EPÍLOGO
O dia estava agradável, o céu límpido e sem nuvens. Sharon se encontrava no quarto, sentada sobre a cama, olhando para sua mala sobre o chão, quase pronta. Olhou ao redor; tinha ficado naquele quarto por tanto tempo, que tinha se esquecido que não era seu. Fechou os olhos, respirando fundo. Já havia passado quatro dias, desde a morte de sua mãe, e ela ainda continuava tendo aquele mesmo pesadelo. Sua mãe caindo da torre de braços abertos, o vestido cheio de sangue. Sempre acordava antes dela atingir o chão, suada e com frio. No dia em que aconteceu, ela se afastou de todos e foi para longe, parando no meio do caminho, se encostando sobre uma árvore e vomitando em seguida. Depois ficou ali, parada sem saber o que fazer. Não conseguia acreditar que havia encontrado sua mãe e no mesmo dia ela havia morrido. Nem tinha dado tempo de lhe dizer tudo o que ela queria dizer, nem de perguntar coisas que queria saber. Não a veria nunca mais, e tudo por causa de William. Sharon achou que não fosse possível odiar tanto uma pessoa, mas naquele momento o odiou, e sabia que não descansaria até encontrá-lo e matá-lo. Mais tarde, Blair havia aparecido para buscá-la, dizendo que Alaric já tinha feito o portal e eles iriam embora. Em momento algum ela tocou no assunto sobre o que aconteceu, e era isso que Sharon mais gostava em Blair. Ela dava espaço para a pessoa; Blair sabia que quando ela estivesse pronta para falar, ela falaria, Blair não iria forçar. Talvez também foi por isso que os quatro dias só deixou que Blair se aproximasse, porque ela era a única que iria se aproximar sem querer fazer perguntas ou demonstrar compaixão. No dia seguinte tinha sido o enterro, este foi mais difícil. Foi um enterro de Nephilim, e não mundano. Onde eles enrolam o corpo sobre uma manta branca, põe sobre uma cama de madeira rodeada de flores, e queimam o corpo, até virar cinzas depois as jogam sobre o rio. Para a surpresa de Sharon, estava cheio de Nephilim, nenhum que ela conhecesse; Malcolm também estava lá, mas um pouco distante, parecia não querer ser notado. Sharon só conseguiu assistir ao funeral, onde as pessoas fizeram discursos sobre como Elizabeth foi uma pessoa boa e amada, em como faria falta. Perguntaram a ela se queria dizer algumas palavras, mas o quê iria dizer? Não a conheceu como Laszlo, como Helena ou até mesmo como Malcolm e Alaric. Não tinha nada o que falar. Assim que o corpo de Elizabeth foi levado para ser queimado, ela se afastou e foi para casa. Depois disso, vinha evitando se encontrar com as pessoas. Sempre comia depois que todos já haviam comido, quando sentia fome é claro. E sempre evitava ficar onde qualquer um da casa estivesse, exceto Blair e as vezes Benjamin, que puxou, discretamente, assunto com ela cinco vezes, mas nada que envolvesse sua perda. Também tinha se encontrado com Thomas ocasionalmente duas vezes, e nas duas vezes, tanto ele quando ela ficaram desconfortáveis. Então hoje, assim que ela acordou, Helena apareceu ali, dizendo que elas iriam para casa. Achou que ficaria feliz em ouvir isso, pois não existia coisa melhor do que o conforto da própria casa, mas uma parte sua, secretamente, ficou triste. A verdade era que ela não queria ir embora, queria ficar ali, com eles. Tinha se acostumado com aquele entra e sai de pessoas pela casa, a bagunça e disputa por comida, se acostumado até as piadas idiotas de Thomas e ao jeito mandão de Melissa e as conversas ao por do sol com Benjamin. Como seria sem tudo isso? Sem aquele barulho constante? Queria pedir para sua tia deixar ela ficar ali, mas Helena também ficaria? E ela já havia abusado muito da boa vontade de Laszlo, talvez eles quisessem que ela fosse embora para terem um pouco de paz. Aliás, Laszlo tinha sido refém de William por culpa dela. Ela se sentia mal por isso, ainda não tinha conversado com ele para lhe agradecer por tudo que havia feito por ela. Ela também reparou que ninguém tocava no assunto sobre o que aconteceu com ela na Bélgica. Talvez eles podiam até comentar, mas não quando ela estava por perto. Sharon também não tocou no assunto com Blair, Benjamin ou Helena. Ela ainda estava tendo dificuldades para aceitar aquilo, para acreditar que era verdade. Ela tinha algum tipo de poder incomum, que não entendia, e não sabia muito a respeito já que o Anjo havia sido bastante vago na explicação. Ela também tinha muitas perguntas para ele, achou que algumas poderiam ser respondidas por Elizabeth, mas agora não mais. O que também a fez pensar no que aconteceria se os outros Nephilins ficassem sabendo do que ela era capaz de fazer. Será que a achariam um monstro e a matariam? Ao que parecia, ninguém tinha falado a respeito do que sabiam - nem mesmo os Nephilins que estavam com William - para o Ministério ou a Corte, pois ninguém a tinha chamado para depor. Não a respeito disso. Eles a tinham chamado, assim como chamaram os outros, para que ela relatasse o que havia acontecido em Château Miranda. Sobre William, a traição de Matthew e a morte de Elizabeth. Mas Helena pediu para que o interrogatório fosse adiado, em vista que Elizabeth tinha morrido, e Sharon se mostrava indisposta e não muito receptiva. Já Laszlo, não parava de ser levado a Diamantina, cidade dos Nephilim, onde ficava a Sede do Ministério e a Corte, para depor sobre tudo. Benjamin, Helena, Thomas, Melissa e até Alaric e Blair haviam ido uma vez, para contar suas versões. Blair contou a Sharon que, por incrível que pareça, foram de carruagem. Não conseguiu ver muito de Diamantina, pois as cortinas da carruagem foram fechadas. Mas o pouco que viu a surpreendeu. Descreveu o lugar onde o Ministério fica, como um castelo todo de vidro, com o chão espelhado, as paredes translucidas como cristal. A cidadela com muitas casas, até onde pôde ver, como casas de campo. Um chafariz em frente o "castelo", onde a estátua de um anjo se erguia em mais de dois metros e pouco, segurando uma espada, e água saia dos seus olhos. Sharon se sentiu tentada a ir depor, para olhar a cidade, mas achou melhor não.
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Mundo Imortal. O Lado Oculto!
FantasySharon, vive uma vida calma e comum em Seattle, até conhecer um grupo de jovens, que são novos na cidade. Daí em diante sua vida mudará rapidamente, e a garota descubrirá coisas que nunca imaginou existir. Coisas sobre a própria vida, que ela mesmo...