A ÁRVORE

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Quando criança plantei uma árvore de natal, típica das minhas fantasias...ela cresceu, floresceu, tornou-se adulta!

Hoje ela faz sombra nos dias de sol escaldante, protege-me da chuva torrencial nos dias de tempestades...tive de regar todos os dias – a árvore sobreviveu, assim como o Natal! Em cada galho pendurei retratos – são pessoas peculiares.

Tornou-se uma árvore encantadora, com amplo floral jovial, contendo instantes reais, sonhos, conquistas e amigos...hoje, em cada imagem está retratado um instante sensível, profundo e revelador.

São imagens singulares, onde construí toda minha vida!

Os minúsculos momentos juntos com estas pessoas foram admiráveis, foram suficientes para trazer-me alegria, eliminar os assombros, os rumores fatídicos do dia a dia... elas são especiais, insubstituíveis, inigualáveis, talvez por estarem ao meu lado nos trágicos fracassos da vida, ou simplesmente pela ínfima atenção concedida!

Ressalto, a árvore cresce muito devagar, pessoas peculiares não se encontram facilmente, são pessoas de doce abstração, encantadoras, de perpétua maravilha... saliento, se plantares, ainda criança, a árvore de Natal peculiar, terás tempo para cultivar, colherás os frutos antes do fim da vida!

Se quiseres ser feliz, viva com pessoas peculiares, àquelas que não te esquecem sequer nos momentos de abastança... plante sua árvore num jardim fértil, regue e espere florescer!

Em alguns anos terás uma árvore assim como a minha, repleta de peculiaridades, abundante em lealdade!

Confesso, hoje sou feliz!

Gozei da vida sem pudor, ao lado de pessoas que aprendi a amar... admito - o oásis que criei em minhas fantasias não é perfeito, o tempo perpassa rápido no meu mundo, mas o ciclo da vida é inexorável em qualquer fábula!

Depois do verão sempre chega o outono – trazendo renovação, as folhas caem, voam sem destino, dançam no som de um realejo!

Todo ano o ciclo se repete...derradeiramente varro as folhas descaídas, mas os retratos permanecem intactos, nem as ventanias às derrubam!

Em cada primavera, ansiosamente, espero as folhas nascerem, surpreendentemente, alguns novos galhos sempre surgem, sem que os antigos tenham despencados.

É certo que plantei uma arvore sólida, rígida – Com retratos permanentes! Amigos verdadeiros...

Quando, subitamente, descubro que um retrato desapareceu, choro copiosamente – pois a vida frágil deixou de existir... hoje, meu grande desafio é permitir que a árvore adolesça, que eu consiga inserir mais retratos, sem perder outros!

Sempre que perco um retrato a crisálida que construí torna-se frágil! Neste Natal, quero cultivar minha árvore, deixá-la crescer com avidez, deleitar-me com a beleza estonteante de seus retratos... enfim, se tiver de perder mais um retrato que seja o meu, não quero mais dar adeus, não quero perder nem os ramos fragílimos, os galhos hão de se tornar austeros a ponto de sobreviver a vida!

No último Natal, quando a velhice chegar, quero ser o único retrato a cair...


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* Obra original de 2014, Sorocaba–SP. Obra dedicada aos meus verdadeiros amigos, companheiros e amores, àqueles que sempre estiveram em minha árvore peculiar. Sou grato por estarem comigo nos instantes mais valiosos da minha vida, desde aqueles mais íntimos e profundos aos breves e sutis.

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