Um Problema

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Capitulo II

"E se este mundo for o inferno de outro planeta?"

Aldous Huxley



Um som insuportavelmente agudo toma conta de todo galpão. O sol ainda não havia nascido, e os motores estavam começando a funcionar.

Matias acorda sem saber como dormiu, e rapidamente se prepara para a partida colocando o uniforme que lhe fora designado.

O som de alarmes cessa, e ele vai em direção a porta com seus companheiros, onde o capitão os esperava entregando capacetes, e os desejando boa sorte.

Fora do alojamento, outro oficial os guiava até uma escada para um transporte subterrâneo, que levava até a estação de decolagem.

Matias segue as instruções, e dentro do trem, uma mulher lhes dava instruções em voz alta até que chegassem ao seu destino.

_Cada um de vocês possui um bracelete de contato e um capacete que funcionarão como guias durante todo o tempo. Drones sobrevoam a superfície de marte o tempo todo, registrando cada pedaço de terra, que pode ser facilmente acessado por um comando de voz em seus braceletes. – Disse a mulher enquanto todos a olhavam fixamente.

_ O capacete lhes dirá os níveis da presença de elementos químicos presente no ar e solo. E com ele também é possível realizar chamadas remotas com qualquer outro membro da equipe, de acordo com o numero de cada um, que pode ser visto na parte interna de seus dois itens.

Todos a ouviam enquanto ligavam seus braceletes. O nervosismo já não existia mais entre eles, e alguns dos garotos já haviam feito amizades.

_ E quando receberemos uma arma? – Indagou um jovem sentado próximo da mulher. O mesmo que havia começado a confusão dentro do dormitório no dia anterior.

Todos o olham com espanto novamente, mas a mulher logo se vira e o responde:

_ O uso de armas só é permitido pelos recrutas com autorização, logo após passarem pelo teste de treinamento, que será realizado quando chegarem a marte.

E com expressão frustrante, ele acena positivamente com a cabeça.

_ E quando iremos comer? – Pergunta um garoto que sentava ao lado de Matias.

E a mulher surpresa responde:
_ Já estava me esquecendo. Embaixo de cada cadeira há uma caixa de provisões para cada um de vocês, contendo comida e kits médicos, caso haja algo inesperado. Podem usar suas mochilas para guardar tudo.

E então o trem para e as portas se abrem. Pela janela já é possível observar grandes naves, como navios.
Estruturas colossais, e soldados andando de um lado para outro, como em um filme.

_Boa sorte a todos vocês, e não se esqueçam de contar a seus netos como foi viver na terra um dia. – Diz a mulher se despedindo dos recrutas.

Matias sai, e logo no outro trem, ele vê o Capitão Ivan acenando com a mão, e vai até lá junto de seus companheiros.
Ele fica encantado com a vista. Era como se estivesse sonhando. E quando chega perto de seu capitão, ele resmunga em voz baixa:

_ Capitão, o senhor já foi à marte?

_ Não meu filho, mas todos contam historias sobre as grandes construções que já estão sendo erguidas por lá, sob os gigantescos domos que filtram nosso oxigênio para que possamos viver. Os solos adaptados para plantio, e até há rumores sobre grandes florestas que já cresceram por lá. – Diz o capitão enquanto seus olhos brilhavam.

_ Mas enfim, ainda temos um longo caminho a frente, então vamos nos apressar. – Completa ele.

E assim, o pelotão se move em direção a uma sala de esterilização. Andando dispersos atrás do capitão, conversam uns com os outros, maravilhados com o que estão vendo.

_ Por favor, um a um, entrem no corredor assim que a luz verde autorizar. Obrigado – Diz uma voz feminina em um microfone assim que se aproximaram da porta da sala.

Um corredor de cerca de cinco metros, com uma maca quase que na vertical posta no meio, que deslizava até o final. Luzes azuis saíam do teto em direção ao centro.
Parecia uma câmara de tortura.

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