Estático, olhou novamente a tela do celular para confirmar para quem havia ligado. Na tela ainda estava o nome "João Guilherme Herrera", mas a voz ja não era a mesma.
- Perdão, quem fala? - Questionou já preocupado que algo houvesse acontecido.
- Que isso meu rei, acha mesmo que os texanos falam essas expressões? - Brincou e na mesma hora lembrou-se do amigo.
- Ucker?
- Finalmente - Soltou uma risada - Guilhe está aqui comigo, vai vir buscá-lo agora?
- É, sim, claro - Gaguejou - Me passe o endereço por telefone, detalhado pois não sei andar direito aqui ainda.
Ainda confuso anotou as informações num papel solto por sua mesa e pediu aos gêmeos ajuda com o endereço, descobrindo que não era muito longe dali. Não demorou mais que quinze minutos para chegar ao prédio branco com um bonito jardim na frente. Na recepção já tinha o aviso de que estava subindo e não teve problemas em achar o andar.
Parou na porta ouvindo risadas do lado de dentro, uma era Guilhe, outra era de um homem e outra de uma mulher, com a gargalhada gostosa de ouvir.
Deu duas batidas na porta e os risos cessaram, para segundos depois um homem abrir a porta.
- Meu rei! - Disse alegre com a voz mais grave do que achava que ficaria, levando em consideração a voz suave que tinha antes.
- Ucker, uau - Riu depois do abraço - Você mudou muito, agora sim está com cara de macho.
Observou o amigo concluindo que o tempo lhe fez muito bem. Estava mais alto e forte, tinha a barba da mesma cor do cabelo e sem nenhuma falha, mesmo rala.
O outro Riu e lhe deu um soco no ombro - E você está a mesma coisa de sempre, só com algumas rugas a mais.
Ele deu de ombros e olhou para dentro do apartamento colorido. Guilherme estava parado logo atrás de Christopher com as mãos nos bolsos e uma cara de quem foi pego no flagra.
- Me explique garoto, por que não me ligou para avisar que Ucker estava aqui? - Disse num tom de repreensão enquanto caminhava até ele, afinal, não era certo que andasse por aí sem saber por onde ia.
- Eu não sabia que ele estava aqui também...
- Também? Como não sabia Guilhe? - Questionou confuso e a voz da gargalhada feminina surgiu.
- Não fique bravo Poncho, eu que o chamei aqui - A moça explicou com uma voz mansa que o fez parar instantaneamente e ela continuou - Trocamos algumas mensagens e descobrimos que estávamos todos aqui, então eu disse que o traria aqui. Por favor não fique bravo - Suplicou de uma forma quase angelical.
"Porra!"
Foi tudo o que conseguiu pensar. Olhou incrédulo a moça a sua frente. Os cachos castanho-acobreados até a cintura moldavam o rosto de boneca, acentuado pelos olhos claros e uma boca chamativa. Usava uma blusa preta com uma saia vermelha que deixava boa parte das pernas de fora, os pés estavam descalços, mas havia um par de sapatos altos jogados perto do sofá que supunha ser dela. Era baixa, não devia ter muito mais do que 1,67 por aí.
- Tio, lembra da Anne? - Abraçou ela de lado e reparou que o sobrinho era poucos centímetros mais alto, até que entendeu o apelido.
Anahi.
A olhou mais uma vez, mais encorpada, com cara de mulher de cerca de 20 anos, mesmo que pelas suas contas, tivesse 25.
Deus, como estava irreconhecível...
- Any? - Deu um passo em sua direção e ela deu um sorriso envergonhado, confirmando que era ela.
Não esperou mais e lhe deu um abraço apertado, deixando que o cheiro doce dela invadisse seus pulmões.
- Não está bravo comigo? - Ela perguntou num fio de voz com o rosto enfiado em seu peito.
- Claro que não pequena - E de verdade não estava. Ela era uma criança que havia acabado de rever seu melhor amigo da infância e ele precisava ir subitamente por que a mae sofrera um acidente. Entendia o lado dela.
Mas se não estava bravo, por que seu coração palpitava e suas mãos estavam suadas? Sentia-se tremer por dentro e o cheiro dela estava lhe dando leseira. Por que diabos estava assim se não sentia raiva?
- Me perdoe Poncho, eu não quis ser tão infantil naquele dia - Ele sentiu que ela procurava a barra de sua camisa com a ponta dos dedos, mas a social que usava estava por dentro da calça, o que impedia tal feito.
Ele riu abafado - Faz anos pequena, não se preocupe. Ja passou. - Beijou sua testa, que estava a altura de seu queixo.
- Mesmo assim, eu sinto muito. Era a sua mãe e eu não podia fazer todo aquele escândalo. Não foi certo.
Alfonso deu de ombros ainda encarando a mulher a sua frente. Era quase inacreditável que fosse Anahi. A ouviu chamar seu apelido uma vez, mas ignorou, estava concentrado em analisar a morena a sua frente.
Deus, como isso aconteceu?
Mais uma vez ela o chamou e agora parecia quase constrangida por ser encarada daquela forma.
- Perdão Any, é que realmente você está diferente, sério - Segurou suas mãos e ela deu uma risadinha gostosa.
- Você ainda está com a mesma cara, só com mais barba. E Guilhe está a sua versão mais nova ainda! Mal acreditei quando o vi! - Ela se empolgou tagarelando sobre o garoto e fez todos se sentarem para ouvir sobre seus tempos de babá cuidando dele.
Mas o que mais chamou a atenção de Alfonso foi a distância que ela se sentou, na mesa de centro que parecia forte o suficiente para que ela sentasse, com Christopher sentado no chão aos seus pés e acariciando seu tornozelo, vez ou outra lhe causando cócegas. Tudo isso enquanto estava sentado no sofá de frente para os dois, com Guilherme ao seu lado rindo de algumas partes das histórias.
Tudo bem que aquele era um carinho inocente, que ate mesmo ele fazia em uma amiga ou na mãe quando não estava tentando juntá-lo com alguém.
Mas aquilo o incomodava, a aproximação dos dois a sua frente parecia ser íntima de mais. Seria ciúme por talvez ter perdido o posto de melhor amigo?
Antes que pudesse responder a própria pergunta, a porta se abriu e um rapaz alto e moreno entrou.
- Olha só - Sorriu simpático.
- Chris, venha! - Ela o chamou, recebendo um beijo na testa do recém chegado.
Ele se acomodou ao lado de Alfonso e trocaram algumas palavras como se recordassem o pouquíssimo tempo que passaram juntos. Mas ele estava diferente, quando novo, Christian era loiro e mais animado, chegava correndo e sempre agitado. Agora parecia mais maduro e centrado.
Anahi puxou novamente a atenção de todos para si, era um dom dela, ser o centro das atenções até sem perceber.
O assunto variou das histórias juntos até o sorvete preferido deles e a cerveja do estádio de futebol da cidade.
- Curtem futebol? - Christopher perguntou quando o assunto surgiu.
Alfonso apenas deu de ombros. Não ligava muito para aquele esporte.
- Tem que aprender a gostar meu rei. Você está no Texas, aqui se respira futebol e churrasco.
O comentário arrancou uma gargalhada dos amigos e Anahi lhe apertou as bochechas. Mais um carinho que tirava a atenção de Alfonso.
- Por que não vamos todos ao jogo de sexta? - Ela sugeriu - Nós três já compramos os ingressos, íamos chamar um par de amigos ainda, mas eles furaram então estamos com dois ingressos sobrando, que tal?
- Sim! - Guilherme respondeu animado e Alfonso não teve como se recusar, seria bom para o garoto.
- Na sexta né? - Coçou a nuca, acho que posso sim.
A morena bateu palminhas e ofereceu a todos que ficassem para o jantar. Ela pretendia preparar o risoto que estava morrendo de vontade de comer e todos ali aceitaram. Ela seguiu para a cozinha e os rapazes ficaram na sala com a televisão ligada num canal de filmes.
Christopher acomodou-se no sofá e esticou as pernas até a mesa de centro onde Anahi estava sentada a pouco, enquanto Christian se sentou na cadeira de couro com os pés também na mesinha e os outros dois sentados no sofá da mesma forma que estavam.
Alfonso olhou bem os dois homens, pareciam extremamente confortáveis, como se estivessem em sua própria casa, e isso o fez se questionar qual seria o grau de proximidade dos três.
Guilherme puxou um assunto com os mais velhos e facilmente entreteve todos ali, até ouvirem Anahi chamar por Christopher e o mesmo se levantar seguindo para a cozinha, para depois surgir novamente.
- Todos gostam de queijo gorgonzola né? - Ele perguntou e todos assentiram - ok, por que ela gosta de colocar no risoto.
Christian fez um comentário rápido e engraçado que Alfonso não se preocupou em ouvir.
- Vou lá ver se ela quer ajuda - Disse já em pé até ser chamado por Christopher.
- Eu já fui lá, mas ela não quer ajuda de ninguém.
- Mesmo assim, vai que surge algo - viu o amigo dar de ombros e seguiu para a cozinha.
Não foi difícil encontrar, já que era só passar pela porta mais próxima e encontrar a morena com um rabo de cavalo e mexendo uma panela grande.
- Any, quer ajuda?
- Não Poncho, obrigada. Ucker também perguntou, mas quero todos na sala!
Ele riu - Ande, sou bom na cozinha.
Ela negou mais uma vez com uma careta e ele riu se dando por vencido retornando para o outro cômodo, parando apenas na frente de um móvel que ficava na entrada da sala com fotos e caixas espalhadas.
Nos porta retratos estavam uma foto dela com a falecida irmã quando eram menores, outra com Christian e uma Christopher, uma com quem pareciam ser seus pais e a última era apenas dela com Christopher, ambos pareciam deitados e abraçados.
E se reparasse bem, ele estava sem camisa e ela tinha os cabelos lhe cobrindo o colo, todo, deixando apenas os ombros de fora.
Por Deus, estavam nus?°•°•°•
Alô alô, desculpem a demora, mas sabem como é o retorno das aulas ne, um saco. Estou organizando melhor meus horários e logo consigo estabilizar tudo! Obrigada pelos comentários e estrelinhas pessoal!
🌻SPOILER:
- Poncho, está avoado, o que aconteceu? - Ela o chamou.
- Estou admirando a vista - Sorriu e ela deu uma risadinha com as bochechas coradas.
Céus, era estava linda. Nunca se cansaria de dizer isso, nem que fosse só para si mesmo.

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Eu Juro - AyA (Pausada)
De Todo"Quebrar o juramento é como negociar a própria honra" E Alfonso Herrera nunca quebrava um juramento. Muito menos quando se tratava de um feito a sua melhor amiga, Anahi Giovanna. Mas agora ele se vai, e terá que manter sua palavra não importa o que...