CAP 27 - Tempestade

345 27 0
                                    


Música para acompanhar o cap de hoje: Stand In The Rain.
Obs: As traduções desse cap foram feitas com algumas adaptações.

"Levantei minha cabeça e olhei para ele. Nossos rostos estavam muito próximos, toda aquela agitação interior de poucas horas atrás havia voltado. Meus pensamentos se embaralharam, tudo ficou confuso quando senti seus lábios tocarem os meus calmamente. Um beijo calmo e sutil. Não sabia porque estávamos nos beijando, só sabia que era muito bom"

Um beijo calmo, mas que não fazia nenhum sentido, era bom, mas aquilo era errado, nós éramos apenas amigos e nada mais do que isso. Além disso outras coisas me afligiam, considerando que eu estava beijando outro garoto, sabendo que eu tenho namorado, isso fica caracterizado como traição. E eu odeio traição, repudio qualquer ato parecido, então, um certo sentimento de repulsa tomou conta de mim.

Guh, que já segurava minha camiseta, me puxando pra mais perto dele parecia não se importar. Mas eu sim, então segurei seu braço, tirei da minha camisa e me afastei dele.
- Guh, o que é isso, nós... nós somos... nós somos apenas amigos. - Eu estava muito nervoso e não consegui falar.
- Mas... –antes que ele tentasse se justificar, eu interrompi.
- Mas nada Gustavo, olha, o que aconteceu aqui foi coisa do momento, a gente se confundiu, a gente é só amigo e vai continuar sendo, eu tenho o Caio e você o Leo.
- Eu não tenho nada com o Leo.
- Mas devia, você não namora faz tempo, aí quando fica carente fica assim, beijando qualquer um.
- Como é que é Alex, olha aqui, primeiro que eu não estou carente, segundo que eu não beijo qualquer um, a única pessoa que eu beijei foi você, o que eu não acho que seja qualquer um. E você me ofende falando desse jeito. Eu não namoro porque eu não quero e você sabe disso.
- Isso não importa Gustavo, o que aconteceu aqui não significa nada, você é meu amigo e isso não vai se repetir. É melhor assim.
- Eu não estou entendendo o que você está querendo.
- Eu não quero nada, eu só quero esquecer o que aconteceu aqui.
- Mas porque você quer esquecer? Você não gostou?
- A questão não é que eu tenha gostado ou não, a questão é que você é apenas meu amigo, nada a mais que isso.
Ele abaixou a cabeça, e virou-se para o outro lado. Provavelmente estava magoado comigo, mas era melhor assim. Eu também estava mal, aquele beijo foi algo bom, mas estranho e principalmente, errado. Eu nem sei como explicaria isso para o Caio, se eu tivesse coragem pra contar a ele.
- Vamos embora, eles já devem estar preocupados. - falei.
Ele não expressou reação, apenas levantou e seguiu andando o caminho de volta. Eu o seguia, já estava escuro o suficiente pra gente se perder, mas o Guh conhecia aquela floresta muito bem. Seguindo naquela escuridão calados e já com frio, ouvíamos apenas o som das folhas que balançavam frenéticas por causa do vento forte que anunciava a tempestade que logo chegaria, sim, maldita tempestade. Nós andávamos e andávamos, mas não chegávamos a lugar algum, era como se estivéssemos andando em círculos.
- Gustavo, nós não já passamos por aqui?
Ele parou, e observou o local.
- Mas que droga – disse ele.
- Você sabe mesmo pra onde está indo? – perguntei.
- O que você acha, eu conheço essa floresta.
- Você conhece a floresta de dia, não a noite.
- E qual a diferença?
- A diferença é que você conseguiu fazer a gente se perder, e logo vai começar a chover – Falei irritado, já trovejava forte e caia alguns pingos de agua.
- Eu não mandei você me seguir, você veio porque quis.
- Como é que é? Eu confiei em você, porque você disse que sabia o caminho.
- Eu nunca disse isso.
Eu olhei para ele, uma raiva incontrolável me tomava por completo. Como ele era idiota e conseguia ser tão irritante ao mesmo tempo. Eu tentei me acalmar, e pensar de forma racional.
- Olha é melhor a gente procurar um lugar para ficar, e esperar a tempestade passar, com certeza meus pais e os seus devem estar procurando a gente, então será mais fácil depois da chuva.
- Você pode fazer o que quiser, eu vou para casa.
- Gustavo é perigoso, você não vai conseguir achar o caminho, e tudo vai ficar pior quando começar a chover.
Ele não me ouviu, e começou a andar.
- Se você quiser vir, pode vir, se não, fique aí.
Aaaaaah, se eu pudesse eu matava ele. Com toda certeza se eu fosse com ele seria pior, e só Deus sabe o que poderia acontecer. Mas eu não ia ficar lá naquela floresta sozinho, então o jeito era arriscar.
A chuva veio forte e impiedosa, sem nenhum pudor ela atravessava a nossa proteção, a floresta, e atingia nossa pele com o fervor de uma bala. Os pingos doíam e o frio era intenso. Mas não doíam tanto quanto a dor que afligia minha mente e meu coração, como um dia tão bom poderia acabar de uma forma tão desesperadora assim. Minhas forças foram cessando, eu me concentrava no Gustavo na minha frente, não poderia me perder dele. Começava a sentir meu corpo dormente, minhas pernas tremiam juntamente com meus braços por causa do frio. Minha vista começou a ficar embaçada. Eu não conseguia enxergar direito, via um vulto do Gustavo e flashes de luzes pelo céu, provavelmente eram os relâmpagos. Eu só queria estar na minha casa, na minha cama, me cobrir com meu edredom e dormir tranquilamente, mas aquele pesadelo não acabava nunca. Eu já não conseguia andar, tudo escureceu e eu cai ali mesmo.
- Guh.. – Minha voz saia fraca e rouca.
>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>.
"Ele nunca desacelera
Ele não sabe por que
Mas ele sabe que quando ele está sozinho
Parece que tudo tá se desmoronando

BEST FRIENDS ( romance gay )Onde histórias criam vida. Descubra agora