou, despertando-o.
Ele sorriu para o pai e agradeceu a todos ali. Abraçou os avós, se apresentou pessoalmente ao primo, falou rapidamente com o casal amigo dos pais, cumprimentou os tios e seguiu para os amigos.
Christopher foi o primeiro a lhe abraçar.
- Poncho, quem diria que iria ganhar um pouco de fibra - Caçoou. Estava quase da mesma altura de Alfonso, somente um pouco mais baixo.
- E quem diria que você iria ter barba - O moreno zoou do amigo, puxando os poucos fios do queixo dele.
Kuno se aproximou - Ele não perde a carinha de bebê - Brincou e abraçou Alfonso - Poncho. Achamos que não ia voltar nunca.
- Claro que ia, eu prometi - Disse firme.
Kuno era mais baixo que Christopher, o que o fazia bater no nariz de Alfonso em altura.
Assim que soltou o amigo, se perguntou como deveria cumprimentar a que provavelmente seria Anahi, mas assim que Kuno os apresentou, se decepcionou.
- Poncho, essa é a Victoria, ou apenas Vick.
Suspirou. Não sabendo se por alívio ou pela decepção. Por que ela não estava lá?
- Olá Poncho - Ela estendeu a mão e Alfonso se limitou a apertá-la.
Conversou um pouco com seus tios e se encantou pelo primo. Com o menino não havia sido diferente, o mesmo adorou a ideia de ter um primo mais velho que o levasse para tomar sorvete, e que poderia facilmente ser chamado de irmão devido a aparência muito semelhante.O casal de amigos saiu logo, justificando que iriam à missa de domingo de manhã sem falta. Seus avós, após uma longa conversa com o neto, agora ocupavam o tempo dos tios, falando sobre a infância de Alfonso. Já Guilherme, sussurrou no ouvido do tio e correu para os quartos da casa, no andar de cima. Ficou lá por alguns minutos, os quais Alfonso achou que estaria dormindo.
O relógio já marcava 01:38 da manhã, quando Alfonso chamou Christopher na cozinha.
- Calma parceiro - Ele riu, deixando o amigo um tanto confuso.
Do nada, a gritaria começou.
- Como assim ele chegou e vocês me deixaram dormir? Eu passei cinco anos sem ver meu melhor amigo e é assim que querem que eu o receba? - Exasperou.
Agora sim era Anahi. Tinha certeza. Ela sempre saberia fazer um escândalo desses em qualquer situação, principalmente se não fosse avisada da chegada de seu amigo, o qual esperara por cinco longos anos.
Quando correu de volta para a sala, viu o vulto loiro pulando em cima de si, e soube que aquela sim era sua Anahi.
- Eu senti tanto a sua falta Poncho - Ela sussurrou em seu ouvido.
- Eu também senti muito a sua - Sussurrou de volta a apertando firme em seus braços, ainda com ela suspensa do chão e as pernas entrelaçadas em sua cintura.

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Eu Juro - AyA (Pausada)
Aléatoire"Quebrar o juramento é como negociar a própria honra" E Alfonso Herrera nunca quebrava um juramento. Muito menos quando se tratava de um feito a sua melhor amiga, Anahi Giovanna. Mas agora ele se vai, e terá que manter sua palavra não importa o que...