Capítulo III - Apostas, Trapaças e Tempo

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Olho adiante e vejo ela, com o sorriso mais sínico e escancarado que alguém poderia ter. 

— Pensei que você não viria para a festa do Duca — disse ela, se aproximando, com cara de quem sabia que tinha aprontado, mas que não estava nem aí pra isso. 

Raiva, orgulho ferido e sede de vingança, eram os sentimentos que me definiam naquele momento, e o sorriso dela, lindo, porém, irritaante, só aumentava o meu nível raiva.

— Me atrasei um pouco, eu estava me recuperando de uma crise alérgica, e quando penso que me livrei dela, encontro você de novo. Já sinto minhas narinas irritadas. Sua presença está me irritando, sabia?! — comecei. 

— Alergia a mim? — questionou, e franziu a testa, fazendo aparecer aquelas ruguinhas que eu estranhamente sempre achei muito lindas. — Interessante. — prosseguiu ela se aproximando, não mais com um sorriso sínico, mas agora, malicioso.

Atchim!! — fingi um espirro.

Atchim!! — ela também fingiu.

— Desenvolveu uma alergia a mim também? — questionei achando engraçado.

— Não! É minha alergia de sempre, a idiotas. — respondeu ela naturalmente, apontando para mim.

— Muito engraçada você!— virei os olhos. 

— Obrigada, eu sei. É só mais um dos meus charmes. — passou a mão no cabelo e fez cara de exibida.

— Modesta também. Incrível. — Observei e baixei a cabeça, fiquei olhando duas formigas passando em meio aos meus pés, pois elas pareciam mais dignas da minha atenção.

— Pensei que você iria buscar sua roupa, celular e tênis. — disse ela, chamando a minha atenção.

— Pensei em ir, admito, mas tive medo de acabar te matando, então resolvi dar um tempo.— falei. (Eu realmente queria matar ela, e eu sabia bem como fazer isso; cóssegas. Algo que ela odeia mais do que tudo). 

— Previsível essa sua resposta.— disse ela, com o famoso tom: "Sabichona". 

— Aprendi com você. — provoquei.

— Sou ótima professora.— replicou. 

— E lá vai a senhorita modéstia mais uma vez.

— Sempre. — falou  ela apertando minha bochecha e olhando pra mim.

Ela tentava me decifrar com o olhar, como se procurasse entender quem eu havia me tornado. E o engraçado é que eu também questionava quem era aquela nova ela. 

— O que foi? — questionei aquela atitude que me deixou surpreso.

— Você! Está realmente chateado. Isso é novidade vindo de você. Chega a ser bonitinho.

— Não é não! É normal as pessoas se chatearem. Não vem com essas suas observações e deduções absurdas, que só fazem sentido em sua cabeça. — falei e saí em direção ao portão dos fundos da casa de praia do Duca.

Desci pela escada que ligava a traseira da casa, onde fica a área da piscina, com a praia, e fiquei sentado nos últimos degraus.

— Você ainda gosta? — ela perguntou enquanto descia a escada e sentava do meu lado.

— De quê? — perguntei, ainda perdido observando a imensidão azul do oceano diante de mim.

— De olhar o mar.— prosseguiu ela. 

— Não me vejo não gostando de admirar esse infinito frio, salgado e profundo.— respondi, finalmente tirando a minha atenção do mar, e colocando-a no furacão que estava sentado ao meu lado. 

Amizade Preto e BrancoOnde histórias criam vida. Descubra agora