- Capítulo Dez -

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MALCOLM APLIN

Sharon não sabia como, mas já estava no meio do corredor da casa, só de pijama, enquanto se dirigia para a escadaria.

- Ei, você ouviu algo do que eu disse? - perguntou Alaric andando ao lado dela.

Na verdade ela não tinha ouvido quase nada. Depois de um certo tempo, todas as palavras se perderam no meio da frase, se tornando algo longe e desconexo. A única coisa que ela ainda conseguia ouvir era: " Sua mãe está viva." soando várias vezes em sua cabeça, se repetindo sem cessar. Então, em um segundo ela estava sentada sobre a cama e no segundo seguinte estava atravessando o quarto, passando por Alaric, e agora se encontrava descendo as escadas. Nem sabia exatamente o que estava fazendo, no entanto, era como se suas pernas tivessem ativado o modo piloto, enquanto seu cérebro ainda tentava processar tudo.

- Pelo Anjo, o que está acontecendo? - perguntou Benjamin aparecendo na sala, um pouco à frente de Sharon.

Seus cabelos estavam desgrenhados, a blusa branca amarrotada, usava uma calça moletom xadrez; roxo, azul e com linhas finas amarelas, e estava descalço.

- Segura ela! Não deixe ela passar de jeito algum. - disse Alaric, e em um piscar de olhos Benjamin já estava em frente a Sharon, formando uma barreira entre ela e a porta.

- Saía da minha frente, ou juro que vou te derrubar. - Sharon o encarou.

- O quê aconteceu? - ele perguntou estreitando os olhos.

- Ela quer sair, acho que quer ir atrás da mãe dela! - disse Alaric, exasperado.

- De pijama? - Benjamin parecia confuso, mas ao mesmo tempo sorriu.

- Ora, eu digo que a garota tem um surto e quer ir atrás da mãe sozinha, a essa hora da noite, e você só pergunta se ela vai de pijama? Qual o problema com vocês? - ele perguntou, jogando as mãos para cima.

- Eu vou atrás dela sim, e ninguém vai me impedir. Nem mesmo você, Ben.

- Mas eu vou!

Sharon virou e viu Thomas parado ao lado da escada, com os braços cruzados sobre o tórax. Usava um pijama cinza; blusa e calça, e também estava descalço. Na verdade, ela também estava descalça.

- Nem que para isso eu precise sentar em cima de você. - continuou Thomas, enquanto se aproximava.

- Até que enfim, alguém com um pouco de juízo por aqui. - disse Alaric.

- Eu não deixei ela passar, deixei? - protestou Benjamin.

- Ah, que seja! - Sharon deu de ombros, e foi até o sofá se jogando sobre ele. - Mas vocês sabem que não podem me prender aqui para sempre, não é?

- Não para sempre, mas até esse desejo insano e essa loucura repentina passar. - argumentou Thomas. - Afinal de contas, o quê você achou? Que ficaria sabendo sobre sua mãe e sairia correndo para salvá-la sem nem ao menos saber onde ela está? E Alaric não tem totalmente certeza do que ouviu.

Sharon não tinha pensado muito sobre isso, só se viu saindo e querendo procurar pela mãe, mesmo sem saber de seu paradeiro, mesmo sem saber se era realmente verdade que ela estava viva. Mas ela iria achá-la, nem que para isso, precisasse revirar os quatro cantos da Terra, nem que isso fosse a última coisa que ela fizesse. Até uns minutos antes nem sabia que existia a possibilidade de sua mãe estar viva, mas agora que tinha uma chance, uma mínima chance, se sentia um pouco... ela nem sabia como se sentia.

- Mas se fosse você, se fosse sua mãe. Você iria atrás e sei que subiria aos céus e desceria ao inferno se fosse preciso. Então não venha querer dizer o que devo ou não fazer, ok?! - ela cruzou os braços.

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