Capítulo Doze

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Emma ainda estava perdida em devaneios, viajando nos braços daquele garoto estranho, mas que parecia tão protetor para com ela. Já havia criado milhões de teorias em sua cabeça, tentando explicar um fato que simplesmente não tinha explicação, mas agora havia chegado a uma conclusão: Isaac não pertencia aquele mundo. Ele vinha de outro lugar, um lugar muito mais mágico, encantador e diferente de tudo o que a garota conhecia. E foi assim, pensando em toda essa imensidão que estava à sua frente, além de procurar criar em sua mente a imagem do universo do qual Isaac fazia parte, que Emma viu sua cabeça ficar pesada demais para manter-se em pé, seus olhos fechando quase involuntariamente, e, com o vento batendo em seus cabelos, suas mãos aconchegadas ao peito de Isaac, que parecia tão convidativo naquele momento, ela pôde, finalmente, adormecer.

"Ela estava andando novamente por uma floresta, mas, desta vez, havia uma luz logo à frente. Emma estava inquieta, seu coração pulava do peito incessantemente, suas mãos tremiam, e suas pernas insistiam em não mover-se. Porém, ao mesmo tempo, alguma coisa mais forte do que qualquer instinto de proteção interpelava a mente da menina, fazendo a vontade de ir em busca daquela luz maior do que ela conseguia controlar.

Andando a passos lentos, Emma foi pouco a pouco chegando perto do feixe claro que estava guiando-a, e foi então que percebeu de onde ele vinha: no fundo da mata, quase encoberta por galhos, com uma entrada larga, coberta de musgo e folhas secas, estava uma caverna. Por algum motivo Emma sabia que não devia entrar ali, mas seu corpo, neste momento, parecia totalmente oposto ao instante anterior, e avançava sem nem ao menos a garota precisar comandá-lo. Algo dentro de Emma agitou-se, ela tinha a plena certeza de que entrar naquele lugar mudaria completamente seu destino.

Mergulhada em pensamentos e conflitos, Emma mal se deu conta de quando seus pés ultrapassaram a entrada da caverna. Ela caminhou poucos passos, até deparar-se com uma bifurcação. De um lado, escuridão e silêncio. De outro, vozes agitadas, luzes e gemidos. Emma ficou tentada a dar meia volta e sair dali como se nunca tivesse estado naquele local antes, mas uma força dentro dela a impelia a continuar. Era como se ela precisasse descobrir o que estava acontecendo ali, e Emma sentia que não era por ela mesma que estava fazendo isso.

Decidiu-se, então, pelo lado da luz, e, dali poucos metros, precisou parar e proteger seus olhos de um clarão extremamente forte que chegava do ambiente em frente aonde ela se encontrava. Após alguns segundos buscando visão, a luz aplacou sua fúria, e Emma conseguiu enxergar melhor, apesar de seus olhos ainda estarem doendo devido a claridade excessiva que enfrentaram momentos atrás. Mas o que ela viu, preferia jamais ter presenciado.

Como espectadora impotente e inútil, a garota viu um homem, amarrado a um poste de ferro, fortemente construído e colocado no centro de uma ampla sala, que parecia ornamentada demais para aquele cenário pré-histórico. Várias tochas adornavam o local, dando luz suficiente para Emma vislumbrar criatura horrendas e repugnantes, que pareciam estar em total descontrole. Eles gritavam, urravam e agrediam o homem preso sem nenhuma piedade, ao ponto de Emma várias vezes virar o rosto para não ver aquela covardia.

- Diga logo, homem, onde está a Pedra? – perguntou uma das criaturas, que parecia ser uma espécie de comandante por ali – É apenas isso que queremos, e depois você poderá voltar para sua vidinha medíocre, ao lado de sua filha completamente sem sal! – agora ele tinha se aproximado perigosamente do rosto do homem, que fechara os olhos e tentara virar a face, sem sucesso, porém, visto que o monstro agarrou suas bochechas e o fez olhá-lo nos olhos. – Sabe que não sairá daqui vivo se não nos der a informação que queremos. Eles não são seu povo! Você não tem nenhum tipo de dever para com eles, e não é responsável por nada do que acontecerá os derrotarmos! O que, afinal, você tem de tão valioso a perder?

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