Forçando minha minhas pernas, contra a vontade, a rumar para o covil dos lobisomens, cheguei um pouco após o horário combinado. Lógico que foi um atraso cem por cento proposital. Odiava ter de ir a um lugar como aquele: imundo, dono de uma mistura de odores insuportáveis. Não me admirava que aquele fosse a toca dos lobisomens no submundo, era ideal para aqueles animais. Só que, para meu desagrado, era o único lugar onde eu poderia me reunir com o alfa da matilha, aquele que deveria manter o local em ordem, mas não o fazia por puro desleixo.
—Você demorou, meu amigo. — Magnus me interceptou assim que entrei no limite de sua visão, apesar de ele já ter farejado minha presença a quilômetros —Já estava perdendo a minha pouca paciência.
Magnus Van Helsing era um homem alto e robusto, sua pele possuía um tom bronzeado e seus olhos eram de um castanho intenso. Mas, apesar de ser um lobo desleixado com seu habitat, sua apresentação pessoal estava em regra. Seus cabelos negros estavam muito bem cortados, sua barba feita e sua vestimenta impecável. Vendo-o daquela maneira me fazia esquecer como era seu lar. Acho que ser um alfa exigia uma boa aparência e reputação, para alimentar seu posto de pegador ativo. Ou, talvez, seria o peso do nome que ele carregava e exibia como um troféu, herdado de seu falecido pai. Sim, ele era filho do próprio Van Helsing, o grande caçador de monstros. Embora, quem realmente conhece a historia verdadeira, sabe que esse título era uma grande fachada. Van Helsing na verdade era um protetor dos seres do submundo, um dos fundadores daquele lugar.
—Se sua residência fosse um local mais convidativo, eu teria me esforçado um pouco mais e chegado mais cedo. — respondi, olhando com nojo para o recinto a nossa volta.
—Vieste para criticar minha casa ou para tratarmos de negócios? — Magnus fechou sua expressão em uma carranca.
—Você sabe muito bem a que vim. Então, vamos para um espaço mais confortável?! — cruzei os braços e arqueei uma sobrancelha.
Magnus acenou para que eu o seguisse, então adentramos na toca dos lobisomens. Nos dirigimos até uma grande porta de mogno preto, com detalhes avermelhados. Ele abriu as portas e ficou se tornara notável a diferença de ambiente do alfa e de seus capangas de maior confiança. As paredes eram de um vermelho vivo e, cobrindo todo o chão, havia um enorme tapete preto e felpudo. Haviam também várias almofadas e travesseiros no chão, além de mesas circulares, com cadeiras, e um bar particular muito bem elaborado. O local estava mais para um salão de festas carnais do que um escritório, mas era melhor do que o esgoto fedorento. Seguimos até uma das muitas mesas circulares, onde Magnus sentou-se e indicou para que eu fizesse o mesmo.
—Deseja tomar alguma bebida?
—Não, obrigado! — me sentei confortavelmente.
—Me diga para o que vieste então. — Magnus cruzou os braços e pôs os pés sobre a mesa, relaxado.
—Acredito que devas conhecer os "grandes guardiões"?! — ironizei, com irritação na voz.
—E o que eles tem a ver com a nossa conversa? — o alfa arqueou uma sobrancelha, despertara a sua curiosidade enfim.
—Planejo iniciar uma pequena guerra contra aqueles intrometidos, e gostaria de contar com a ajuda de sua alcateia. Poderíamos nos livrar de um inimigo bem incomodo, tanto para mim quanto para você e seu povo.
—E por que você acha que irei concordar com essa loucura? — Magnus sentou-se ereto, me encarando de modo desafiador -Eu não tenho nada contra eles, desde que não se metam no submundo.
—Ah, então deve ser adorável viver se escondendo como bixinhos acuados, tendo que viver com sobras e sem poder ter o gostinho que a liberdade tem a oferecer. E isso tudo por causa de alguns pequenos empecilhos. — debochei, provocando seu instinto de alfa —Não séria ótimo poder reinar em um mundo cheio de humanos patéticos e fracos, dispostos a cumprir todas as suas vontades e desejos? — lancei minha grande cartada, na intensão de persuadi-lo.
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Batalha de Dois Mundos - Livro II (Revisão)
FanficCom a chegada da missão anual de Halloween, os guardiões vêem os seus dias de paz decerem pelo cano. Pois enquanto o bem existir, o mal nunca desistirá ou desaparecerá. Breu volta a atacar, e dessa vez ele não retorna sozinho. Seres de outra dimensã...