Capítulo 2

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-Se você me proibir de fazer isso eu jogo na Internet todas as merdas dos seus vídeos fodendo as suas amantes.

Acordo sobressaltada com a Camille gritando (não chamo mais ela de mãe).Acho que chorei até pegar no sono.

-Você não pode fazer isso com a vida dela, olha só pra gente, você quer que ela tenha uma vida igual?

-Não Robert, a vida dela não vai ser igual a nossa. Ela tem muita sorte porque logo o velho morre. Já eu tenho que te suportar até hoje.

-Você não tem sentimentos Camille? Ela é sua filha porra,você não sente nada?

-Quer saber a verdade? Não, eu não sinto, eu penso apenas no dinheiro.

-Você me causa repulsa.

Escuto o som de passos na escada e acho que ele vai vir pro meu quarto,puxo novamente a coberta e fecho os olhos fingindo estar dormindo.

-Ei, flor? Eu sei que você está acordada.

Abro um olho de cada vez como aquelas crianças de desenho e vejo meu pai abrir um belo sorriso.

-Você ouviu não foi?

-Não tudo - respondo me sentando na cama e trazendo a coberta comigo.

-Eu não vou deixar isso acontecer filha,que se dane as filmagens.

-Eu não posso prejudicar o senhor pai. Eu sei que eu tenho essa cara de patricinha mimada e realmente, às vezes eu ajo como uma, mas não quando o assunto é o senhor.

-Fico muito orgulhoso que você pense assim filha, mas e aí? Você vai casar com o Jake?

-O que eu posso fazer? a Camille não vai parar até me ver vestida de noiva e com uma aliança na mão.

-Eu sei filha, mas a gente vai dar um jeito.

2 meses depois

E como eu esperava, nem eu nem meu pai conseguimos dar um jeito. Eu iria me casar com aquele velho nojento.

Minha mãe não queria chamar a atenção de ninguém, até porque alguém podia tentar interferir e como moramos em uma cidade pequena, de interior, todo mundo sabia da vida de todo mundo.

Ela contratou um padre que fazia qualquer coisa por dinheiro (acho até que eles trocaram telefones por terem se identificados). Contratou testemunhas e arrumou tudo sozinha. Meu único papel era ficar trancada dentro do quarto chorando,sem fazer nada além de comer já que depois de 2 tentativas frustradas de fuga a Camille resolveu me prender.

Meu único passatempo agora é ler e olhar pela janela onde todas as horas tem trogloditas só esperando uma tentativa minha.

Qualé,isso é cárcere privado.

Camille entra no quarto cacarejando e abrindo as cortinas enquanto durmo,o que me faz acordar assustada.

-Levanta sua inútil, é hoje, hoje é seu casamento.

-Meu deus do céu, quase tive um ataque cardíaco.

-Tá aí uma coisa que não seria tão ruim.

-Quer perder sua pata dos ovos de ouro?

-Cala a boca e anda logo, toma um banho caprichado que eu vou mandar o pessoal vir te arrumar.

Eu não posso contestar, Simplesmente não posso. Nesses últimos meses eu senti uma mudança muito grande em mim. É como se aquela alma de menina travessa não existisse mais,parece que eu perdi toda a minha juventude nesse quarto, que foi substituída por uma alma de velha.

Saio do banho quando meus dedos começam a enrugar e um pensamento que vem me atormentando todos os dias volta a minha cabeça:Eu não sei nada do amor até agora, como vou poder conhece - lo?

A resposta é que simplesmente eu não vou,o príncipe, bonito, rico, com cavalos e palácios que eu fantasiei desde criança não existe. O amor não existe pra mim.

Fico me torturando com esse pensamento enquanto várias pessoas me arrumam de todas as formas e eu fico sem dar um piu.

Quando saio do meu mundo particular percebo que já estamos na porta da igreja e um sentimento total de perda se apossa sobre mim.

Agora já era.

Pai da Anne (Robert) na mídia

Por obrigaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora