O desconhecido

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Capitulo V



"Tornou-se chocantemente óbvio que a nossa tecnologia excedeu a nossa humanidade."

Albert Einstein



_Precisamos comer, e descansar. – Dizia Matias com as mãos dispostas sobre seu estomago.

_Ainda não sabemos se podemos retirar nossos capacetes aqui. Dependemos dos nossos filtros de oxigênio neles.

O tempo estava mudando, e o céu estava ficando iluminado. O horizonte quase não era visível por conta da distância, e ambos já estavam exaustos. O calor do chão rochoso os fazia sofrer.

_Espere um pouco. – Diz Alex parando e pegando sua mochila.
_Você tem quantas garrafas de água, e o que tem de comer? – Continua ele.

Matias então pega sua mochila e a revira para conferir. 

_ Tenho quatro garrafas e cerca de trinta barras de proteína. E você? 

Alex preocupado tira de sua mochila três garrafas de água e uma caixa contendo algumas outras barras de proteína, e mostra à Matias.

_Ok, acho que vamos ter de economizar. – Resmunga ele desanimado.

A nave já não estava mais visível por conta da distância, e suas botas especiais já estavam se desgastando pela temperatura do solo, que mudara muito rapidamente.

_Não sabemos quanto tempo nós temos. Melhor continuar – Disse Alex com a voz desanimada pelo cansaço enquanto juntava suas coisas.

Ambos já estavam exaustos, e apresentavam sinais de desidratação. Em seus capacetes, o detector apontava quarenta e seis graus de calor, e isso tornava a viagem cada vez pior.

_Está bem, vou tentar tirar o capacete. É melhor nos arriscar, do que morrermos de desidratação. – Resmungou Matias parando no caminho.
Suas mãos tremiam, e o nervosismo aparecera novamente.

Alex o olha com preocupação, e ele retira o capacete lentamente. O ar quente lhe bate no pescoço, e causa calafrios.
E depois de alguns segundos, lá estava ele.

_O ar daqui é mais rarefeito, sinto dificuldade em respirar, mas é algo suportável durante alguns minutos, penso eu. – Resmunga Matias com tom de satisfação.

Ele retira de sua mochila a garrafa de água e alguns cereais, e Alex faz o mesmo.

_ Pensei que não fosse sobreviver garoto. – Diz Alex retirando seu capacete. 

Matias então olha para horizonte, e com dificuldade avista algo diferente. 

_O que é aquilo Alex? – Pergunta ele forçando a vista. – Podemos chegar até lá para tentarmos descansar.

Assim, ele coloca novamente seu capacete, aguarda por Alex, e depois de alguns minutos saem dali.

O tipo de solo muda conforme andam, e agora, sobre as rochas havia musgo amarelado, em alguns pontos, até uma tonalidade fraca de verde. Já era possível ver algo que se parecia com árvores, porém, gigantescas, e com o topo esbranquiçado.

A alegria toma conta deles, que apertam o passo. Quanto antes chegasse, mais fácil seria para descansarem em um lugar que não fosse campo aberto.

O local cada vez mais próximo surpreende. Era como numa tela pintada a mão, e até parecia a terra. Troncos enormes, que precisariam de três homens para abraçá-los, se estendiam a mais de 30 metros de altura. Havia muitas delas, o que tornava o lugar mais escuro, e abafado.

_ Olhe para isso garoto! Não é magnífico? – Diz Alex feliz enquanto desviava das enormes raízes que saíam do chão.

E eles adentravam cada vez mais a mata, que ficava cada vez mais densa.
Sons diferentes já podiam ser ouvidos, inclusive um barulho que mais parecia um grito, ecoando em meio as árvores.

Os dois param por um segundo, e observam qualquer movimento a sua volta, e logo acima deles um par de asas, que abertas deveriam medir cerca de 8 metros, sobrevoava as arvores, no mesmo sentido em que estavam indo.

_Você viu aquilo? – Indaga Matias estático.

_Vamos continuar. – Responde Alex surpreso com que havia visto.

O cansaço de seus corpos estava se tornando o seu maior obstáculo. Suas pernas doíam, e seus passos eram pesados. Surpreendentemente, ainda estavam andando.

As roupas especiais já estavam sujas e malcheirosas. O preto emborrachado mostrava traços de dificuldade estampado em forma de sujeira, e sangue de seus companheiros perdidos.

_Já não aguento mais. Meus olhos não conseguem mais se manterem abertos. – Resmungou Matias se sentando sobre uma enorme raiz que cruzava seu caminho.

Alex para e o observa. Era visível que a exaustão estava presente ali. E então ele também resolve se sentar.

_ Vamos tentar nos acomodar aqui, próximos a estas raízes. Acho que seria seguro que revezássemos – Diz Alex olhando para o céu. – Pode dormir, fico vigiando primeiro.

Matias concorda com a cabeça, e se deita ao lado da raiz onde outrora estava sentado. O silêncio entre as árvores era assustador. Os troncos das árvores se tornavam mortais labirintos para a mente humana.

As pálpebras de Alex também pesavam, mas ele resistia.
Seus pés estavam trêmulos, e ele recaía em pequenos cochilos sem mesmo perceber. Sua visão escurecia, e seu corpo não respondia mais como antes. Ele acaba cochilando também.


***


_Alex, acorda, precisamos sair daqui! – Dizia Matias desesperadamente enquanto chacoalhava o amigo no chão.

_O que houve?! – Alex acorda assustado, e algo o faz paralisar.

Nas árvores em sua volta, grudados em seus troncos, seres com patas como de aranhas, desciam em sua direção. Eram muitos, e sua coloração acinzentada os fazia desaparecer em meio a paisagem.

_Droga, temos que correr. – Alex se levanta com a ajuda de Matias, e correm sem direção.

Dezenas de criaturas saltam das árvores em volta. Eram maiores do que aparentavam ser, e se locomoviam em perfeita harmonia com as imperfeições do solo.

Os dois corriam desnorteados, esperando se livrar dessas horrendas coisas que os perseguiam, mas não eram ágeis e rápidos como elas.

_ O que são essas coisas? – Pergunta Matias ofegante enquanto corre.

_Não faço ideia. Acabei dormin....

Com um salto certeiro, uma criatura leva Alex ao chão. Matias desesperado a chuta, mas em vão, e as outras se aproximam velozmente.
A coisa sobre Alex parecia se transformar. De um orifício frontal, saía uma espécie de ferrão, ou algo do tipo, que se aproximava da nuca de Alex, que não consegue se levantar. Algo ácido pinga em suas costas, vindas do ferrão, atravessando a roupa especial, e isso o faz gritar de dor.

Matias então procura no chão por algo para usar em seu favor, mas antes que pudesse se levantar, algo atinge violentamente a criatura nas costas de seu companheiro. O corpo da criatura cai ao chão, tendo espasmos, enquanto uma fumaça sai do buraco feito por algo que parecia ser uma flecha, ou dardo. 

Uma a uma, as criaturas eram atingidas por esses dardos, e as que sobravam corriam desesperadamente, a fim de se manterem vivas. 

Alex se levanta com dificuldade, e suas costas sangravam no local onde fora ferido pelo ácido.

_Temos que ir rápido, antes que algo pior aconteça! – Gritava Matias desesperado procurando o local de onde os dardos poderiam de vindo.

Barulhos ecoam entre as árvores. Algo como alguém caminhando. 

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