Desespero

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Capitulo VI

"E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança;"

Gênesis 1:26



Com o andar prepotente, ele se aproximava. Junto com ele, vinha o medo. Os dois, estarrecidos e estáticos, não sabiam como reagir.

_Alex, precisa se levantar! Temos que ir! – Gritava Matias desesperadamente enquanto olhava para trás.

Alex então se apoia nos ombros do garoto, e juntos caminham em passos rápidos com a esperança de escapar. 

Logo à frente, a metros de distância, um morro muito íngreme obstruía o caminho, e seu perseguidor vinha logo atrás. 

_ Não há outra forma. Precisamos pular. – Disse Alex olhando para baixo.

Matias então, apenas deixa que seu corpo escorregue ladeira a baixo, junto de Alex.

Eles rolam por alguns segundos. Segundos suficientes para causar bons estragos a suas roupas, e causar alguns ferimentos.

_Você está bem Alex? – Perguntou Matias limpando um pouco de sangue que saía de seu braço.

_Sim, estou. Apenas meu pé me incomoda. Ele está um pouco dolorido. – Responde ele já se levantando. – Mas não podemos parar. Vamos.

Agora estavam em um lugar mais escuro. As árvores estavam em maior quantidade, o que deixava o lugar mais assustador. O silêncio predominava, e era tão claro, que ouviam seus próprios batimentos. Seus passos eram lentos e cuidadosos, e tomava muito cuidado, já que Alex estava machucado.

_Acha que o despistaremos? – Indagou Matias preocupado.

_Torça para que sim.

Suas roupas estavam danificadas e sujas, e eles já estavam chegando a seus limites corporais.

_Precisamos nos defender de alguma forma. – Disse Alex enquanto tentava passar entre duas árvores rentes.

Matias o ajudando responde: 

_ Sim, precisamos, mas não sabemos o que seria suficiente para nossa proteção. Você viu o que ele fez com o capitão e o outro recruta na nave. Não sabemos o quão forte é essa criatura.

Alex para, e olha para Matias com desanimo. Seu corpo cansado se senta sobre o chão rochoso coberto de musgo.

_O que houve Alex? – Pergunta Matias olhando para o amigo.

_Não sobreviveremos por aqui. É inútil tentar adiar nossas mortes. – Responde ele com a voz trêmula.

Matias se senta também, próximo dele, e pega uma garrafa de água na mochila.

_Vamos dar um jeito. Não se preocupe. – Diz ele enquanto tira o capacete.

_Talvez pudéssemos arrumar a nave, mas não sabemos como voltar nela, e também não sabemos se é perigoso.

Matias oferece a água para o seu amigo, que recusa, e quando estava prestes a colocar novamente seu capacete, um som chama a atenção dos dois.

_Ouça, passos! – Resmunga Alex se abaixando e olhando entre um pequeno espaço entre dois troncos.

Lá estava ele. De pele acinzentada, com seus símbolos vermelhos. Era possível ver com clareza suas características dessa distância.

Em suas mãos, três dedos apenas, seguravam uma espécie de espada, de lâmina preta e fosca, que possuía um brilho incrível em seu fio. Em suas costas uma enorme lança, com a sua lâmina idêntica a da espada.
Em seu saiote, uma linda faca. A que o capitão achara perto da nave antes de morrer.
Junto a ela, uma espécie de besta.

Seu andar era calmo e suave. Seus olhos eram profundos, e inteiramente brancos. Ele era visivelmente bem maior que um ser humano. Não possuía orelhas, apenas orifícios, mas parecia ter uma audição muito sensível.

De repente, a criatura para, abaixa-se, e repousa uma de suas mãos ao solo, onde os dois haviam passado há pouco.

Um calafrio toma conta de Matias, e suas mãos trêmulas vão até seu bolso, onde guardava o colar.

Como um caçador, o ser se levanta. E olha na direção dos dois.

_Vamos Alex, ele está vindo pra cá! – Sussurra Matias enquanto se esgueira com cuidado para o meio das árvores. Seu amigo faz o mesmo.

O som de passos volta. Ele estava vindo, com seu mórbido caminhar. Pé por pé, os barulhos causados por ele, significavam para os dois viajantes, o mesmo que uma sentença de morte.

_ Mais rápido, veja aquela pedra. Podemos nos esconder atrás dela. – Diz Matias apontando uma enorme rocha com uma fissura, parecida com a de uma caverna.

A criatura se encontrava entre os dois troncos, que por sinal, eram pequenos para seu tamanho, obrigando-o a dar uma pequena volta pelas arvores, o que deu um pouco mais de tempo para os dois.

Matias e Alex já se encontravam dentro da fissura da rocha, e seus batimentos cardíacos estavam acelerados. 

Os passos voltam a assustá-los, porém, mais distantes, mas isso não diminuía o pavor estampado no rosto dos dois. 

O clima estava mudando, e algumas gotas começaram a cair sobre o local. Não era possível enxergar o céu por conta da copa das grandes árvores, porém, era possível sentir que uma grande chuva se aproximava.

_Parece que está chovendo. Isso vai nos ajudar. – Sussurrou Alex enquanto tentava limpar um pouco de sangue que saía de uma de suas pernas.

Os pingos caíam com intervalos longos, e seus sons se misturavam aos sons dos passos.

_Olhe isso... – Diz Alex levantando manga de sua camisa.

Uma tatuagem de um bebê, com um sorriso incrivelmente suave.

_Esse é meu filho. Ele morreu sem completar um ano... – Continua ele com lágrimas nos olhos.

_ Sinto muito. – Resmunga Matias enquanto tentava espiar para fora.
A alguns metros dali, eis que ele aparece novamente. As gotas de chuva molhavam sua pele pálida, e seu semblante aterrorizante permanecia o mesmo.
Andava devagar olhando sempre para frente, mas prestando a atenção aos rastros deixados por qualquer coisa que pudesse se mover por ali.

Por um instante ele para e olha para o céu, e depois de poucos segundos, começa a andar em direção ao esconderijo dos dois.

Matias sente um calafrio percorrendo seu corpo novamente, e tenta adentrar mais a fissura, a fim de que não seja visto.

Antes que se pudesse imaginar, os pés da criatura estavam frente à fissura.

A morte nunca estivera tão próxima. Mas isso durara pouco.

Os pés que por algum tempo repousaram frente à rocha agora se retiravam rapidamente, como se estivesse assustado com algo.

_Pensei que fossemos morrer. – Resmunga Matias aliviado.

_Mas não fazemos ideia do que pode ter o assustado. – Responde Alex

Nada mais se ouvia alem do barulho da chuva. Os passos haviam cessado, e era a chance de escapar.

_Eu vou, precisamos nos certificar de que nada esta lá fora. – Resmunga Alex respirando fundo.

_ Boa sorte lá fora. – Responde Matias apertando a mão de seu amigo.

Alex se levanta, e com dificuldade sai da fissura. Suas mãos tremiam, e ele andava devagar, e com dificuldade devido aos machucados.

Depois de alguns passos ele se vira na direção de seu companheiro, e acena com as mãos, mas antes que Matias pudesse se levantar, um soco muito forte atinge Alex no rosto. Seu capacete se faz em pedaços, e ele é jogado a certa distância.

A criatura caminha na direção dele, enquanto ele se arrasta pelo chão.

Matias observa tudo sem poder fazer nada, e seu sangue ferve, enquanto friamente o monstro pisa na perna de Alex com violência, fazendo um de seus ossos ficar a mostra, enquanto o grito de dor ecoa pela floresta.

Desesperado, e sem saber o que fazer, Matias corre na direção do amigo, mas com um golpe, é jogado para longe.

Retirando a espada da cintura, a criatura segura Alex, pisando em seu peito, e com um golpe, ele escreve o destino do piloto, pintando o chão de vermelho com seu sangue. Sua cabeça, logo acima da boca, fora arrancada, e Matias, estático observava tudo.

Então, jogando o corpo sobre seu ombro, aquela forma de vida horrenda e cruel, caminha em direção a floresta.
_Matias, acorde, como você esta? – Alex bate em seu rosto.

Matias acorda assustado, com o rosto pálido e lagrimas nos olhos.

_ O que houve? Você? Você esta bem Alex? – Pergunta ele tocando desesperadamente o rosto do amigo.

_O que aconteceu? Você parece nervoso. Depois que caiu, você apagou por cerca de dez minutos. – Diz Alex acalmando seu companheiro.

Matias então, olhando em volta, responde:

_Nada. Mais um daqueles meus sonhos.

E olhando em direção ao topo do morro onde haviam despencado Matias nota algo os observava imóvel, e com olhar profundo e pele acinzentada.


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⏰ Última atualização: Mar 05, 2016 ⏰

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