Bestiário para iniciantes

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Starbucks, 14:30 - -

Lá estava eu, sentado em uma mesa da cafeteria mais amada do mundo, em um domingo, quando na verdade eu deveria estar deitado na minha cama de mentiras. Talvez eu nunca tenha mesmo mentido para ninguém a não ser para mim mesmo no fundamental quando dizia que gostava de meninas e não de meninos. Porque sejamos sinceros, brinquedos masculinos ganham dos femininos. Mas ontem, após minha primeira mentira, decidi que não é tão ruim assim.

Eu não havia respondido a mensagem, então eu só decidi aparecer. Talvez ele venha e me conte mais sobre o mundo que eu preferiria esquecer. Toda aquela merda de sobrenatural estava me deixando mais doido que o de costume.

Primeiro os sonhos, visões reais dos mesmos e agora a existência de series mitológicos de fantasias de contos de fadas? Ok.Legal.

E lá vinha ele do outro lado da rua, vestindo uma bermuda, all star e moletom da GAP, segurando sua mochila surrada ao lado de seu ombro. Eu não pude deixar de admirar seu estilo largado eu-não-me-importo-com-moda. Era mesmo atraente.

Mas eu não podia deixar transparecer isso quando ele se sentasse comigo.

Ao me ver ele sorri e eu confirmo com a cabeça. O observava entrar pelo Starbucks e penso bastante em todas as perguntas formuladas por mim na noite de sábado. Mas nada mais me tirou o sono que:

– O que queria comigo? – Bombardeio sem pena antes mesmo que ele se sente a minha frente numa cafeteria vazia.

– Boa tarde para você também.

Afasto e encosto-me na cadeira, cruzando os braços, ainda encarando seu rosto cansado.

Ele vê que não serei a primeira pessoa a falar na mesa e toma a posição:

– Bom, você contou o que eu te pedi?

– Tinha escolha? – Estava na defensiva.

Eu não pude evitar ser frio com ele. Não poderia sair do meu posto ou me deixar levar pela minha queda pelas suas GAP's ou pelo seu sorriso perfeito... Talvez pela sua aparência impecável. Não agora. Eu tinha que conseguir as respostas primeiro.

– Bom, eu não podia deixar você mentir para as pessoas que você conhece desde criança sem alguma explicação. – Ele pausa.

Subo uma das sobrancelhas e ele entende aquilo como um: não pedi para parar.

Ele abre sua mochila e dela tira algumas fotos e pastas, que me entrega e nelas tinham mais imagens de meu irmão, saindo em uma das noites apenas com umas correntes no ombro, sorrateiro.

O encaro e não preciso dizer uma só palavra, ele abre logo a sua boca e me responde:

– Que isso? Ta vigiando a minha família?

– Estou vigiando um lobisomem.

– Um o que?

– Um lobisomem – Me ajeito melhor a cadeira e tiro meus óculos escuros, ele respira fundo – Alex, é um lobisomem.

– E onde estão os Vampiros? – Sou sarcástico e ele recua em seu banco. Refaço minha frase – Ele não pode ser um lobisomem.

– E por que não?

– Porque eu o conheço desde pequeno e garanto a você que de Lobisomens eu entendo.

– Ah sim. Lobisomens de Crepúsculo e etc, não? – Ele tem problemas com raiva, não? – Ele continua e eu concordo. Deixando que ele continue a sua teoria – Ele nem sempre foi assim, lembra? A maldição tem que ser ativada... E ele a ativou.

Charmed: Um conto de lua (Encantado 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora