Madrugada.
2:25 da manhã. ~~ celular tocando~~
— Você tem quinze segundos para dizer quem é, e o que é tão importante assim para me ligar uma hora dessas, antes que eu acabe dormindo de novo, ou jogue o celular na parede. — falei ao atender sem ter olhado quem era. (geralmente acordo de bom humor pela manhã, mas me acordar de madrugada, não me deixa nada feliz)
— Gui? — perguntou Samantha com uma voz de choro tão desconhecida por mim que quase não percebo que é ela.
— Sam? O que houve? São 2:26 da madruga. — falei dessa vez olhando para a tela e vendo não só a hora mas também o nome "Sam-Antha", que eu havia colocado há muito tempo atrás para tirar sarro dela.
— A mãe tá passando mal, meu pai tá viajando e o carro dela tá na revisão. Não quero te incomodar, desculpa, é que eu pedi um taxi, mas faz mais de meia hora e ele não chegou. Você pode nos levar até o hospital? — perguntou ela, ainda com a voz de choro e com receio em pedir algo do tipo para mim, as duas e meia da madrugada, depois de tudo que aconteceu no nosso ultimo encontro.
— Gui? Cê tá aí? — perguntou ela novamente e eu continuei sem poder responder naquele momento. — Gui? Se você não pode ir, tudo bem, mas não precisa ficar calado sem dar nenhuma resposta, okay? Eu entendo que você não queira me ver, boa noite, e desculpa o incômodo!— disse ela, pronta para desligar.
Mas antes de fazê-lo, eu tirei o celular do bolso, o qual havia colocado para vestir alguma coisa rápido, e respondi:
— Oi? Sam? Desculpa a demora, eu fui pegar uma camiseta e a chave do carro e tive que deixar o celular no bolso da bermuda, mas já tô a caminho, já sai de casa, chego já aí.— falei, ainda meio sem fôlego, por descer correndo as escadas, e procurar a chave do carro embaixo das almofadas do sofá.
— Sério Gui?— questionou ela, em um tom que eu poderia descifrá-lo como o tom de uma pessoa boba ao achar bonita a atitude da outra e não acreditar que aquilo era verdade verdade.
— Sério! Olha isso; "Piiiiiii" — buzinei, para ela saber que eu realmente já estava à caminho.
— Nossa...Eu...Eu..., não sei o que dizer...Obrigada Gui...— disse ela, meio desconcertada. (admito, achei fofo o tom e o jeito que ela falou)
— Tô chegando em no máximo 15 minutos. Prepara tudo por aí.— falei, e pisei fundo no acelerador.
— Okay, pode deixar! — e ela desligou.
Demorei cerca de 10 minutos para chegar na casa dela. Quando cheguei, ela já estava na porta, me esperando.
— Oi? — disse ela, com um olhar de vergonha, e uma voz baixa, com tom frágil. (Eu podia imaginar que ela era uma boneca de cristal, a ponto de se quebrar)
— Oi!— retribui, com um oi vívido e preocupado. — Onde está a tia Sandra? — questionei, me aproximando, e ambos entramos na casa.
— Não precisava vir tão rápido assim, fiquei preocupada com você, vive acontecendo acidentes na avenida 5 com a Pitangueira, me assustei quando você disse que já estava no carro e pisou fundo no acelerador. — disse ela baixando a cabeça, e tirando a franja da frente do seu olho esquerdo. (ela estava linda, ela sempre está, mas nesse dia era diferente, não entendo como uma pessoa consegue ser radiante, até mesmo quando estar triste e preocupada, mas ela conseguia, ela ainda consegue).
— Ela é sua mãe, então é claro que eu tinha que vir rápido! — falei. — Sem contar que ela faz bolinhos de chuva como nenhuma outra pessoa, nem mesmo a minha vó faz bolinhos de chuva tão bons, então, eu não poderia arriscar a vida da sua mãe.—prossegui, tentando fazer ela sorrir.
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Amizade Preto e Branco
RomansaUm romance disfuncional. Disfuncional: Essa palavra se encaixa perfeitamente na descrição da quase não relação entre Samantha Motta e Guilherme Trindade. Existem pessoas que foram feitas para ficarem juntas para sempre, para se amarem daquela forma...