Capítulo I - Na verdade, a culpa é da Samantha

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Sempre gostei da sexta-feira, não por gostar especificamente do dia em si, mas pelo fato dela ser o início de algo melhor: o final de semana.

Existem dias melhores que o sábado e o domingo para se aventurar? Seja na praia, cachoeira, trilhas e escaladas? Na minha descartável opinião, não! Esses são os dias perfeitos para se viver um grande momento, o qual será uma bela história para se contar no futuro o qual as lembranças felizes serão mais presentes que os arrependimentos. E foi em uma sexta-feira, na Estação 3, lanchonete em que sempre encontrei com os idiotas dos meus amigos, que minha vida resolveu mostrar que o passado pode dá as caras, e se ofertar como uma nova aventura para se viver.

Cheguei na Estação 3, e como de costume, sentei no lugar de sempre, mesa 07, do lado da parede mais estilosa dos estabelecimentos comerciais do centro da cidade. O motivo, é porque ela contém a imagem de uma estação de trem Gare d'Orsay, em Paris, pintada perfeitamente. Não havia assinatura do pintor e nunca pensei em perguntar, mas aquilo me intrigava. De certo era um grande pintor, talvez pouco conhecido, pois a arte não é tão valorizada em nosso país, mas com certeza aquilo era arte pura na mais bela das expressões, feita por alguém muito talentoso. Se tratava de uma gigantesca obra de arte, um maravilhoso quadro sem molduras. O fato de ter a possibilidade de ter sido pintada por uma pessoa invisível, me intrigava. Afinal, as pessoas que a sociedade não enxergam, costumam ser as que mais merecem ser notadas. Vivemos em um mundo visível, onde pessoas invisíveis estão por toda a parte. Não por motivo de não existirem, ou por terem super poderes de se camuflar e sumir, mas por serem ignoradas pelos seus semelhantes e esquecidas.

A lanchonete Estação 3 sempre foi um local agradável. Desde que abrira há 8 anos atrás, se tornou o melhor lugar da cidade para os jovens que procuram um bom lugar para se encontrar com os amigos, fugir do tédio e comer o melhor hambúrguer com maionese especial de toda a cidade. ~~há boatos que o Plankton parou de buscar a receita secreta do Hambúrguer de Siri, e passou a invadir a estação no meio da noite, para tentar roubar a formula secreta da Maionese especial~~

Fiquei esperando alguma das garçonetes me atender, e enquanto era ignorado por todas que passavam pela minha mesa, ~~muitas delas as quais eu já havia tido alguns encontros~~, tentei me distrair depois de perceber que ser ignorado por elas fazia eu me sentir invisível, assim como o pintor da obra ao meu lado, e me peguei checando as notificações no meu celular, no intuito de assim, me distanciar do fato de que ser invisível no mundo real, não é desaparecer, e sim, continuar visível e perceber que você não é importante o suficiente para repararem em você.

15 minutos depois de ter chegado e sentado, ainda com a atenção virada ao meu celular, ouvi passos rápidos se aproximando, e ao desviar o olhar para o chão, vi belas pernas e tênis com estampa de quadrinhos, que me chamaram a atenção. ~~a estampa era do The Flash~~

― O que você vai querer moço? ― Perguntou a garçonete e eu logo reconheci aquela voz.

Ao levantar o rosto, percebi então que quem estava me atendendo era ninguém menos que a senhorita Samantha. ~~ou, para os irritantes como eu; "Sam Anta"~~

Fiquei surpreso ao vê-la com aquele uniforme, que consistia em uma saia amarela, um pouco curta e uma blusa vermelha bem apertada. Mais surpreendente do que ela estar trabalhando em uma lanchonete, era o fato dela estar trabalhando, isso era novidade.

Ela ainda não havia percebido que era eu, pois estava olhando para o bloco de notas e riscando os pedidos entregues anteriormente a vir me atender.

― Não vai responder? ― Perguntou ela finalmente levantando a cabeça e olhando para mim, e foi então que ela também se assustou ao perceber que eu estava ali. ~~Logo eu!~~

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